domingo, 29 de dezembro de 2024

Minha Missão?


Quando já  perdemos muitas partes  essenciais de nós,   somente a certeza de que  há um propósito em tudo, uma linha, invisível, condutora de nossa  caminhada terrena nos mantém vivos e participantes.

Todos, creio, viemos com uma missão, que não é óbvia, mas se olharmos, atentamente, para nossa história de vida,  às diferentes atribulações e conflitos, para nossos ofícios, e relacionamentos,  para a tônica e dinâmica de nossa vida, podemos ter uma vaga ideia.

Com certeza, vim para ser meio,  conduto para expressar sentimentos, seja através da dança e do piano, enfim da música, minhas formas de expressão, quando pequena; do ensino e compartilhamento de meu saber,  quando adulta; depois, quando na minha aposentadoria, na pousada, através da socialização com meus hóspedes  e inquilinos; na velhice, através da escrita apesar desta ter feito parte de minha vida desde pequena pois gostava de escrever cartas e manter um diário. Se eu olhar para o todo eu vim para me comunicar,  para repassar o que vai em meu interior.

Ao longo destes meus 78 anos de vida, e sou grata por ter chegado aqui, perdi muitos dos meus amores, e muita coisa material. Ganhei outras. As únicas perdas, insubstituíveis, foram meus entes amados.  Ganhos  relevantes foram mais tranquilidade para aceitar os trancos e  mais sabedoria para  não brigar tanto com a vida. Só deixar ela acontecer!

 Sem meu trabalho e minhas viagens, que expandiram meus horizontes e derrubaram meus preconceitos, não  teria chegado aqui. Todos precisamos de válvulas de escape para nossas dores e inquietações. Através das coisas que amamos, conseguimos conhecer-nos melhor, desenvolver uma melhor aceitação das diferenças e um olhar amoroso e compassivo para com os demais.

Cida Guimarâes 
31/12/24



sábado, 28 de dezembro de 2024

REALIDADE?

    Realidade?

 Qual realidade? A minha, a tua? Cada um a enxerga de forma individual,  dependendo da estrutura psicológica, do nível de  maturidade e envolvimento da pessoa, sendo, esta, usualmente, distinta da nossa. 

 O que é real? Como lidar com nossas percepções da vida e dos acontecimentos? A minha, com tudo que atravessei, nestes últimos anos, está, indubitavelmente, maculada, distorcida por meus sentimentos controversos. 

Os próprios eventos históricos são narrados, com nuances distintas por historiadores. Não há uma versão única para fatos de ordem diversa.  Cada participante lembra, foca e salienta aquilo, que na sua visão foi determinante. Muitos fatores influenciam as diversidades, sendo o, principal, nosso envolvimento emocional. Quando estamos emocionalmente envolvidos, nem sempre conseguimos olhar para a realidade de forma isenta, lúcida e coerente. Aceitar uma verdade nua e crua sacode nosso emocional e, óbvio, buscamos uma forma de adocicar  e amenizar a ingestão  de uma pílula, demasiado, amarga.

 Além de perceber a realidade de forma distinta, também cada um lida à sua maneira, com a mesma. Há os que negam os fatos, os que amenizam ou distorcem os mesmos, e os que olham, sofrem, mas encaram a situação, buscando  formas de lidar com ela. É algo pessoal, e não há  como julgar pois nossas reações são determinadas por nossa personalidade e história de vida.

Entretanto,  somente quando  conseguimos  olhar com isenção, racionalizar o fato e suas implicações, tentando colocar-nos no lugar do outro, conseguimos encontrar um lugar  de aceitação e paz.

Cida Guimarães
28/12/24

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Tempo de Reflexão!



Sentada à sombra das árvores, nesta praça, que foi testemunha dos esforços de meu filho para viver e exercitar-se nos aparelhos para voltar a forma, relembro lindos momentos, aqui passados.

Ele, ou comendo bergamotas, ou tomando seu chimarrão, tendo, como fundo sonoro, os gritos das caturritas. Como distração, o desfile de muitos cãezinhos, a fazer festa, com seus donos. Houve muitos encontros, com familiares e amigos,  na praça Darcy Vignoli.

Hoje, sinto como se ele estivesse ao meu lado, e nós falando de coisas, que, talvez, não tenhamos conversado, então.  Nem sempre, com aqueles que mais amamos, conseguimos abrir-nos inteiramente, e, lamentavelmente, ficam coisas não ditas, sentimentos não expressos. 

São preciosas e dolorosas as lembranças, mas precisamos, pelo menos, entender tudo que vivemos, o  que  significou e trouxe de aprendizado. Não há morbidez, só um olhar retrospectivo, saudoso e curioso, sobre o que vivenciamos.

Ainda é difícil equacionar o ocorrido. É necessário tempo, espaço, reencontro, comigo mesma, para poder, então, com mais distanciamento,  olhar para nossas vivências,  e ver o que trouxeram de lições. O que deixou de positivo?  Sempre há algo de bom no ruim e vice-versa. Há que buscar e tentar entender, e  quem sabe, ressignificar o que vivemos.

Foi muita dor, angústia, apreensão. Sentimentos  confusos,  emoções e conflitos contraditórios. É preciso encontrar repouso  e paz!

Há que fazer esta viagem interior,  dolorosa, mas, certamente, imperiosa para poder voltar a viver, a sorrir,  e  poder agradecer as bênçãos concedidas.

Cida Guimarâes
27/12/24




quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Despedida!

 


As despedidas são sempre dolorosas, mas estão, inevitavelmente,  presentes em nosso viver.  Temos que conviver com o fato de que tudo muda, termina, esgota-se, sendo, este,  o ciclo inexorável da vida. Nos despedimos de lugares, de hábitos, de  empregos,  de casamentos, de rotinas, de pessoas, de algumas partes de nós.  Sim, há muito que vai morrendo em nós. Já não sou a mesma  garota impetuosa, às vezes, até geniosa, mimada, mas também, sempre, muito verdadeira, alegre e brincalhona.  

 A única certeza  que  podemos ter é de que tudo chega ao fim, e, esta, não me foi passada na infância. Fui criada como se a vida fosse um conto de fadas, protegida da real face da vida, sua beleza, mas também sua inegável feiura, sendo que o processo de amadurecimento foi penoso. Será que não seria melhor preparar nossas crianças para a realidade?  Ensinar desde cedo que a única certeza que podemos ter, em nossa permanência aqui, é que vamos partir. Uns mais cedo, outros mais tarde, uns calmamente, outros dolorosamente, ou até tragicamente.  Será que enfrentaríamos as despedidas eternas, melhor?

Sei que quando a possibilidade de um reencontro, um rever,  é incerto e não crível, tudo fica mais difícil e triste. Por mais que saibamos que chegou a hora, que a pessoa estava sofrendo muito, já tinha muita idade, a despedida  é dilacerante.

Dia 18/12/2024 às 08:40  minutos, de uma quarta-feira nublada, meu amado filho deu seu último suspiro, já sedado. Consegui, ainda lhe dizer do meu imenso amor, que ficaria eterno em mim e que fosse em paz, que nossos entes amados e espíritos amigos iriam lhe acolher.  Foi desesperador assistir  seu sofrimento, sem conseguir minorar sua dor.  Meu querido foi muito valente. Lutou até o fim, querendo viver e curtir o que a vida ainda poderia lhe oferecer. Ficaram coisas não ditas, um vazio e uma tristeza avassaladoras.

Ainda vou trilhar um longo caminho para conseguir me despedir melhor de tudo que ocorreu nestes últimos dois anos. Um filme de tristeza, terror, comédia e muita emoção pois foram encontros, situações, lutas, vivências e muito, muito aprendizado.  Há muita turbulência interna e, talvez, ainda leve algum tempo para eu conseguir me despedir  em paz, de tudo que vivi.



Cida Guimarães

25/12/2024

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

A Dor do Outro!

 
Quando parece que já vivemos tudo, novas situações, novos acontecimentos, demonstram-nos que não, e que ainda podemos nos surpreender, chocar,  entristecer e  questionar sobre nós mesmos, os outros, a vida e o porquê do que  ocorre-nos. Mil perguntas, suposições, nenhuma certeza ! 

Sim, a vida nunca é previsível. Há que lidar com  ambiguidades, e com a única certeza absoluta  de que somos todos finitos e que tudo se dilui, se perde, e se funde nesta verdade, que é nossa temporaneidade, nossa breve passagem por este mundo de provas e privações.

Restam muitos questionamentos:  O que levaremos conosco? O que ficará de nós?  Terá valido a pena? Perguntas, sem respostas pois precisaríamos ser  capazes de acessar  nossa pós- morte ou será nossa pós vida(?)para termos esta dimensão.

Todos este questionamentos tiveram como estopim ver meu filho convulsionar  por quatro vezes seguidas, e eu me sentindo impotente e desorientada para lidar com uma quase-morte. Já vi a morte muito de perto, por várias vezes, e eu não a temo. Só peço a meus anjos protetores que seja rápida, que não me deixe agonizando de forma que precise que outros me cuidem e sofram junto comigo.
Quando se trata de um filho amado, que já não tem mais possibilidade de cura, apesar de meu grande amor,  minhas orações são para que  Deus amenize e encurte seu sofrimento pois sua vida já não é mais vida, só uma sobrevida,  em meio a muita dor.  

Deve, entretanto, haver um propósito para tanto sofrimento. Nada é por acaso.  Provavelmente,  há penas a serem expiadas, há lições a serem aprendidas, há um roteiro a ser cumprido e o final virá quando as etapas tiverem sido finalizadas. Apesar deste meu entendimento, não fico tranquila, em paz. Meu coração chora a dor de minha impotência  em minorar a dor do filho e minha  incapacidade de entender as razões e papéis  a serem desempenhados.

Há  que ter empatia! É possível, realmente, colocar-nos no lugar do outro, ter uma dimensão do que o outro sente, o que ocorre em seu interior, sentir a mesma dor? Óbvio que não. Por mais que busquemos entender e estar solidários só temos uma pálida ideia do que o outro sente. Não somos os mesmos, não temos a mesma história, o mesmo retrospecto,e nossa percepção será sempre distinta.

Há que seguir!  Apesar de considerar o processo  doloroso, consolida-se minha visão atual contra  a eutanásia. Não podemos encurtar, abreviar a vida por mais dolorosa que a mesma seja. Há que  viver, cada momento, cada segundo,  que nos é dado, buscando  fazer nosso melhor. Estar vivo é uma dádiva  e temos que cumprir nossa missão. 

Cida  Guimarâes
 11/12/2024

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

RENASCER!

Renascer
Quem nunca desejou nascer de novo, recomeçar  do zero, fazer novas escolhas? Acredito que, em algum momento, negro, de nossas vidas, esta ideia  cruzou nosso pensamento, mesmo como um flash...

Entretanto, somos oferecidos, a cada dia, um renascer, uma página, em branco, para escrevermos uma nova maneira de ser e agir. Nos damos conta disto, ou vamos adiante, como autômatos, seguindo um script, que não foi analisado, e/ou questionado?

Acredito na reencarnação, na possibilidade, a nós ofertada, por este Deus misericordioso,  de uma nova chance de remissão  de nossas culpas, de nova tentativa de regeneração e crescimento.

Esta noção  alimenta meu ser,  me realinha, me dá forças  na compreensão que tudo tem sua razão de ser, e que há que observar, aprender e renascer com as pedras, nas quais tropeçamos, e  com as que bloqueiam nossa caminhada.


Cida Guimarâes
25/11/24

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

VIDA & MORTE

Vida & Morte!



Quando recebemos prognósticos terminais sobre seres amados,  começamos a viver a morte, por antecipação. Morte, que na realidade é parte da Vida. Não há vida sem morte;  tudo precisa morrer para voltar a viver. Sabemos disto!  Entretanto, vivemos como se nunca fossemos morrer.

Damos valor a coisas vãs, descartáveis, nos preocupamos  com banalidades,  e somente quando  a vemos tão de perto,  nos damos conta da inutilidade de tantas coisas.

Estou vivendo  isto pela segunda vez. É um  perder a conta-gotas, sofrendo  a cada novo evento, como uma despedida. É estar, sempre, em estado de alerta, perdendo por antecipação.

Que difícil viver  com medo,  mesmo tendo a noção, que a morte não é um fim a ser temido, evitado, a todo custo, e sim, mudança, troca de estado,  de matéria, para puro espírito, e que temos que buscar encontrar a luz, a paz, a regeneração.

Vida e morte são complementares, dois lados de uma mesma moeda. Se é a única certeza que podemos ter, que todos iremos morrer, por que não a naturalizamos e encaramos como  previsível, sem drama, como uma separação temporária?
Não tenho esta resposta. Você tem? Comente, dê seu ponto de vista.


Cida Guimarães
19/11/24

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

FINADOS!

Dia de Finados!

Dia dos mortos, findos, que não  estão mais entre nós.  Finados? Não, não gosto deste nome, não me parece apropriado.

Quando falamos em algo que está finado, pensamos em acabado, extinto, e para mim,  meus amados não estão finados, estão,  sim, todos, muito vivos em mim. Suas almas, também  permanecem vivas, só mudaram de estado, de nível, de vibração.

Uma oração para todos meus queridos, que, hoje, estão em outro plano, mas bem vivos, eternos,  em meu coração.

Muita paz e luz, sempre!

Cida Guimarâes 
02/11/24
  

sábado, 26 de outubro de 2024

Bom, Ruim ou ambos ?

 Bom, Ruim, ou ambos?


Acredito que tudo, sempre, tem dois lados. Nada é,  por si só, bom ou ruim. Talvez, no momento,  não consigamos ver o outro lado de algo, mas depois, com distanciamento,  constatamos  o que, no momento, passou despercebido.

Ficamos tão empolgados ou massacrados com o  ocorrido,  que nossa capacidade de olhar, além do fato, fica toldada, e não  temos isenção suficiente para ver suas implicações  positivas e/ ou negativas.  
Somente com o passar  do tempo, e com as emoções já apaziguadas, conseguimos ver o que ganhamos com determinada perda, e o que perdemos com o que nos parecia  tão maravilhoso. Só  então, conseguimos analisar, colocar tudo na balança, e constatar os ganhos e perdas de  nossas escolhas.

Esta dualidade nos ensina a apreciar as situações,  e seus ensinamentos, sem prender-nos em  opiniões pré-estabelecidas,  juízos de valor, anseios acalentados e projetados, e  também a termos mais isenção, distanciamento, em nossas análises e julgamentos.


Cida Guimarães 
10/10/24

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

ESPERA


ESPERA!

Na sala de  espera do bloco cirúrgico, ansiedade e muito nervosismo , mesclando-se,  cabeça a mil, fico a pensar  que nossa vida é  feita  de esperas, .e eu já idosa,  ainda não aprendi a esperar. É muito aflitivo!  Provavelmente, não será nesta  vida que vou aprender a esperar!

Quando pequenos temos crenças infantis,  lindas e cheias  de encanto, e aguardamos com muita ansiedade estas datas, plenas de magia; depois,  nossa  espera ansiosa para termos  a idade certa, e estarmos aptos a fazer tudo que aspiramos. 

Espera se  para  nascer, viver, crescer, ser feliz e, finalmente, morrer, e ainda assim, não aprendemos a esperar. Eu, pelo menos, ainda não, e tampouco a fazê-lo,  sem expectativas, sem um cenário já delineado, pleno de felicidade,  ou carregado de desventuras.

Sofre-se por antecipação e  muitas vezes, não  apreciamos o suficiente  nossas bençãos  por  as termos sonhado ou pensado distintas.
Fazemos cursos  de meditação, mindfulness  e, ainda assim, não aterramos no hoje, no agora, que é só o que temos realmente. Difícil  espera!

Cida Guimarães
25/10/24

sábado, 7 de setembro de 2024

VIDAS COMPARTILHADAS


Segundos, minutos, horas,  que  arrastam-se ao som de monitores, que bipam,  balões de oxigênio que pingam, luzes que se acendem, e portas que abrem e fecham. Sempre tem alguém  entrando ou saindo,  e você acostuma-se a rotina de aventais, luvas, máscaras, álcool, sons, bipes, conversas, lamentos, etc.

Neste universo impessoal, frio, sanitizado, protegido, mas carregado de emoções, há um batalhão múltiplo de trabalhadores da saúde, e outros milhares de sofredores, doentes, de todos os tipos e graus. É vida nascendo, sofrendo, lutando, e morrendo. É  paixão, alucinação, doação. É  comunhão de vida, de dor, de compaixão!

Em dias, semanas  e,  às  vezes, até meses, vivemos,   observamos e compartilhamos  momentos, dores, casos, em múltiplas histórias,  que nos levam a meditar, a rever posições,  a olhar para o que temos  de privilégios, a crescer,  e aprender, e, a cada vez mais,  valorizar, cada minuto de nossas  vidas, e  nossas bençãos.



Cida Guimarães
08/09/2024

domingo, 30 de junho de 2024

Vivendo o Hoje"

    
                              Minha Reflexão do dia é "CARPE DIEM" . Curta o Hoje!



Com a mente vazia  de ideias, sem inspiração, fico só olhando este mar caudaloso,
que vem com fúria lavando a praia, tomando espaços,  que seriam seus de direito. Me maravilho, espanto, e me espelho  nesta natureza linda, e que nos diz tanto sobre nós mesmos.

Sim, somos, também, como este mar bravio e incontrolável. Tomados por nossas emoções, muitas vezes avançamos em territórios outros, destruímos  cercas  de proteção, causamos estragos profundos.

Sempre a dualidade entre a falta e o excesso, a força e a fraqueza, o cheio e o vazio, a tagarelice e o silêncio, o muito e o nada, e nossa eterna insatisfação com o que vivemos, no momento.

Olhamos para o que falta e não  para o que temos e vivenciamos,  e deixamos de curtir a beleza do que é.   Há que apreciar  cada estado de vida, por mais difícil e doloroso que seja, pois ele nos leva a entender o seu oposto, e a  valorizar  o que nos proporciona de ensinamento.



Cida Guimarães
30/06/24

sexta-feira, 7 de junho de 2024

CERTEZAS

  



Hoje tenho muito poucas.  Tenho mais dúvidas  e questionamentos. Talvez as poucas certezas  que permanecem são  a de que Deus existe, e está em cada um de nós, e nesta  natureza linda, e que nos fala, através  dela,  às  vezes lindamente;  outras,  tempestuosamente.

Deus é  esta linda energia de amor!

Tenho certeza que a vida é  linda em sua feiura, e muito, muito curta,  e que não podemos nos atrelar às nossas certezas, que serão sempre  mutáveis, questionáveis, já que os outros,  e  tudo mais, serão, sempre,  incógnitas a serem  desvendadas, compreendidas , avaliadas, aceitas  ou não, mas respeitadas, mesmo que opostas as  nossas.

Portanto, vamos nos livrar de ideias arraigadas,  conceitos limitantes, juízos de valores,  ser e dar nosso melhor,  deixar  o juízo sobre os demais de lado, curtindo esta breve vida, com fé, coragem e vontade de aprender e ser melhor.


Cida Guimarães
09/06/24



terça-feira, 14 de maio de 2024

Corrente de Amor!



 Que sensação estranha nos sentirmos culpados por não estamos participando, ativamente, de algo trágico, desesperador! 

Sim, quando a tragédia de um desastre ambiental, de proporções inimagináveis, atinge tua cidade, teu estado, deixando ambos devastados, milhares de pessoas, desabrigadas, mais de uma centena de mortos, quase meio milhão de cidades atingidas e parcialmente destruídas, centenas perdidas, você se sente culpado por ser um privilegiado, por não ter sido atingido. 

Parece que estamos vivenciando dores em cadeia, sofrimentos  que se sucedem, não dando lugar à leveza, à felicidade, ao riso, ao prazer. Não sei se sou eu, que, desde 2020, venho vivenciando só dores, doenças e catástrofes, tendo minha sensibilidade  aflorada, ou se o mundo, realmente, está de cabeça para baixo e  tudo vem acontecendo, em uma sucessão mundial de horrores. São tragédias ambientais, guerras, conflitos.  A vida está difícil, os relacionamentos tensos.
O individualismo, a falta de empatia são males, desta época,  em que tudo é muito rápido, há pouca interação real, muita busca do prazer e satisfação instantâneos.

 Então toda esta tragédia trouxe a reboque um lindo sentimento de solidariedade, de amor, de empatia por esta parte do país,  que está sofrendo tanto. O Brasil vem, se mobilizando em  campanhas de doação para ajudar as milhares de pessoas que, hoje, se encontram em abrigos, sem saber para onde irão, e como conseguirão reconstruir suas vidas. Lindo ver este amor!

Nós, gaúchos, somos um povo aguerrido, batalhador, e vamos conseguir ir em frente e reconstruir nosso rincão. Não vai ser fácil, mas, com certeza, chegaremos lá.


Cida  Guimarães 
15/05/2024


sexta-feira, 3 de maio de 2024

Gratidão!

    GRATIDÃO!

 Gratidão  a Deus pela vida e tudo o que ela envolve, natureza, clima, pessoas, relacionamentos, emoções. É tão imprevisível, tão surpreendente!  No entanto, esta é a maravilha. Nos leva  dos picos de felicidade à tristeza, ao fundo do poço.

 Sim, gratidão, mesmo neste período doloroso, quando minha cidade, estado, foram devastados pelas águas, de uma maneira nunca imaginada.  Uma enchente que inundou Porto Alegre, e várias cidades. Piada?  Não, sou imensamente grata por meus filhos, minha família, não terem sido atingidos, por estarem sãos e salvos.

Experimentamos, às vezes, durante um mesmo dia, uma ampla gama de emoções. Tudo muda rapidamente, nada permanece igual, mas se você pensar bem, isso é Deus nos abençoando.

Sim, ele está nos permitindo vivenciar todo tipo de experiência, nos levando a desenvolver consciência, e humildade para lidar com  vantagens, como sucesso, fama, amor, dinheiro, sem nos sentirmos superiores, orgulhosos e insensíveis, mas ele também exige que desenvolvamos força para enfrentar as dificuldades, sem nos tornarmos vítimas.

Deus nos oferece as oportunidades necessárias para aprendermos, melhorarmos e, assim, nos tornarmos versões melhores de nós mesmos. Então vamos viver, aprender e agradecer!

Cida Guimarães
03/05/24

sábado, 27 de abril de 2024

E Agora ?





Divagações! Não me encontro. Só vejo restos, sombras do que fiz, do que fui, do que pensei, e acreditei.

Hoje, sou outra, e não sou; me gosto e me estranho, talvez, não saiba bem ainda quem sou. O que quero, ainda, para mim?  Está confuso, difícil de entender porquê está tudo mudando, muito rápido.

 Gosto desta nova mulher, mas receio suas escolhas. Me enredo em tantas histórias, que me envolvem, comovem.  Que incrível são os universos individuais. os sonhos, as quimeras, os devaneios!

Minha vida, meus sonhos, meus anseios também estão  em processo, nublados, se avolumando. Vou levando, buscando me achar. Há que persistir, não  desistir até  o sol sair. Já está despontando!



Cida Guimarães
10/04/24


segunda-feira, 8 de abril de 2024

MUNDO LOUCO !

 


Minha vida nos últimos anos não tem sido o que poderíamos chamar de vida mansa, mas acredito que ninguém tem uma. A gente até pode pensar que sim, mas estamos olhando de longe, não estamos vivendo a real situação do outro. 

Bem, desde o início da pandemia, acredito, para a grande maioria das pessoas  tudo virou de ponta cabeça. Para mim, foi guinada total.
Desestruturante! Uma sucessão de perdas, dores, conflitos internos, preocupações,  e sofrimentos reais.

Claro que minha sensibilidade aflorada me levou a escrever ainda mais, e  de 2021, em diante, comecei a redigir mais poemas, liberando meus sentimentos através da escrita, que sempre, para mim, foi uma válvula de escape. 

 Inacreditavelmente,  há cerca de dois meses, meus seguidores começaram a aumentar exponencialmente. Primeiro, fiquei envaidecida, feliz, que as pessoas estavam prestigiando meu trabalho; depois, um tanto assustada com a realidade,  temerosa, e por fim, apavorada.

Que mundo louco! Me dei conta, e foi bastante sofrido e decepcionante, que muitos me seguiam, e buscavam amizade,  sem nem terem lido ou pesquisado a meu respeito. Uma foto de perfil, que pode ser tão enganosa,  havia sido o  gatilho para despertar o interesse. Então,  me vi envolvida em centenas de pedidos de amizade, mensagens,  e muita loucura. 

No início, comecei a interagir e, brevemente, me dei conta da total insensatez de alguns.  Pessoas que juravam estar apaixonadas; outras, revelando por sua fala, estar  em busca de alguém para suprir sua carência, sua solidão,  física e espiritual.
Em resumo, há muita solidão e falta de perspectiva. Pessoas que se encontram perdidas, sem um ombro amigo para compartilhar suas dores e inseguranças.
 O apavorante são os inúmeros "scammers", (aproveitadores/ trapaceiros),que através de uma fala melosa, bajuladora, querem te levar a prestar favores, como compra de cartão, investimento,  etc... Não são só homens. Há muitas mulheres também. Imagina que houve uma que se dizia funcionária de Mark Zuckemberg, e  disse que minha página estava indo tão bem, que eu havia sido selecionada como ganhadora de um prêmio de incentivo de $ 1.000.000. Queria saber se eu preferia  pagamento cash ou ATM, Falei para depositarem em minha conta pois sendo esta profissional, possuem meus dados. Sumiu!

 Outra, havia sido enviada pelos meus ancestrais, que sabiam que eu estava passando por momentos difíceis , e que iriam me ajudar. Me mandou erigir altar,  fazer rezas, mas depois pediu uma doação para um orfanato.  

Há de tudo. Mundo louco, traiçoeiro! Você nunca pode ter certeza quem está interagindo com você, do outro lado da telinha. Então, tem que ter muito cuidado e se antenar para os sinais de que há algo errado.

 Esta incerteza te leva para um lugar de dúvida, de insegurança, de falta total de transparência. Restringi e tive que bloquear muitos, mas também conheci pessoas incríveis,  com  interações ricas, e linda troca de ideias. Sempre há o bom, o inesperado, então temos que ter cuidado, nos preservar, mas  não ficar cético, guardado de tudo, senão não iremos ver o belo, o surpreendente, e deixar lugar para que  a empatia, compreensão e amor aconteçam.

Quis fazer este relato, também para alertar. Os "scammers" usualmente têm perfis incompletos, escrevem mal, com muitos erros, querem e pedem para mudar de plataforma, e fazem juras de amor, quando ainda nem te conhecem.  
Cuidado. Antenas, sempre, ligadas.


Cida Guimarães

08/04/2024

 

sábado, 30 de março de 2024

SOLITUDE OU SOLIDÀO?


Como lidamos com nossa solitude?
E a solidão?
 Somos sozinhos ou solitários ?




Todos somos sozinhos.  Entretanto,  acredito que nunca estamos, totalmente, sós nesta difícil jornada de vida.

Temos nosso ego e  super ego nos fazendo companhia, analisando e criticando nossas  escolhas, raramente vibrando ou aplaudindo. Entretanto, somente nós
mesmos,  e após muito exercício de autoconhecimento, conseguimos acessar todas as camadas de nosso ser. Tenho longas, difíceis  discussões com as que considero  minhas pior inimiga, e melhor amiga - eu mesma. 
A melhor amiga não costuma me aplaudir. Sempre há um pequeno senão, e a inimiga contesta, argumenta, critica sem cessar.

Nossos seres amados, que já  partiram, mas permanecem vivos em nós são uma companhia, sempre presente. Lembramos o que fariam, e ou diriam em determinada situação. Nunca estamos, realmente sós.

Esta solitude é linda! Só quando temos momentos de solitude, escutamos a nós mesmos, temos inspiração e intuição. Gosto  e preciso de momentos a sós. 

Muito diferente de solidão. Esta independe de estarmos sozinhos,  com alguém, em grupo, ou no meio da multidão.  Considero terrível nos sentirmos sós, quando estamos com outros. O sentimento invade, fragiliza, mas, geralmente, toma conta quando estamos  mal com nós mesmos, a nossa auto estima está baixa, a moral no chão, e não temos perspectivas.
Ai este sentimento, sensação de não pertencimento, reconhecimento, e compreensão  nos domina e apequena. Não fazemos parte, somos uma ilha distante.

Precisamos de solitude, de meditação e silêncio  para mantermos longe de nós o triste sentimento de solidão.


Qual sua visão? Como você se sente?  

Cida Guimarães
30/03/2024


segunda-feira, 25 de março de 2024

Missão de Vida



Que viemos fazer nesta terra de penas e expiações ? 
Como direcionar nossa caminhada de forma que nossas escolhas façam sentido?
O curso das prisões astrológicas me levou a pensar de forma mais objetiva sobre a importância de definirmos nossa missão de vida. 

Acredito que durante nossos  anos escolares, a pergunta usual era o que queríamos ser, qual profissão iríamos seguir. Em momento algum nos levaram a pensar, ou cogitar que o que seríamos, teria que estar conectado a um propósito final, uma missão, a ser definida pelos nossos anseios mais profundos.  Deveríamos buscar uma profissão que fosse rentável, que desse projeção,  sem avaliar se  a mesma nos faria feliz, se, com ela, iríamos atingir nossos anseios. Não  cogitamos que o dinheiro teria que vir como consequência, e não ser nosso objetivo primeiro.

O problema é que para identificarmos nossa missão, primeiro, precisamos desvendar quem realmente somos, o que buscamos, o que nos libera a alma,  nos dá prazer, faz voar.

Devido às minhas poesias, tenho conhecido muita gente que me segue, e solicita amizade, e tenho ficado impressionada com as histórias de vida e desencanto de muitas. Alguns muito jovens, estão perdidos, em termos de trabalho e relacionamentos. Solitários, sem onde se apoiar, buscam um amor eterno no pior local possível, na internet. Outros, estão desiludidos por terem sido traídos,  tendo hoje, filhos, que estão sendo cuidados por babás, ou em escolas internas. Muitos deles, trabalhando  em países distantes, em ocupações que não são as ideais, ou desejadas.
 Muita desesperança, solidão!

Não  conseguiram identificar sua ferida mortal, e tampouco vencer as dificuldades, inerentes ao nosso viver, e não conseguiram ir  atrás de suas missões  de  vida, aquilo que realmente dá  sentido à  nossa jornada.

Você  já  se perguntou  qual sua missão? O que, realmente,  faria você  vibrar  de alegria, encheria sua alma de paz, tornando sua jornada leve? Caso  ainda não  tenha pensado, comece  a investigar.

Acredito que aos meus 77, estou descobrindo que minha alma sorri quando consigo  passar um pouco de minha experiência, e ajudar  outras pessoas a se encontrarem. Venho fazendo isto com meus textos e poesias, que traduzem, fielmente, meus sonhos e desventuras. 
A escrita me preenche, me ilumina. O contato com o outro, a troca, me acrescenta, dá sentido ao meu viver. Busca o que trará luz à sua vida.


Cida Guimarães 
25/03/24




terça-feira, 19 de março de 2024

INTERAÇÕES





 Que mundo é este que estamos vivendo?  Tenho interagido, muito, com pessoas de todos os tipos, que me  enviam solicitações de amizade. Acredito, devido às minhas postagens, que  estão em busca, desesperada, por terem alguém que lhes cure as feridas, dê consolo, suporte, amor....

 A grande maioria  são homens, de todas as faixas etárias (dos 43 até os 70), mas a maioria entre 45 e 65. Leem minhas poesias, se enganam quanto a minha idade e me contatam, sempre, de forma educada. Lógico, a pergunta  sobre minha idade é uma das que afloram, logo de início. Depois quando digo, minha idade cronológica, sem rodeios, ficam surpresos, às vezes desaparecem, ou saem com o chavão:  "Idade é apenas um número". Me divirto, imensamente, pois na realidade, não é. Não que eu seja etarista. Acredito que  a idade não define ninguém, mas tem várias implicações. Não podemos ser simplistas, e achar que enormes diferenças de idade, sejam em que tipo de relacionamento for, não tem suas implicações. Estranho é que as mulheres estão melhor com sua solitude. Não precisam tanto de alguém para reforçar seu ego, dar suporte, conforto, cuidado. É uma generalização, mas acredito que enfrentamos as dificuldades, com mais garra.

 A grande maioria, destes homens, têm vidas solitárias,  difíceis, estão carentes de carinho, atenção, uma palavra amiga e, então dizem, mas podemos ser amigos. São também atraídos pela ideia do Brasil. Talvez passe a ideia de mais abundância, permissividade, escape de sua realidade difícil.

 Se encantam por uma foto, não sabem nada da pessoa em questão,  e se declaram apaixonados. Que mercadoria fácil virou o amor! Como esta palavra está banalizada. Se declaram apaixonados por toda uma vida, sem sequer conhecer o outro. Juram uma fidelidade impossível de ocorrer, com todas as varáveis de um relacionamento que, possivelmente, nem sequer ocorra.
Esta experiência de interagir com meus seguidores tem sido muito rica em meu entendimento sobre nós, seres humanos.  Não nego solicitações de amizade. Acredito que quando alguém nos pede amizade, temos que dar um voto de confiança. Se não der certo, restrinjo, bloqueio.  Claro já encontrei pessoas menos educadas, outras com intenções escusas, mas já aprendi a identificar, com facilidade, perfis falsos, informações fraudadas, falta de autenticidade e  fragilidade de outros.  Muitos com problemas de uma expressão mais lógica,  uma escrita não clara, e dificuldade de compreensão. 

Por que estou me expondo a isto? Creio que é através de nossas interações que crescemos, nos conhecemos melhor, e abrimos possibilidade de expandir nossa influência e ajudar, com nosso entendimento, o outro a sair de suas prisões.  Também há encontros surpreendentes com pessoas com as quais aprendemos muitíssimo. Não podemos nos aprisionar em ideias preconceituosas, e nos fechar a maravilha de conhecer outro ser humano, com seus pontos fortes e fracos, assim como nós.

O que realmente me impressiona é a dificuldade que, hoje, as pessoas têm de se relacionar em seu habitat, com pessoas reais. Será o medo, a timidez, a falta de confiança em si mesmo, e nos demais? Parece que a Internet cria uma rede de proteção, quando na verdade  é o oposto, esconde perigos e armadilhas.
Sim, as interações neste nosso mundinho estão cada vez mais complicadas. Quanto mais nos escondemos atrás das telas, e de vários outros artifícios, mais 
difícil e truncada fica nossa interação com o outro. 

Há muitas barreiras reais e fictícias que impedem uma real interação. Há que tentar chegar no outro, entender sua realidade, sua percepção, sua visão de vida, de mundo. Só assim conseguiremos melhorar a nós mesmos, nossa realidade e, com certeza, o mundo será um lugar melhor de habitar, com menos intransigência, ódios, e guerras.


Cida Guimarães
19/03/24