terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

TRAVESSIA

 


Quando estamos à deriva, sem bússola, buscamos uma forma qualquer de não naufragar. Nestas horas, nossa esperança é que, do nada, outro barco surja para nos resgatar. Nestes momentos, todos os sonhos, possíveis ou impossíveis, povoam nossas mentes, e tendemos a acreditar em soluções estrambólicas. São momentos de cautela porquê podemos acabar optando pelo arriscado, pegando  outra embarcação avariada.

Difícil, então, buscar as saídas possíveis, dentro de nós mesmos, enfrentar os múltiplos questionamentos, a insegurança, os traumas, e ter a calma necessária para definir ações e caminhos. Entretanto, são, nestes momentos, de questionamentos intensos, da total falta de respostas definitivas,  que nosso eu grita mais forte, tentando se reencontrar, e definir o que realmente quer, qual sua necessidade maior, e como deve agir. 

É tempo  de  contemplação, de espera, que tudo que foi plantado possa voltar a florescer, que novo ânimo, novos desejos, novos impulsos orientem a caminhada. Toda a precipitação será negativa, todo o impulso precisa ser retido até estar, novamente inteiro, e não mais dividido, perdido.

As marés vão estar, sempre, se alternando. Vamos, novamente, enfrentar as cheias, as rasas, as incontroláveis e destruidoras, que vem devastando tudo, e os períodos de total calmaria. Há que buscar em nosso âmago, a confiança em nós mesmos, e a certeza que podemos e vamos conseguir atravessar estes períodos, da melhor forma possível. Haverá consequências, danos ao casco, e talvez a nossa integridade, mas  terão valido a pena se, durante estas "travessias,"  nos conheçamos melhor, cresçamos e nos tornemos uma versão melhorada do nosso ser. 


" Navegar é preciso; viver não é preciso." Fernando Pessoa


Cida Guimarães
27/02/2024




segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

" The Leisure Seekers"

 







                                         
Wow, que filme lindo! Tocante, emocionante!  Te leva do riso ao choro, da surpresa, e até  choque, incredulidade à introspecção,  reflexão profunda, indagações.  Como me sinto diante desta realidade? 

Há cenas/ situações com as quais me identifiquei profundamente. Foram muito parecidas, quase vivenciadas. 
Me reconheci em determinadas situações, falas. Qual o sentimento?  Meu Deus, as reações são similares por serem tão humanas!

O filme é  "The Leisure Seekers" na Netflix, com o Donald Sutherland e a Helen Mirren. Maravilhosos em suas atuações, nos levam do  choque, questionamento ao riso e às lágrimas.

 Gente,  como já falei, o filme me fez reviver emoções. Como lidar com nossa impotência  frente  ao sofrimento e inadequações de um ser amado? às situações da vida?
  O incrível  é você  estar velho, cronologicamente e, talvez, no filme, fisiologicamente, mas se sentindo jovem, pleno de sonhos, com as mesmas necessidades emocionais de sua juventude, e constatar que você está no fim da linha, que seu futuro, se houver, é ficar em uma casa de repouso, ou submetido a um tratamento horrível e ineficaz.
Não vou contar toda a história porquê, realmente, vale a pena assistir, principalmente, se você já passou dos 60, ou teve parentes, com doenças terminais, ou com Alzheimer.

O filme leva a um questionamento e a um repensar da velhice. Afinal aos olhos de muitos, os velhos já não têm direito a sonhos, ao amor, e principalmente a serem os responsáveis por suas vidas. 
Será que não podem viver, como lhes aprouver? Será que não podem fazer suas próprias escolhas  já que ainda estão vivos, têm seus sonhos e necessidades próprias, e não podem ser meramente reduzidos a "coitadinhos, estão tão velhinhos"?  Ou será que temos que controlá-los, restringir suas  vontades e sermos os árbitros, decidindo por eles, como devem terminar seus dias ?

 Acredito que vale a pena usar de nossa empatia, colocando-nos em seu lugar, e estabelecendo que final de vida iríamos querer para nós.  Afinal, morrer todos nós vamos, de uma maneira ou outra; então, melhor deixar que cada um tenha o fim que desejar, e que este seja  com dignidade e felicidade.

Além desta temática, o filme é um hino ao amor, sem idade, sem preconceito, sem ilusões. O amor que nutre, que cuida, que é incondicional. O amor como a centelha de vida.


Cida Guimarães
26/02/202

IMPACTOS EMOCIONAIS

 


Fui a uma sessão espírita no sábado passado, e o tema da palestra era  "IMPACTOS EMOCIONAIS". Me tocou fundo pois, nestes  últimos anos, estes  não têm faltado em minha vida. Não é uma queixa, uma constatação.  Acredito que a vida, de todos,  não é  uma " fairy tale", como aparece nas mídias: festas, alegria, viagens, etc... há o lado, que, usualmente, não postamos das dores, perdas, frustrações, de toda ordem: pessoais, profissionais, família, românticas, financeiras. Seja  de que ordem for para a pessoa, que está vivendo, o impacto é desconcertante, difícil, e sofrido. 

Há pessoas que se deprimem tanto que precisam de auxílio terapêutico;  algumas têm crises de pânico, outras  ideias suicidas, ou até mesmo chegam a este extremo.   Cada um lida com sua dor de maneira distinta. Eu uso minha escrita (poesias, reflexões) como catarse. É a forma que trabalho meus diabinhos, e, paralelamente, tento passar um pouco do vivido e aprendido para que outros possam se espelhar, e ver que  tudo passa (lugar comum), mas real. Há que olhar para a situação, não nossa reação a ela, e tentar ver o que nos deixou de aprendizado. Pode ter sido muito sofrido, mas, sempre, há uma lição.

 Esquecemos que a vida é uma escola, um aprendizado diário, e que nosso caminho não vai ser sempre arborizado, limpo,  colorido por ipês, de todas as cores, e que temos que atravessar becos sem saída aparente, sendas escuras e tenebrosas, e que vamos precisar de muita força interior para conseguir não soçobrar e achar caminhos alternativos.

O palestrante falou de sua condição de dependente químico, e   o impacto disto nele e no seu entorno. Na realidade, as dependências, sejam elas de que ordem forem, nossas, de nossas familiares, amigos, conhecidos, sempre  criam impactos, atordoam nosso emocional e desorganizam nossa vida. Queremos mudanças,  soluções, mas somente quando  estas dizem  respeito a nós mesmos, há algo que podemos fazer, que é enfrentar a situação e buscar  alternativas. Mudar é difícil. Há que estar vigilante e ter muita força de vontade. Só podemos mudar a nós mesmos, e isto leva às vezes uma vida inteira, então, como queremos julgar ou tentar mudar os demais? Trabalho inútil. Só podemos amar, e estar disponíveis para ajudar o outro a lidar com seus impactos.

Todos vamos enfrentar impactos de diferentes níveis, ordem, formas, e em diferentes áreas de nossas vidas, ao longo de diferentes fases. Estas terão relevância dependendo do  nosso foco do momento, então não há porquê se julgar injustiçado, achar que os demais têm uma vida cor de rosa, quando a sua é só espinhos. Há que  lidar com o impacto e não com a nossa reação a ele, e ver o que está nos ensinando, o que está deixando como lição de vida. 

Somente quando conseguimos na dor, olhar para dentro de nós, analisar com calma a situação em questão,  e nossa consequente reação a ela, conseguimos nos dar conta de todas as implicações, dos traumas e dores passados, que o novo impacto ativou. Neste processo de investigação de nossos sentimentos e  reações, conseguimos, então jogar luz sobre o que ativou nossa reação, acolher nossa criança interior com amorosidade, e ganhar paz  interior.

Como você lida com os impactos naturais da vida?
Reflita, e se  puder/ quiser, compartilhe. 

Diferentes experiências sempre ajudam o outro a ver/rever sua  própria perspectiva.


Cida Guimarães
26/02/2024






terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

CONFIAR OU SUSPEITAR ?

                           

Há pessoas que são  facilmente enganadas. Serão tolas, crédulas  ingênuas, fantasiosas, ou simplesmente boas, com fé no ser humano? 
Acreditam no outro, pensam que como não fariam algo danoso para ninguém, também não seriam alvos de intenções escusas?

Há que se tornar cínico, cético, incrédulo, buscando sempre intenções ocultas, suspeitando de tudo e todos para nos poupar, nos salvaguardar? Não será esta uma semente daninha de desconfiança, que leva aos  atritos, desarmonia, conflitos, e guerras?

Cristo, que foi traído, julgado, condenado, mesmo sendo inocente, uma alma pura, perdoou e pediu clemência aos detratores. Nós, simples pecadores, vamos nos endurecer, perder a capacidade de amar, de acreditar, de sonhar e começar a só suspeitar, julgar, e condenar?
Muitas perguntas difíceis de responder neste nosso mundo de realidade virtual, inteligência artificial, quando precisamos estar atentos, vigilantes. Há todo tipo de fraude e tentativas dos mais variados golpes.

Difícil equação: confiar ou suspeitar? Em se tratando de estranhos, estamos, quase sempre, defendidos,  em guarda, mas a dificuldade é estabelecer quem são os estranhos, quem é real, inteiro, e  não  vai,  de repente, mostrar um lado insuspeito, e desestabilizador? Como  lidar?

Que bênção seria se fossemos todos,  integralmente inteiros, sem faces ocultas, sem meias verdades, e  respeitássemos os demais, em sua integralidade. Provavelmente, nosso bem maior seria mais paz e amor, no seu sentido de compreensão, aceitação e pacificação. Não teríamos tantas guerras, e, com certeza, seríamos seres humanos melhores, mais empáticos, abertos, verdadeiros.


Cida Guimarães
20/02/24

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Cure Sua Alma

CURE SUA ALMA!
Iniciei, hoje, um novo curso online "Heal your Soul"  (Cure Sua Alma) com a Leah Guy, no Daily OM. Estou gostando bastante. 

Na realidade, são aquelas coisas que, intuitivamente sabemos, mas não paramos para analisar e aplicar.  Sim, buscamos cura para nossas doenças físicas, quando na realidade, a maior parte delas são  doenças da alma, que afetam nosso corpo. 

 A primeira lição foi olharmos para nossa criança interior, e detectarmos as situações e sentimentos que nos deixam mal, e como os mesmos são gatilhos que nos levam de volta às nossas infâncias, e às situações problemas, que nos machucaram, traumatizaram, e como  estes sentimentos foram introjetados,  ficaram familiares, e  acabamos sendo levados de volta a eles. 

 O mantra da aula foi:  
"Sou viciada na dor, mas estou determinada a me sentir bem."

Leah explica que o sofrimento, como as demais adições, é  algo com o qual nos acostumamos, torna-se familiar, e acabamos criando um padrão de comportamento. Cada vez que temos um sentimento gatilho, voltamos ao nosso estado primário de angústia e dor. Precisamos parar, reconhecer este estado e sem buscar  alívio externo (artificias), tentar não repetir padrões. É preciso conversar com esta nossa criança interior, tentar entender suas questões, nos tornarmos nossos pais, ouvindo, reparando e tentando orientar; buscar estabelecer rotinas de auto cuidado, auto amor. Há temas como estabelecer um diálogo com nossa criança interior como  se fossemos os pais, confortar, listar atividades que são prazerosas e estabelecer rotinas de bem estar pela manhã e à noite.

Que complicados que somos!  Queremos estar sempre em paz, mas este é um estado transitório porque logo algo vai te jogar de volta para a ansiedade, o medo, o pânico de voltar a sentir sensações,  que te causam sofrimento e dor.

É imperioso curar nossa alma! 

Identificar a razão primária de nossa sensação de angústia, ansiedade, quase premonição do que vai nos ferir, magoar.  Será que é possível?  Vamos ver... Não acredito em soluções fáceis, em receitas milagrosas. Tudo vai, sempre, depender de nós mesmos.  Precisamos nos conhecer, ouvir nossa voz interior e nos amar para mudar.
Acredito, sim, nessa batalha, diária, contra o que nos puxa para baixo, o que nos confina, reduz, quantifica e qualifica. Quero poder ousar, tentar, errar, me corrigir, mas sem nunca perder o medo de viver e confiar; primeiro, em mim mesma, e depois na minha intuição.

Viver é por si só uma grande aventura e há riscos a correr.  Se não quisermos correr os riscos, vamos perder o melhor da aventura.

Qual sua visão? Comente. Compartilhe!

Cida Guimarães
14/02/2024

domingo, 14 de janeiro de 2024

AUSÊNCIAS






Hoje ao fazer minha caminhada habitual, me senti, como não ocorria há um longo tempo, leve, despreocupada, feliz..

Sei, entretanto, como o Vinicius disse tão bem:  "a felicidade é como uma pluma, tem a vida breve, e o vento leva pelo ar."
É, são instantes de leveza, de encantamento, de entrega, que, como tudo, vão passar. Gostaríamos de reter, congelar estes momentos, mas se dissipam rapidamente.

Entretanto, nossa experiência de atravessar  tempestades no deserto e  de sairmos machucados, outros, talvez, mas com certeza, mais fortes e melhor preparados para enfrentar possíveis novas intempéries, faz tudo ser aceito sem revolta, sem vitimizacão.

É a vida nos ensinando.  Um amigo querido, me enviou, ontem, um vídeo sobre o poder da ausência, não só de alguém, mas de tudo. O não ter, a ausência, nos desapega, ensina e fortalece.

Bora viver apesar das ausências!


Cida Guimarães
14/01/24

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Divagando

Divagando..

Lembranças vem e  vão...lembramos, esquecemos, e muitas vezes distorcemos falas, fatos, situações para que sejam mais toleráveis.
O quê permanece inalterado?
O lindo, o surpreendente, aquilo que nos arrebatou, e as pessoas especiais, que tocaram nossa alma, com doçura e amor.

Geralmente,  quando envelhecemos tendemos a esquecer o presente,  e lembrar o passado. Recordo minha mãe, que em seus últimos anos, embora lúcida, do presente só lembrava o que realmente era muito importante, mas adorava contar e recontar velhas histórias. Isto, entretanto,  é misericórdia divina, uma bênção  pois apaga as dores, mágoas presentes, nos fazendo lembrar somente momentos especiais vividos.

O presente, talvez, seja duro, difícil, amargo e queiramos ter de volta as belezas que curtimos.

Lembrar é reviver, mas só desejamos reviver coisas boas, lindas, então bora apagar as dores e tristezas. Esquecimento benéfico!


Cida Guimarães
08/12/2023

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Calamidades!


Calamidades!

Quando o sul de nosso país vive o caos das inundações, com milhares de desabrigados, e no resto do mundo ocorrem  outros desastres, conflitos, e guerras, me chamou a atenção, ontem,  o relato  de pessoas, atingidas pelas inundacões, em  Eldorado do Sul, São Sebastião do Cai,  Caxias, etc., que perderam tudo, ou quase tudo que tinham, nos alagamentos decorrentes das chuvas torrenciais, e estão desabrigados, precisando do essencial. Fiquei impactada pela conformidade deles,  frente à tragédia. Quando questionados como se sentiam tendo tantas perdas, responderam: " É a vida".

 Sim, a vida, de repente, nos dá  um arrastão,  muda tudo, e nos vira de ponta cabeça. Precisamos, então,  juntar o que resta de forças para  acreditar, e recomeçar, muitas vezes do zero. 
Já vivi várias situações, em que não sabia como, e se conseguiria  sair de um buraco fundo, mas nada permanece igual, e a gente acaba vencendo a nós mesmos, e superando.

 Hoje, quando enfrento, novamente, tempos bem árduos, tento lembrar que é temporário, e que vão ficar, somente, as lições, se eu permanecer atenta, olhando, com cuidado, o que a situação veio me ensinar, e o que de positivo vai restar. 

A vida está, continuamente,, mudando, nos ensinando algo, resta ser um bom aluno, observando, atentamente,  o que ainda  temos que aprender, nesta escola do viver.

Cida Guimarães
21/11/2023

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Quem sou eu? Quem é você?

Quem sou eu? Quem é  você?

Quem somos? Nos conhecemos, realmente?  Identificamos nossos sentimentos mais íntimos?  Temos acesso a nossas áreas mais escondidas, talvez, até de nós mesmos? Ou a imagem que temos de nós  é  de certa forma ensombrada, colorida pelo nosso ego?

É tão  simples julgar, apontar falhas, desmerecer  os demais. Tentamos nos colocar no lugar do outro, ter, pelo menos, uma vaga ideia de como nos sentiríamos e agiríamos? Provavelmente  não. 

Passamos quase uma vida para começar  a ter uma ideia mais clara deste ser que nos habita, e, muitas vezes, determina nossas ações  e reações, e que custamos tanto a entender. Nos valemos de estudos de auto conhecimento, meditação,  terapia, mapas astrais, Tarot; todo tipo de recurso para tentar entender melhor este ser complexo que somos. Então,  como queremos, sem estar na pele do outro,  reduzir, rotular, emitir julgamentos ?

Jamais conheceremos totalmente nosso próximo pois nem ele  se conhece muito bem, então o que nos resta  é  procurar desenvolver, cada vez mais, empatia, tolerância e compreensão,  e quando o convívio for, realmente, muito complicado,  manter uma distância, que propicie limites de convivência saudável.

Viver e conviver requerem atenção, cuidado, amorosidade e vigilância constantes.  Não  é  fácil, mas nos ensina paciência, tolerância e resiliência, e muito sobre nós mesmos pois tudo que nos incomoda, em excesso,  nos outros, existe em nós. Esta é  uma rica possibilidade  de trabalhar estes aspectos para conseguirmos melhorar como seres  humanos.

Cida Guimarães
30/10/2023
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terça-feira, 24 de outubro de 2023

Esperança

     ESPERANÇA 

 Palavra linda, que vem do latim "sperare", esperar por algo, por um futuro, que desejamos distinto, melhor.  Sem esperança e fé,  jamais atravessaríamos  longos períodos  sombrios.  Quando este sentimento está  presente,  sabemos que se persistirmos, se acreditarmos, que vai passar,  iremos conseguir. 
Sem esperança, não conseguimos lidar com as adversidades. 

Sim, são muitas lutas, mas o sentimento de ter vencido,  mais uma  etapa sofrida, é de conquista, empoderamento. Chegamos até aqui, outras batalhas virão, parte da vida, mas há que brindar e aproveitar dias de saúde  e calmaria.

É necessário paciência, força interior para não naufragar, não ser tragado pelo desespero que, muitas vezes, quer tomar conta de nosso ser. Quando a escuridão  nos envolve, há que esperar que a noite termine, e que raie um novo dia. Não  é  fácil, parece que vamos ser tragados pelo que nos parece ser um abismo inacessível. Nestes momentos,  para não sucumbir,  há  que manter acesa nossa esperança, que ainda há  muita vida a ser vivida, e que vale a pena persistir.


Cida Guimarães 
24/10/2023

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Expectativa X Medo




                                   Expectativa x Medo

         

Quando ansiamos pelo futuro, criamos expectativas, que geram uma mistura  de ansiedade  e medo. Sim, tememos que o antecipado não  se realize, ou que seja muito distinto do esperado.  Há,  usualmente, muita frustração  porquê a realidade é,  geralmente, distinta. Entretanto, não conseguimos aterrar no momento presente.  Estamos, a maior parte do tempo, antecipando eventos, situações, e até  mesmo nossa reação  frente aos possíveis cenários.  Somos diretores de filmes imaginários.

Hoje, quando já  antecipamos a alta, que está  por ocorrer, vejo meu filho preocupado / emocionado pelo que está  por vir. Depois de 1 mês  e meio de internação hospitalar, com tantas intervenções e passando por  situações/momentos complicados, é  difícil imaginar  o que lhe espera, e como será a volta ao lar, quando já não será o mesmo, de quando  o deixou.

Sentimentos mesclados de alívio, ansiedade, receio, e muito nervosismo  por não saber como as coisas se darão.  Aliás,  nunca podemos  prever o amanhã. Há  que viver o hoje da melhor maneira possível e entregar nas mãos  de Deus, nosso porvir. Entretanto, são  falas lindas na teoria, e temos consciência  disto, mas tão  difíceis e, geralmente, impossíveis, na  prática. 

Cida Guimarães 
26/09/23




quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Agonia & Morte

Agonia e Morte!

Será  que a  proximidade da morte nos humaniza, ou ao antever o fim, se aguçam  nossas características  viscerais?

Questionamentos que surgiram  ao presenciar a agonia de diferentes entes queridos. Parece que há  um desespero,  um querer  controlar, o que nos cerca, ferir aqueles que amamos, como se, desta forma, nos livrássemos do pânico,  e recuperássemos
 o controle que estamos, gradativamente, perdendo.
Estas são inferências baseadas  em minhas observações, e vivências. 

Precisamos manter  a tranquilidade, não  deixar que estas atitudes nos afetem, e controlar a emoção,  que está em turbilhão. Somos donos de nós? Nem sempre!

Que difícil e intrincado  é  o ser humano! Pleno de contradições, e  sentimentos conflitantes.

Durante nossa vida passamos por diferentes tipos de agonia, e morremos de certa forma, ou pelo menos, parte de nós, e recomeçamos, várias  vezes, sendo outros, até  nossa morte final, que virá  encerrar uma jornada, na qual teremos ou crescido, e nos tornado seres melhores, ou permanecido  na ignorância. 

O que nos impele à  mudança? Somos humildes o suficiente para sermos vigilantes de nós,  não dos outros?

Como enfrentaremos nossa hora final? Tranquilos de que cumprimos nosso papel ou lamentando, nos culpando por nossas omissões  e falhas?

Sei que errei muito,  mas sempre com a intenção  de fazer o bem, não  o mal, e já  morri, muitas vezes,  renascendo como uma versão  distinta de mim, portanto  o desencarne será  o descanso para uma alma cansada e sofrida, mas creio que  há,  ainda, um caminho a ser percorrido.
 Que a hora final seja, quando vier, breve e sem agonia.

Cida Guimarães
19/09/23
❤️🙏

domingo, 10 de setembro de 2023

Mar de Lágrimas

Mar de Lágrimas!


Ala  oncológica, 3213 do hospital Na Sra da Conceição, Porto Alegre.

São 6 cubículos, separados por cortinas, que isolam os pacientes, e dão um pouco de privacidade para a dor e sofrimento. O compartimento de meu filho é o 3213-3 , o último à esquerda. Em sua primeira internação, ficou no 3212-3 , mesma localização, último ao fundo à esquerda.
São sons, odores, máquinas e alarmes, que gritam, acusando término de operação e/ou problemas.

Há muita solidariedade na dor compartilhada, e logo estamos dividindo nossas aflições e preocupações. Todas histórias difíceis, o que nos faz conscientes, que há  pessoas sofrendo, tanto ou mais que nós; não somos vítimas. Tudo por qual passamos tem um porquê, e a cada dia me vejo mais humilde, mais consciente dos muitos privilégios que tenho, do muito que preciso, ainda, me desenvolver e me tornar mais  paciente, mais tolerante.

Creio que estes anos de vivência de doenças, de dor, de deixar de pensar em mim para pensar no bem estar do outro, vem me ensinando muito. Há que  continuar acreditando, há que persistir, e ter fé que tudo vai passar, e que o desespero não vai ajudar.

  Turbilhão de pensamentos, sentimentos, sensações, que me devoram. Socorro! Quero crer que tudo está melhorando, mas minha intuição grita que não. A dualidade entre pedir que cesse o sofrimento, e o não querer a perda física, de nosso ser amado, nos balança. Sabemos que se vencer esta etapa,  outras virão, talvez, mais difíceis e dolorosas. Queremos isto? Teremos força para encarar? Torcemos pela recuperação de nosso ser amado ou  não nos sentimos fortes o suficiente para encarar novas provacões? Estamos nos acovardando frente às dificuldades? 

Uma mescla indefinida de sentimentos. Hoje, 09/09 , nova cirurgia, que vem sido evitada para estancar um sangramento persistente, que foi desde o início menosprezado.
Entrou na sala às 11:33, muito balançado, temeroso deste novo procedimento. Vai ser operado pelo Dr  Francisco e dra  Danielli da equipe do dr Raul Prunelli.   A cirurgia começou às 11:30 e terminou às 12:30.  Deixaram aberto por uns dias,  com um  curativo  para aspirar "laparotomia curativa a vácuo". Talvez precise nova cirurgia para fechar.

Eu pressentia que isto iria ocorrer, e venho sofrendo muito. Será que ainda tenho lágrimas ou já secaram todas? Choro pelas ruas, choro pelo que foi, o que não foi, pelo que poderia ter sido... um mar de lágrimas....

Cida Guimarães
09/09/23








Entre Mundos!

Entre mundos!

O lento passar das horas,  tudo escuro, triste, deprimente, e uma angústia  que vai envolvendo, tomando conta. Há que lutar para manter a esperança que a recuperação  esteja ocorrendo, quando só vemos lassidão,  desânimo,  sono contínuo, e uma cicatriz que não para de sangrar. Médicos que dizem estar tudo bem, quando a intuição  diz o  contrário.  Gostaria de estar errada, queria crer que está , mesmo, tudo bem.

Meu Deus, é  tanto  sofrimento!

A cada dia, vejo  ele mais fraquinho. Hoje ficou  meio atordoado,  ao me ver. Dei  o café,  e voltou a dormir. Não  tem nenhuma energia. Um quadro semelhante ao do Juan. Sentia que o perdia  a cada dia. Quanta impotência! Como tudo deixa de ter valor; o único  que aspiramos é ter super poderes para restaurar a saúde,  devolver  a energia, a alegria ao nosso  ser amado, que vai  pouco a pouco, se distanciando  de nós.  Está  em uma realidade paralela,  entre mundos,  com um pé  aqui e outro, no além.

Será  que ficamos em um limbo? Será  que vislumbramos o outro plano, e este nos apavora?

Por duas vezes senti que  se assustou, estava em outra realidade, como se estivesse em um delírio, sonado. Não  há  mais nenhum interesse em nós, nas coisas terrestres, como se fosse imperioso  um distanciamento  para que o corte não  seja tão  abrupto.

Tudo conjeturas  baseadas  em minha observação.  Foi assim com meu pai, com o Juan, e o quadro, agora, igual, no mesmo mês do ano passado, e a cada dia, a dor, de uma perda anunciada,  se repete, me rasgando  por dentro. Ando a chorar pelas ruas já  que procuro brincar e sorrir, quando estou com ele. Entretanto,  nada o interessa, nem mesmo o evangelho, que  no início  curtia.

Muito doloroso!

Cida Guimarães
06/09/23

quinta-feira, 27 de julho de 2023

CORAGEM


Coragem? 

 Sim, a vida nos exige muita coragem para enfrentar nossos demônios, superar fraquezas, lidar com o inesperado. Bem difícil porque há horas que só queremos colo, alguém que nos acalente, mime, e nos assegure que tudo vai ficar bem. Entretanto, há que lidar com as exigências do dia a dia, e a esta altura da vida, buscar, nós mesmos, soluções, apoiando-nos em nossa fé, se a tivermos.
Faz quase um ano da partida de meu amor, e tem sido muito difícil porque somada à falta que ele me faz, vários outros acontecimentos, difíceis e dolorosos, vieram se somar, fazendo meu foco mudar, trazendo-me para o presente, e forçando-me a ficar antenada e a tomar decisões. O negativo trazendo o positivo. Nada é por acaso. Com certeza, a avalanche de dificuldades veio me forçar a buscar coragem para lidar com a realidade.
Minha vontade seria de viajar, ir para algum país distante, ver coisas novas, mas no âmago do meu ser, sei que estaria fugindo e levando comigo todas as angústias e preocupações. Há que esperar, e enquanto isto, fazer e dar o meu melhor.

"Coragem” tem sua origem no Latim CORATICUM, e é composto por COR, que significa “coração” e o sufixo –ATICUM, utilizado para indicar uma ação referente ao radical, ou seja, usar o coração para te impulsionar, e dar forças para agir. Geralmente, dizemos das pessoas, que se aventuram em esportes radicais, de alta periculosidade, que são muito corajosas. Sim, porque são direcionadas por suas paixões, ou seja, seus corações, usam seu impulso vital. Então, para termos coragem, há que ouvir nossos corações e ir onde sentimos que nos ordenam.

Não sei se estou conseguindo ouvir meu coração, e ando sentindo-me estacionada, sem ânimo para definir rumos.  Preciso buscar  meus anseios, minha intuição para ter coragem de agir, buscar o novo, recomeçar!

Cida Guimarães
27/07/2023


sexta-feira, 5 de maio de 2023

Vazio

    


Olho para a tela vazia, e é como estou me sentindo, oca.  Há um branco, um nada, um vazio! 

Apesar de minha mente ser uma teia emaranhada de pensamentos desconexos, não há uma linha coerente, está tudo revirado, confuso. Há um vazio de sonhos, expectativas, projetos. No momento, estou deixando, tudo, só fluir, sem pré-definições.  

 Após meses de constante ebulição, é imperioso esvaziar, limpar a máquina de pensar, fazer um reset, reiniciar. 
Nada a elaborar, decidir. A não preocupação é libertadora. Por que temos que estar, constantemente, com tudo definido, listas por fazer, coisas a resolver? É ótimo só deixar fluir, viver o momento, sem expectativas, evitando possíveis frustrações. 

Nunca nada é como antecipamos. A vida, sempre, nos surpreende. Algumas vezes, nos encanta, outras nos atordoa, ou, até mesmo, horroriza. Entretanto, se tudo fosse como pensado, esperado, seria previsível, monótona; portanto, todo o encantamento deixaria de existir.  Não teríamos mais as borboletas no estômago, o arrepio na espinha.

Precisamos do vazio, dos espaços em branco, das surpresas, das alegrias, e também das decepções. Tudo é como deveria ser, tanto o cheio, como o vazio. Há um encanto, um potencial no vazio, que nos arrebata pelas inúmeras possibilidades que temos de criar, de inovar, de voltar a viver!

 Há que olhar positivamente, enxergar as lições, e colorir nossa tela com as cores e belezas, que conseguirmos enxergar, dentro de nós, ou em nosso entorno, e nos reabastecer, energizar até estarmos plenos, novamente.


05/05/23
Cida Guimarães 

sexta-feira, 7 de abril de 2023

Legados do meu amor!

Hoje, 07/04, faz sete meses que meu amor partiu para outra morada.
Paulo Bayard, psicólogo, disse:
"Quem partiu, jamais morrerá. Mas irá se transformando, cada vez mais, naquilo que deixou. Essência e significado. "

 Acredito que nossa essência  é o significado que imprimimos na vida dos que nos cercam. Essência  e Significado estão interligados, e são os principais legados que deixamos ao partir. As pessoas vão se lembrar do que éramos, nossa essência, e do que significávamos em suas vidas.

Hoje,  consigo pensar sobre isto com mais objetividade, e enxergar,  claramente, a essência e o significado do Juan, em minha vida. 

Juancito chegou quebrando paradigmas, desconstruindo minhas certezas, abrindo novos horizontes. Sou grata pelos 28 anos de convívio. Conheci o ardor de uma paixão, e uma relação de  atenção, respeito, cuidado, carinho, e muito amor.  Me trouxe paz,  tranquilidade, e aceitação  das pessoas e  coisas, como são. 

A essência  do Juan era a  paz, a alegria, o estar de bem com a vida. Tudo entremeado de muito amor
Para ele  a vida era uma festa, se considerava muito feliz.  Nunca  se queixava. A resposta para como estava era: "excelente, melhor impossível". Via o que tinha, não o que faltava, e às vezes, faltava tanto!
Curtia  os prazeres simples da vida: jogar skype, ouvir música no Youtube, jardinar, passear, tomar um café, jantar fora, viajar, planejando antes, todas as etapas dos destinos, cozinhar uma  refeição para nós, cuidando dos mínimos detalhes. 
Era um romântico, movido a sentimento. Era da paz, da música, do sonho, da fantasia, era água fluindo. 

Qual o significado que ele teve em minha vida? Foi meu  SONHO,  meu TUDO
Veio colorir, apaziguar,  abrandar  meu fogo. Era a água, que  me faltava, assim como eu era o fogo que o aquecia.
Conseguimos, com luta, realizar muitos sonhos, construir Emery, viajar para inúmeros países e cidades, e também curtir nossa Garopaba. Tínhamos uma rotina simples, caminhar pela orla de mãos dadas, abraçados, ou ele me beijando, indiferente  com o que os demais pudessem achar. 

Nele encontrei amparo nas horas difíceis, podendo ser eu mesma, inteira,  contando, sempre, com sua aceitação irrestrita.  Fui muito cuidada.  Amava quando do nada me dizia:" Estás linda!" ou " já te disse, hoje, que te amo?"
Eram pequenos gestos, mínimas atitudes, que me fazem uma falta infinita. Está presente em todos os momentos, e consigo imaginar o que diria. 
  
Acredito que nós aprendemos e nos ensinamos, reciprocamente, importantes lições. Sinto muita falta de sua essência, e de tudo que significou, mas me conforta saber que viveu como queria, foi feliz,  e que estará, sempre,  presente em mim, e nas lembranças construídas.

07/04/23
Cida Guimarães 

quinta-feira, 6 de abril de 2023

Renascimento

                                       Ressurreição

Paixão  de Cristo, sacrifício,  dor, martírio, e depois renascimento  vindo nos dizer que nenhuma dor é grande demais, nenhum padecimento é em vão.

  Se Deus deixou seu filho Jesus Cristo padecer na cruz, como podemos nos revoltar, nos achar desprotegidos, abandonados,  quando a dor e a miséria batem a nossa porta?
Há  que ter paciência, fé e resiliência. Acreditar que iremos superar as dificuldades, e teremos, ao final, se prestarmos atenção  às  lições,  aprendido algo, e quem sabe melhorado nosso ser.

A possibilidade de renascermos, também,  de nossas cinzas,  de olvidarmos as  decepções e mágoas, e empreendermos uma nova rota, iluminada pela sabedoria, adquirida  no nosso remover das pedras, que pavimentaram nossa caminhada é que nos enche de esperança  e força  para continuar,  sabedores que teremos dias luminosos, e outros mais difíceis, escuros, mas que sempre estaremos lidando  com a alegria e a tristeza, e que uma não existe sem a outra.

 Que uma possa iluminar e direcionar  a outra é  o que desejamos. Luz! Renascimento!

Feliz Páscoa!

CIDA GUIMARÃES

06/04/2023

domingo, 2 de abril de 2023

Divagando sobre Datas


Começamos  o mês, com o dia da mentira (01/04), uma celebração ancestral, de fazer "pegadinhas", que mesmo sendo relativamente inofensivas, banalizam o dano das mentiras. Elas nunca são  algo positivo, mesmo quando  são as "mentiras brancas", ditas sociais. Pura Hipocrisia!

Este ano,  como em muitos outros,  a Páscoa cai em Abril, dia 09,  depois meu aniversário, 12, e a independência do Brasil, 21. Datas com  significados distintos, mas significativas, individual ou coletivamente.  Datas e comemorações; como nos prendemos  a elas!

Já se passaram  mais de 6 meses,  sete  no dia 07/04, da passagem do meu amor para o outro plano. Neste ano, a  Sexta-feira santa, Paixão  de Cristo, dia de sua agonia e morte é  07/04.
Muito aconteceu desde então. Minha vida virou, literalmente, de cabeça para baixo e venho enfrentando muitas batalhas (pessoais, familiares, de trabalho e  manutenção das estruturas). 
Bem a vida é isto, lutas e superação! Não me queixo, me considero abençoada pois Deus me dá forças e condições de  lidar e de buscar superar as adversidades.

Depois, dia 12, meu aniversário. Chegarei lá? 

Quanto tenho aprendido e, acredito, me modificado, ao longo de minha vida! Quem sou eu hoje? Creio que mantenho  viva minha energia física e mental, talvez menos intensa, lógico, mais moderada, menos impetuosa, mais reflexiva e considerada com os demais. Hoje não crio tantas expectativas, estou mais aterrada, e procuro analisar bem uma situação, antes de me jogar. Ás vezes, ainda sucumbo à tentação do momento. Portanto,  a data sempre é para lamentar as perdas e festejar os ganhos( os mais e os menos)
 
Hoje, 02/04, bateu uma tristeza enorme e não sabia o porquê de meu choro convulsivo. Estava chorando o quê, exatamente? As perdas, as dificuldades, ou eu mesma, meus ganhos e perdas, e principalmente a perda de quem eu fui....a Cida, que se perdeu em algum lugar do passado. Hoje, sou para a maioria a Dna Maria, e é como se eu tivesse adquirido uma nova identidade, mais senhoril, autoritária,  reservada.

Na realidade, somos muitos, e poucos conhecem todas nossas facetas. Meu eu público é  distinto do meu eu privado. Há camadas, não identificadas e conhecidas por todos. Alguns vislumbram nosso EU real, outros só rotulam, sem ao menos tentar conhecer e entender.

Num mundo de tantos "fakes" quando é difícil saber se um perfil, uma notícia é verdadeira ou falsa, nossos relacionamentos também são em grande parte, artificiais e hipócritas. Há pouca troca, pouca verdade,  pouco amor.

Ah, o 21 de abril, nossa independência. Podemos celebrar ou ainda somos dominados  e de certa forma colonizados? Continuamos a importar valores, cultura e desvalorizar nossas raízes. Penso que para sermos independentes, tanto individual, como coletivamente,  há  que valorizar o que somos, estabelecer limites claros , preservar nossas propriedades, riquezas,  e cultura. Realmente é difícil  conquistar isto em um mundo globalizado,  mecanizado, onde todos querem copiar tendências e ficam, cada vez mais alienados. Temos, gradativamente, mais dificuldade em  comunicar   necessidades reais  e ter  um ouvido empático. Em horas difíceis, temos que lidar com atendentes virtuais, que não entendem nossas reivindicações e pedem para selecionar novamente no menu a opção correta. Será que tudo será mecanizado, eletrônico e nossas interações vão ficar paulatinamente mais estranhas? Socorro! Saudades de outros tempos mais simples, mais verdadeiros. Precisamos de muitos mais, mais, e poucos menos.

Cida Guimarães 
02/04/2023