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domingo, 18 de maio de 2025

TEMPO!




Tanto já se disse sobre esse nosso companheiro — ao mesmo tempo amigo fiel e inimigo implacável. Ele ajuda, mas também prejudica. Sempre presente está a eterna dicotomia entre o bem e o mal. Um não existe sem o outro, e é preciso encontrar um dentro do outro.

O tempo nos melhora e nos desgasta. Ele nos faz lembrar tudo que foi marcante em nossas vidas — talvez suavizando as memórias mais dolorosas, tornando-as suportáveis, e embelezando ainda mais aquelas que foram sublimes. Mas há também muito que se esvai, tornando-se lembrança diáfana, meros borrões do que foi vivido. É o tempo apagando o que não foi relevante, o que merece ser adormecido.

Aprimoramos nossa essência enquanto nossa aparência se deteriora — talvez como lembrete de que o que importa é o conteúdo, não o brilho da embalagem, que um dia se desfará, voltando ao pó.

Então, será o tempo nosso herói ou nosso vilão? Creio que todo herói tem algo de vilão, e todo vilão, algo de herói. Nossos dois lados - claro e escuro.  É preciso aceitar e lidar com ambos, pois é nesse equilíbrio que crescemos e nos tornamos um pouco melhores a cada dia.

Tempo, tempo... obrigada por me dar mais tempo!



E você, como lida com o tempo? Te angustia a passagem do mesmo? Compartilha. 




Cida Guimarâes 
18/05/25

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Na Beira do Último Ciclo



Tantas incertezas, inseguranças e ansiedades se misturam, se retroalimentam e me viram do avesso. Sigo, no entanto, em meio a mil decisões, num caos ao redor que me faz questionar: por que temos essa necessidade de beleza, conforto, ordem e organização, se é justamente no caos que nos despimos e enxergamos nossas carências, nossas verdades, nossos medos e anseios?

Sim, aquela máxima de que é preciso chegar ao fundo do poço para então subir e ver a luz tem seu fundamento.

Hoje, após muitas lutas, perdas, dores e difícil aprendizado, estou prestes a iniciar uma nova fase — um novo ciclo — e, certamente, o último. Isso não me causa temor, mas me faz olhar para minhas próximas escolhas com um misto de apreensão e excitação. Já não tenho tempo para errar ou experimentar. Esta é a etapa final, e nela quero viver com plenitude tudo o que habita e agita meu ser.

Sinto que minha missão é compartilhar meus aprendizados, meus sentimentos, e ajudar, dessa forma, outros a lidarem com seus "monstrinhos" interiores.
Ainda tenho muitas histórias a contar...

Porque enquanto houver vida, haverá caos — e no caos, sempre uma nova chance de se encontrar.


Cida Guimarães
16/05/25



sexta-feira, 9 de maio de 2025

Caixas , Ciclos e Desapegos





Como é difícil largar o que nos é familiar. Aquilo que se encaixa nos nossos dias como uma peça antiga, já gasta, mas perfeitamente moldada ao nosso jeito de ser. O hábito, esse escultor silencioso da rotina, vai nos prendendo — e quando percebemos, já estamos amarrados por laços invisíveis ao que antes era apenas um costume.

É duro fechar ciclos. Ainda mais quando eles duraram tanto que quase se confundem com a própria vida. Descartar o velho, o que já não tem mais serventia, parece simples na teoria. Mas há sempre um fio emocional entre o objeto e a memória, entre o espaço e a história vivida ali. Ficamos presos à constância como se ela fosse salvação, esquecendo que tudo, absolutamente tudo, é transitório.

A impermanência me visitou muitas vezes — nas perdas que vivi, nos abraços que se desfizeram no tempo. Foi aí que entendi: não somos donos de nada. Nem das coisas, nem das pessoas, nem dos sentimentos. Somos, no máximo, cuidadores temporários de tudo aquilo que nos atravessa.

E agora, no meio de caixas, plástico bolha e fita adesiva, essa verdade ganha forma concreta. Estou separando o que fica, o que vai, o que já cumpriu seu papel. Cada escolha carrega um pequeno luto. Vender a Emery foi uma decisão consciente, madura. Mas não sem dor. Porque ela não era só um lugar. Era uma extensão de mim. Ali, por 24 anos, deixei pedacinhos da minha história: as plantas que vi crescer, os clientes que se tornaram amigos, as funções que me definiram por tanto tempo.

Despedir-se de um espaço é, também, despedir-se de uma versão de si. E mudar, nesse contexto, é mais do que trocar de endereço — é reconstruir-se sobre novas bases, é olhar para dentro e tentar entender quem se é agora, sem as molduras de antes.

Neste momento, sou um liquidificador em funcionamento: sentimentos, memórias, decisões — tudo agitado, sem forma definida. Mas há algo de fértil nesse caos. Porque do turbilhão nasce o recomeço. E talvez, quem sabe, um novo propósito esteja justamente nesse ponto de partida.

Cida Guimarães
10/05/25

domingo, 13 de abril de 2025

ESCOLHAS?



 Decisões. Indecisões. Tanto a pensar, meditar e, finalmente, escolher...

Quando estamos dentro de um turbilhão de emoções e precisamos manter a tranquilidade para decidir de forma racional e equilibrada — sem permitir que o emocional tome a frente e nos conduza —, sentimos como se estivéssemos atolados. Somos razão e emoção, mas quando essas duas forças se enfrentam, o conflito interno dificulta qualquer isenção, tornando difícil fazer escolhas conscientes.

Escolher, na verdade, é sempre um desafio. Não há como obter somente ganhos — toda escolha traz perdas inevitáveis. E perder é algo que evitamos a qualquer custo, especialmente quando se trata daquilo a que nos acostumamos, do que parece já fazer parte de quem somos. Criamos laços de pertencimento.

Eu, meu Deus, tenho vivido muitas perdas. Sei que tudo o que é material é transitório, finito. Mas, numa tentativa quase insana de compensar, me vejo oscilando entre o impulso de largar e o desejo de reter; entre ir ou ficar; entre acreditar ou duvidar...

A vida exige atitude, ação. E então, após meus duelos interiores, escolho, ajo — e procuro não mais pensar se foi ou não a melhor decisão. Existe uma decisão realmente “melhor"? Tudo depende do nosso lugar no mundo, das nossas prioridades e vivências. É preciso seguir, confiar, e — uma vez feita a escolha — não olhar para trás.

Vida que segue.

Lá na frente, sempre haverá a chance de escolher de novo — de modo diferente, se for preciso.

Cida Guimarães 
14/04/25

sábado, 12 de abril de 2025

Meu Aniversârio!


Envelhecer? Só se for de espírito. Porque o resto... tá firme (ou quase)!

Hoje me peguei pensando no tempo.
Na verdade, ele é quem vive me cutucando, como quem diz: “Olha só onde você chegou!” Pois bem: cheguei. E, sinceramente? Cheguei bem.

Eu, hoje, mais velha...
Engraçado: não sinto o peso de tantas décadas,  tampouco me sinto velha. Talvez me sinta até  mais jovem do que em alguns períodos da minha vida— quando, de fato, ainda o era.

Dizem que idade é só um número — e é verdade. Para alguns, um número pesado, significativo. Para outros, irrelevante.
A idade não revela nosso espírito, nossa energia, nossos desejos. Talvez só indique que houve uma longa caminhada até aqui.

Aceito com alegria os parabéns — e eu mesma me celebro!
Celebro por estar aqui, por todas as passagens dolorosas  (que me esfolaram, mas me ensinaram), e por aquelas deliciosas (que me aqueceram a alma).
Celebro pelas perdas, pelas conquistas, pelos tropeços  e pelas danças que a vida me fez improvisar.

Hoje, não conto anos — conto histórias.
E que bom ainda estar aqui, inteira... ou quase. Já não tenho a elasticidade de antes, mas continuo  dando nó em muita coisa — e em gente também, se precisar!

Se isso é envelhecer, então que venham mais décadas. Só não me venham com essa de “melhor idade”.
Melhor, sim — mas porque finalmente aprendi a não dar a mínima.

Cida Guimarães
12/04/25

segunda-feira, 24 de março de 2025

Filho amado 20/03/25





Hoje, 20 de março, seria o teu aniversário de 57 anos.  Lembro-me da imensa alegria que senti ao ter a certeza de que estavas a caminho—um sentimento indescritível, uma felicidade sem tamanho. Hoje, resta uma saudade imensa e dolorosa, que só cresce com o tempo.

Lembro da tua infância,  menino arteiro, vivo, mas adorável. Da tua adolescência… e de todos os demais 56 anos da tua vida.

Houve conquistas, alegrias, mas também  recorrentes batalhas, tristezas e perdas. E tu tinhas tudo, meu filho amado, para construir uma linda trajetória. Brilhante, superinteligente, uma criança amorosa.  A vida foi te transformando, e foste perdendo a alegria, o otimismo, o olhar leve e a capacidade de ouvir e aceitar — ou pelo menos tentar entender — posições distintas das tuas.

Depois veio esta doença, que tanto te maltratou e acabou te levando quando o sofrimento já era insuportável.

Lutaste muito, foste um guerreiro e conseguiste vencer muitas batalhas contra esta doença incapacitante e também contra teus demônios, que te escravizavam às coisas terrestres, e que, agora,  ficaram todas para trás.

É com uma tristeza infinita que tudo isso me atravessa, deixando feridas abertas e sangrentas.

És eterno em mim — no meu amor, em tudo de bom e de ruim que compartilhamos, nas histórias que vivemos, nos sonhos não vividos e não realizados.

Enfim… onde quer que estejas, meu amado, que estejas em paz,  cercado de amor,  na luz de Cristo.

Cida Guimarâes 

20/03/25


segunda-feira, 10 de março de 2025

O Momento!

 



Pensando na vida, nas pessoas que vamos perdendo ao longo do caminho e em como nossa estrada é, na realidade, solitária, lembrei da frase de Greta Garbo: "Leave me alone" — deixem-me só.

Sim, há momentos em que precisamos estar sós. Eu, particularmente, gosto e necessito desses instantes para estar comigo mesma, me reencontrar, dialogar com minhas duas vozes contraditórias e buscar respostas.

Muitas vezes, estamos rodeados de pessoas, cercados até por aqueles que nos são mais próximos, e ainda assim sentimos uma solidão profunda, pois não há conexão real. Não vou mentir: há momentos de extrema carência, de um desejo intenso de compartilhar dúvidas, sonhos, fragilidades... De ter alguém para abraçar, beijar, fazer amor. Sim, claro. Mas não é qualquer presença que basta — precisa ser um encontro verdadeiro, um lugar onde me sinta em casa. Quero alguém que me aceite como sou, com quem eu possa me desnudar sem medo, sem me sentir julgada ou restringida. Será pedir muito? Talvez. Afinal, para receber na mesma medida, eu também precisaria entregar — e será que sou capaz de amar sem reservas, sem tentar mudar o outro?

Sempre buscamos a perfeição, mas ela não existe — nem em nós, nem nos outros, nem na vida. E, talvez, por querermos tanto, acabemos com pouco, ou quase nada.

Neste estágio da vida, onde já vivi um pouco de quase tudo, percebo que o que mais preciso é paz. Um encontro genuíno com meu eu interior. Aceitação. Gratidão. Pela vida, pelas dádivas que recebi, pelas mudanças que o tempo impôs e pelas perdas inevitáveis. Tudo é finito — nós, as relações, os momentos. O que nos resta é viver o agora, apreciar o instante, simplesmente ser.

Carpe Diem.

Cida Guimarães
10/03/2025


sábado, 8 de março de 2025

SER MULHER!



Caminhando nesta manhã, que parece ter saído de um filme em três dimensões, com efeitos extraterrestres, onde as brumas se misturam às nuvens e às ondas do mar, sinto uma imensa gratidão por estar presenciando e vivendo este dia fantástico, em que celebramos o ser mulher.

Sim, sou mulher e estou feliz com minha condição feminina. Se eu voltar – ou quando voltar –, desejarei ser novamente mulher. Me reconheço em minhas características, que são preponderantemente femininas... Ou será que estou sendo feminista?

O que é ser mulher para mim? É ser feminina e masculina quando necessário. É ser gentil, mas forte. doce, mas também amarga. É ser de tudo um pouco. Não é ser santa nem ser pecadora, mas ter a liberdade de transitar entre todas as versões de mim mesma, com consciência da minha força e da minha fragilidade — e sem medo de ser quem sou.

Muito mudou ao longo do tempo. Hoje, características e atitudes que antes eram atribuídas a cada sexo já estão misturadas. Mas há diferenças e, a meu ver, a mulher sempre se permitirá ser mais sensível, emotiva, multissensorial e também multitarefa do que os homens. Não sei definir exatamente por quê, mas meu lado mulher – e mãe, fonte de vida – sempre falará mais alto.

Como é ser mulher para você?

 FELIZ DIA DAS MULHERES!


Cida Guimarães 

08/03/2025

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Amor? Como definir?


O que é o amor? Uma sensação que envolve, um desejo de estar  junto, de ter e reter o outro? Um anseio de possuir algo ou alguém? Quando ouvimos um "Te amo", quais pensamentos nos invadem?

Talvez o primeiro seja a ideia de que a pessoa se importa conosco. "Ela pensa em mim, eu tenho um lugar na vida dela." Depois, refletimos sobre o desejo de estar junto, compartilhar sonhos, dividir pensamentos, problemas, buscar soluções. Enfim, alguém para partilhar nossa vida.

Acredito que cada um tem uma percepção distinta do amor, baseada no que espera e no que tem a oferecer. Tenho ouvido tantos "Eu te amo" e me pergunto: o amor se banalizou? Será que quem diz essas palavras compreende sua profundidade e os múltiplos significados que carrega? 
Ou as diz apenas para obter atenção e cuidado? Afinal, no amor, queremos mais dar ou receber?

Queremos receber, mas, como bem diz o ditado popular: 'É dando que se recebe. Será que realmente acreditamos nesse ditado quando isso não se concretiza?

Sabemos que nos sentimos felizes e completos quando distribuímos amor e carinho, quando fazemos um favor ou praticamos uma gentileza. Amar é, portanto, doação, entrega e cuidado. É querer o bem do outro.

Você concorda? Qual sua visão  de amor?  Compartilhe. Opine.

Cida Guimarães 
21/02/25

domingo, 9 de fevereiro de 2025

O IMAGINÁRIO!

    E SE?


E se eu pudesse voltar no tempo, fazer escolhas diferentes—o resultado realmente mudaria?

Somos sempre assombrados pelos "e se". Só a possibilidade surreal de reescrever nossa história desperta um novo entusiasmo, como se nossa própria essência fosse recarregada por meras possibilidades. Nos deixamos levar por alternativas imaginadas, pelo pensamento de recomeçar e seguir outro caminho.

Quais seriam os resultados?

Por que questionamos tudo o tempo todo? Nunca estamos completamente satisfeitos com nossa realidade, sempre flutuando em direção aos infinitos "ses" que moldam nossas vidas.

E se eu tivesse nascido menino em vez de menina?
E se eu tivesse chegado em outra década, outro país, outro corpo?
E se eu tivesse sido abençoada com genialidade—ou amaldiçoada com ignorância?

Meus pensamentos seriam os mesmos? Meus sonhos teriam outra forma? Eu amaria as mesmas pessoas, perseguiria os mesmos desejos ou sentiria as mesmas saudades no peito?

Essas perguntas pairam no ar, sussurrando incertezas, me atraindo para um labirinto de possibilidades. Minha mente vagueia por versões paralelas de mim mesma, traçando caminhos não percorridos, pintando vidas alternativas em tons vívidos e inalcançáveis.

Eu seria mais feliz? Sofreria mais? Ou, de alguma forma, acabaria chegando exatamente ao mesmo lugar?

Tantos "ses", tantas dúvidas—tão poucas certezas. E, ainda assim, talvez seja justamente essa incerteza que nos mantém sonhando, seguindo em frente, imaginando o que poderia ser, mesmo enquanto vivemos com o que é.

Cida Guimarães
10/02/25

domingo, 29 de dezembro de 2024

Minha Missão?


Quando já  perdemos muitas partes  essenciais de nós,   somente a certeza de que  há um propósito em tudo, uma linha, invisível, condutora de nossa  caminhada terrena nos mantém vivos e participantes.

Todos, creio, viemos com uma missão, que não é óbvia, mas se olharmos, atentamente, para nossa história de vida,  às diferentes atribulações e conflitos, para nossos ofícios, e relacionamentos,  para a tônica e dinâmica de nossa vida, podemos ter uma vaga ideia.

Com certeza, vim para ser meio,  conduto para expressar sentimentos, seja através da dança e do piano, enfim da música, minhas formas de expressão, quando pequena; do ensino e compartilhamento de meu saber,  quando adulta; depois, quando na minha aposentadoria, na pousada, através da socialização com meus hóspedes  e inquilinos; na velhice, através da escrita apesar desta ter feito parte de minha vida desde pequena pois gostava de escrever cartas e manter um diário. Se eu olhar para o todo eu vim para me comunicar,  para repassar o que vai em meu interior.

Ao longo destes meus 78 anos de vida, e sou grata por ter chegado aqui, perdi muitos dos meus amores, e muita coisa material. Ganhei outras. As únicas perdas, insubstituíveis, foram meus entes amados.  Ganhos  relevantes foram mais tranquilidade para aceitar os trancos e  mais sabedoria para  não brigar tanto com a vida. Só deixar ela acontecer!

 Sem meu trabalho e minhas viagens, que expandiram meus horizontes e derrubaram meus preconceitos, não  teria chegado aqui. Todos precisamos de válvulas de escape para nossas dores e inquietações. Através das coisas que amamos, conseguimos conhecer-nos melhor, desenvolver uma melhor aceitação das diferenças e um olhar amoroso e compassivo para com os demais.

Cida Guimarâes 
31/12/24



sábado, 28 de dezembro de 2024

REALIDADE?

    Realidade?

 Qual realidade? A minha, a tua? Cada um a enxerga de forma individual,  dependendo da estrutura psicológica, do nível de  maturidade e envolvimento da pessoa, sendo, esta, usualmente, distinta da nossa. 

 O que é real? Como lidar com nossas percepções da vida e dos acontecimentos? A minha, com tudo que atravessei, nestes últimos anos, está, indubitavelmente, maculada, distorcida por meus sentimentos controversos. 

Os próprios eventos históricos são narrados, com nuances distintas por historiadores. Não há uma versão única para fatos de ordem diversa.  Cada participante lembra, foca e salienta aquilo, que na sua visão foi determinante. Muitos fatores influenciam as diversidades, sendo o, principal, nosso envolvimento emocional. Quando estamos emocionalmente envolvidos, nem sempre conseguimos olhar para a realidade de forma isenta, lúcida e coerente. Aceitar uma verdade nua e crua sacode nosso emocional e, óbvio, buscamos uma forma de adocicar  e amenizar a ingestão  de uma pílula, demasiado, amarga.

 Além de perceber a realidade de forma distinta, também cada um lida à sua maneira, com a mesma. Há os que negam os fatos, os que amenizam ou distorcem os mesmos, e os que olham, sofrem, mas encaram a situação, buscando  formas de lidar com ela. É algo pessoal, e não há  como julgar pois nossas reações são determinadas por nossa personalidade e história de vida.

Entretanto,  somente quando  conseguimos  olhar com isenção, racionalizar o fato e suas implicações, tentando colocar-nos no lugar do outro, conseguimos encontrar um lugar  de aceitação e paz.

Cida Guimarães
28/12/24

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Tempo de Reflexão!



Sentada à sombra das árvores, nesta praça, que foi testemunha dos esforços de meu filho para viver e exercitar-se nos aparelhos para voltar a forma, relembro lindos momentos, aqui passados.

Ele, ou comendo bergamotas, ou tomando seu chimarrão, tendo, como fundo sonoro, os gritos das caturritas. Como distração, o desfile de muitos cãezinhos, a fazer festa, com seus donos. Houve muitos encontros, com familiares e amigos,  na praça Darcy Vignoli.

Hoje, sinto como se ele estivesse ao meu lado, e nós falando de coisas, que, talvez, não tenhamos conversado, então.  Nem sempre, com aqueles que mais amamos, conseguimos abrir-nos inteiramente, e, lamentavelmente, ficam coisas não ditas, sentimentos não expressos. 

São preciosas e dolorosas as lembranças, mas precisamos, pelo menos, entender tudo que vivemos, o  que  significou e trouxe de aprendizado. Não há morbidez, só um olhar retrospectivo, saudoso e curioso, sobre o que vivenciamos.

Ainda é difícil equacionar o ocorrido. É necessário tempo, espaço, reencontro, comigo mesma, para poder, então, com mais distanciamento,  olhar para nossas vivências,  e ver o que trouxeram de lições. O que deixou de positivo?  Sempre há algo de bom no ruim e vice-versa. Há que buscar e tentar entender, e  quem sabe, ressignificar o que vivemos.

Foi muita dor, angústia, apreensão. Sentimentos  confusos,  emoções e conflitos contraditórios. É preciso encontrar repouso  e paz!

Há que fazer esta viagem interior,  dolorosa, mas, certamente, imperiosa para poder voltar a viver, a sorrir,  e  poder agradecer as bênçãos concedidas.

Cida Guimarâes
27/12/24




quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Despedida!

 


As despedidas são sempre dolorosas, mas estão, inevitavelmente,  presentes em nosso viver.  Temos que conviver com o fato de que tudo muda, termina, esgota-se, sendo, este,  o ciclo inexorável da vida. Nos despedimos de lugares, de hábitos, de  empregos,  de casamentos, de rotinas, de pessoas, de algumas partes de nós.  Sim, há muito que vai morrendo em nós. Já não sou a mesma  garota impetuosa, às vezes, até geniosa, mimada, mas também, sempre, muito verdadeira, alegre e brincalhona.  

 A única certeza  que  podemos ter é de que tudo chega ao fim, e, esta, não me foi passada na infância. Fui criada como se a vida fosse um conto de fadas, protegida da real face da vida, sua beleza, mas também sua inegável feiura, sendo que o processo de amadurecimento foi penoso. Será que não seria melhor preparar nossas crianças para a realidade?  Ensinar desde cedo que a única certeza que podemos ter, em nossa permanência aqui, é que vamos partir. Uns mais cedo, outros mais tarde, uns calmamente, outros dolorosamente, ou até tragicamente.  Será que enfrentaríamos as despedidas eternas, melhor?

Sei que quando a possibilidade de um reencontro, um rever,  é incerto e não crível, tudo fica mais difícil e triste. Por mais que saibamos que chegou a hora, que a pessoa estava sofrendo muito, já tinha muita idade, a despedida  é dilacerante.

Dia 18/12/2024 às 08:40  minutos, de uma quarta-feira nublada, meu amado filho deu seu último suspiro, já sedado. Consegui, ainda lhe dizer do meu imenso amor, que ficaria eterno em mim e que fosse em paz, que nossos entes amados e espíritos amigos iriam lhe acolher.  Foi desesperador assistir  seu sofrimento, sem conseguir minorar sua dor.  Meu querido foi muito valente. Lutou até o fim, querendo viver e curtir o que a vida ainda poderia lhe oferecer. Ficaram coisas não ditas, um vazio e uma tristeza avassaladoras.

Ainda vou trilhar um longo caminho para conseguir me despedir melhor de tudo que ocorreu nestes últimos dois anos. Um filme de tristeza, terror, comédia e muita emoção pois foram encontros, situações, lutas, vivências e muito, muito aprendizado.  Há muita turbulência interna e, talvez, ainda leve algum tempo para eu conseguir me despedir  em paz, de tudo que vivi.



Cida Guimarães

25/12/2024

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

A Dor do Outro!

 
Quando parece que já vivemos tudo, novas situações, novos acontecimentos, demonstram-nos que não, e que ainda podemos nos surpreender, chocar,  entristecer e  questionar sobre nós mesmos, os outros, a vida e o porquê do que  ocorre-nos. Mil perguntas, suposições, nenhuma certeza ! 

Sim, a vida nunca é previsível. Há que lidar com  ambiguidades, e com a única certeza absoluta  de que somos todos finitos e que tudo se dilui, se perde, e se funde nesta verdade, que é nossa temporaneidade, nossa breve passagem por este mundo de provas e privações.

Restam muitos questionamentos:  O que levaremos conosco? O que ficará de nós?  Terá valido a pena? Perguntas, sem respostas pois precisaríamos ser  capazes de acessar  nossa pós- morte ou será nossa pós vida(?)para termos esta dimensão.

Todos este questionamentos tiveram como estopim ver meu filho convulsionar  por quatro vezes seguidas, e eu me sentindo impotente e desorientada para lidar com uma quase-morte. Já vi a morte muito de perto, por várias vezes, e eu não a temo. Só peço a meus anjos protetores que seja rápida, que não me deixe agonizando de forma que precise que outros me cuidem e sofram junto comigo.
Quando se trata de um filho amado, que já não tem mais possibilidade de cura, apesar de meu grande amor,  minhas orações são para que  Deus amenize e encurte seu sofrimento pois sua vida já não é mais vida, só uma sobrevida,  em meio a muita dor.  

Deve, entretanto, haver um propósito para tanto sofrimento. Nada é por acaso.  Provavelmente,  há penas a serem expiadas, há lições a serem aprendidas, há um roteiro a ser cumprido e o final virá quando as etapas tiverem sido finalizadas. Apesar deste meu entendimento, não fico tranquila, em paz. Meu coração chora a dor de minha impotência  em minorar a dor do filho e minha  incapacidade de entender as razões e papéis  a serem desempenhados.

Há  que ter empatia! É possível, realmente, colocar-nos no lugar do outro, ter uma dimensão do que o outro sente, o que ocorre em seu interior, sentir a mesma dor? Óbvio que não. Por mais que busquemos entender e estar solidários só temos uma pálida ideia do que o outro sente. Não somos os mesmos, não temos a mesma história, o mesmo retrospecto,e nossa percepção será sempre distinta.

Há que seguir!  Apesar de considerar o processo  doloroso, consolida-se minha visão atual contra  a eutanásia. Não podemos encurtar, abreviar a vida por mais dolorosa que a mesma seja. Há que  viver, cada momento, cada segundo,  que nos é dado, buscando  fazer nosso melhor. Estar vivo é uma dádiva  e temos que cumprir nossa missão. 

Cida  Guimarâes
 11/12/2024

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

RENASCER!

Renascer
Quem nunca desejou nascer de novo, recomeçar  do zero, fazer novas escolhas? Acredito que, em algum momento, negro, de nossas vidas, esta ideia  cruzou nosso pensamento, mesmo como um flash...

Entretanto, somos oferecidos, a cada dia, um renascer, uma página, em branco, para escrevermos uma nova maneira de ser e agir. Nos damos conta disto, ou vamos adiante, como autômatos, seguindo um script, que não foi analisado, e/ou questionado?

Acredito na reencarnação, na possibilidade, a nós ofertada, por este Deus misericordioso,  de uma nova chance de remissão  de nossas culpas, de nova tentativa de regeneração e crescimento.

Esta noção  alimenta meu ser,  me realinha, me dá forças  na compreensão que tudo tem sua razão de ser, e que há que observar, aprender e renascer com as pedras, nas quais tropeçamos, e  com as que bloqueiam nossa caminhada.


Cida Guimarâes
25/11/24

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

VIDA & MORTE

Vida & Morte!



Quando recebemos prognósticos terminais sobre seres amados,  começamos a viver a morte, por antecipação. Morte, que na realidade é parte da Vida. Não há vida sem morte;  tudo precisa morrer para voltar a viver. Sabemos disto!  Entretanto, vivemos como se nunca fossemos morrer.

Damos valor a coisas vãs, descartáveis, nos preocupamos  com banalidades,  e somente quando  a vemos tão de perto,  nos damos conta da inutilidade de tantas coisas.

Estou vivendo  isto pela segunda vez. É um  perder a conta-gotas, sofrendo  a cada novo evento, como uma despedida. É estar, sempre, em estado de alerta, perdendo por antecipação.

Que difícil viver  com medo,  mesmo tendo a noção, que a morte não é um fim a ser temido, evitado, a todo custo, e sim, mudança, troca de estado,  de matéria, para puro espírito, e que temos que buscar encontrar a luz, a paz, a regeneração.

Vida e morte são complementares, dois lados de uma mesma moeda. Se é a única certeza que podemos ter, que todos iremos morrer, por que não a naturalizamos e encaramos como  previsível, sem drama, como uma separação temporária?
Não tenho esta resposta. Você tem? Comente, dê seu ponto de vista.


Cida Guimarães
19/11/24

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

FINADOS!

Dia de Finados!

Dia dos mortos, findos, que não  estão mais entre nós.  Finados? Não, não gosto deste nome, não me parece apropriado.

Quando falamos em algo que está finado, pensamos em acabado, extinto, e para mim,  meus amados não estão finados, estão,  sim, todos, muito vivos em mim. Suas almas, também  permanecem vivas, só mudaram de estado, de nível, de vibração.

Uma oração para todos meus queridos, que, hoje, estão em outro plano, mas bem vivos, eternos,  em meu coração.

Muita paz e luz, sempre!

Cida Guimarâes 
02/11/24
  

sábado, 26 de outubro de 2024

Bom, Ruim ou ambos ?

 Bom, Ruim, ou ambos?


Acredito que tudo, sempre, tem dois lados. Nada é,  por si só, bom ou ruim. Talvez, no momento,  não consigamos ver o outro lado de algo, mas depois, com distanciamento,  constatamos  o que, no momento, passou despercebido.

Ficamos tão empolgados ou massacrados com o  ocorrido,  que nossa capacidade de olhar, além do fato, fica toldada, e não  temos isenção suficiente para ver suas implicações  positivas e/ ou negativas.  
Somente com o passar  do tempo, e com as emoções já apaziguadas, conseguimos ver o que ganhamos com determinada perda, e o que perdemos com o que nos parecia  tão maravilhoso. Só  então, conseguimos analisar, colocar tudo na balança, e constatar os ganhos e perdas de  nossas escolhas.

Esta dualidade nos ensina a apreciar as situações,  e seus ensinamentos, sem prender-nos em  opiniões pré-estabelecidas,  juízos de valor, anseios acalentados e projetados, e  também a termos mais isenção, distanciamento, em nossas análises e julgamentos.


Cida Guimarães 
10/10/24

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

ESPERA


ESPERA!

Na sala de  espera do bloco cirúrgico, ansiedade e muito nervosismo , mesclando-se,  cabeça a mil, fico a pensar  que nossa vida é  feita  de esperas, .e eu já idosa,  ainda não aprendi a esperar. É muito aflitivo!  Provavelmente, não será nesta  vida que vou aprender a esperar!

Quando pequenos temos crenças infantis,  lindas e cheias  de encanto, e aguardamos com muita ansiedade estas datas, plenas de magia; depois,  nossa  espera ansiosa para termos  a idade certa, e estarmos aptos a fazer tudo que aspiramos. 

Espera se  para  nascer, viver, crescer, ser feliz e, finalmente, morrer, e ainda assim, não aprendemos a esperar. Eu, pelo menos, ainda não, e tampouco a fazê-lo,  sem expectativas, sem um cenário já delineado, pleno de felicidade,  ou carregado de desventuras.

Sofre-se por antecipação e  muitas vezes, não  apreciamos o suficiente  nossas bençãos  por  as termos sonhado ou pensado distintas.
Fazemos cursos  de meditação, mindfulness  e, ainda assim, não aterramos no hoje, no agora, que é só o que temos realmente. Difícil  espera!

Cida Guimarães
25/10/24