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terça-feira, 4 de maio de 2021

Qual seu viés cognitivo?



Você  já  ouviu falar em viés  cognitivo? O que é? Quais  são os seus?

A expressão diz respeito a uma tendência de pensamento limitante que afeta decisões e julgamentos que fazemos. São filtros mentais, óculos que distorcem a realidade, armadilhas que nos levam a interpretar o mundo de forma equivocada e, consequentemente, nos fazem tomar decisões irracionais.

 O propósito da Psicologia Cognitiva é identificar os vieses cognitivos, ou seja, nossas tendências, pensamentos limitantes, preconceitos, que guiam nossas ações. Agimos, automaticamente, devido ao que está enraizado em nós.


A revolução cognitiva teve início com o trabalho de crítica de Noam Chomsky à teoria comportamental de condicionamento operante de Skinner, que focava nas influências externas, enquanto Chomsky, com sua teoria Cognitiva, foca na influência interna, na psique. 




Seu trabalho deu origem a várias ciências: neurociência linguística, inteligência artificial e antropologia que começaram a estudar como o cérebro humano processa informações. Grande parte dos achados gira em torno dos trabalhos de Daniel Kahnemann e Amos Tversky, que desenvolveram um programa heurístico de vieses cognitivos, demonstrando que a mente tem atalhos que levam os indivíduos a terem determinadas atitudes.  Kahnemann ganhou o  Prêmio Nobel por sua teoria, e escreveu o livro Rápido e Devagar. De acordo com sua teoria temos duas formas de atuar: 
1-Raciocínio rápido, com ação imediata (não questionamos nossa decisão); 
2. Consciente. Lento, com análise dos prós e contras.

Vejamos alguns dos vieses cognitivos:


1- Viés da Ancoragem (baseado em memórias)
Usar experiências passadas como referências para tomar decisões. Usamos fatos e acontecimentos que nos ocorreram, ou a outros, como base para nossas escolhas.

2-Viés da Informação( justificativa)
Buscar todas as informações possíveis, indecisão. Nossa experiência é mais válida do que a dos outros. Temos medo de fazer uma escolha errada, então buscamos coletar o maior número de dados /fatos.

3-Viés da Adesão (bandwagon)
Acreditar, porque a maioria acredita.  Ser uma  "Maria vai com as outras". Difícil discordar de um grupo coeso. A força da maioria. Se todos pensam assim, devem estar certos.

4-Viés da Pró Escolha
Justificar suas escolhas. Ver falhas nos outros, mas não enxergar os mesmos problemas, em si mesmo. 

5- Viés da Confirmação:
Pensamento seletivo; precisa que suas crenças sejam aprovadas; ignora, descarta o que as contradiga.

6- Viés de Positividade. Síndrome de Poliana, hiper otimista, não enxerga a realidade.

7- Viés de Resultado
Julga a qualidade de uma ação por um resultado obtido, não analisa tudo que estava envolvido. Não  olha o processo.

8- Viés de Excesso de Confiança
Assume comportamentos de risco, não avalia o perigo de uma ação ou atitude.

9- Viés do Placebo
Buscar, interpretar, e recordar tudo que confirma nossas opiniões e visão do mundo. 

10-Viés da Sobrevivência
Propensão de analisar uma situação, observando somente os casos positivos, não considerando o que não deu certo.

Um viés cognitivo é um erro sistemático em nosso pensar que limita nossa habilidade de pensar de forma divergente, e  que pode nos levar à  decisões irracionais, e um julgamento pobre e perigoso nos relacionamentos, sejam familiares ou de negócios.

Esta falha em nossa habilidade de lidar com as situações/problemas é causada pela complexidade do mundo e a quantidade de informações com  que temos que lidar indo, muitas vezes, além do limite de nossa atenção e capacidade de processamento, destas informações, o que nos leva a recorrer a atalhos para agir  mais rapidamente. Estas regrinhas de ouro, nem sempre são corretas, pois são geradas por motivações individuais, experiência prévia, emoções, e limites pessoais.

A maioria  dos especialistas acredita que vieses cognitivos se originaram  na época evolutiva, quando aqueles que  se encontravam em áreas desertas, agiam rápido, ao menor ruído nos arbustos, eram os favorecidos, ao contrário daqueles que esperavam e investigavam se era  mesmo um perigoso tigre selvagem, ou simplesmente um gato pré-histórico.

Há alguns passos para facilitar esta mudança cognitiva:

AVALIAR. Procure descobrir o que está errado, e qual o processo corrente. Observe com distanciamento. Temos que ter consciência deste componente automático que pode nos desviar da melhor decisão.

RECONCEITUAR. Explore a experiência de forma distinta. Olhe por outro ângulo. 

DESENVOLVER HABILIDADES. Desenvolva as habilidades necessárias para lidar com o problema.  Desenvolva estratégias para lidar com os pensamentos automáticos. Analise quais os pensamentos que são lógicos, e quais são baseados em temor, etc.

CONSOLIDAR AS HABILIDADES. Aplique os princípios às situações,  treine.

MANUTENÇÃO. Trabalhe até que as novas habilidades se tornem habituais.




Como escreveu Chekhov:

“O ser humano vai melhorar se souber como ele, na verdade, é”.

Nosso trabalho de auto-conhecimento e desenvolvimento é uma jornada de vida. Cada dia descobrimos algo mais, e procuramos desenvolver nossa capacidade de lidar com nossas imperfeições , buscando superá-las.

Cida Guimarães

05/05/2021

quarta-feira, 31 de março de 2021

Compreendendo e analisando o ser humano: abordagens, teorias, pressupostos.....

 


 Como entender o ser humano em toda sua complexidade?

A Psicologia Moderna Aplicada, termo utilizado para designar uma  ampla gama de abordagens modernas, com perspectivas distintas, vem buscando, através de várias correntes de pensamento, entender as variáveis, que formam cada ser, em sua  forma única. Os psicólogos/terapeutas, geralmente, se especializam em uma ou mais linhas, em sua formação acadêmica, conforme seu alinhamento com os  pressupostos de cada teoria.  Não existe uma perspectiva que seja a melhor. Cada linha enfatiza diferentes aspectos do comportamento humano, e é importante considerar os diferentes achados e visões, adotando uma abordagem eclética,  abrangente, e coerente com nossa visão do desenvolvimento humano. Uma árvore  do saber; cada galho uma ramificação de teorias, suposições, conceitos.

Desde os anos 60 o campo da psicologia vem florescendo em um ritmo rápido, ganhando amplidão e escopo. Os processos mentais começaram a ser vistos com um olhar mais amplo e pessoas, que eram, nas décadas anteriores, consideradas malucas, precisadas de tratamentos de choque, e internação, passaram a ser vistas como indivíduos, com problemas, como os demais, que precisam  ser compreendidos, em suas intenções, em seus processos. Hoje, poucos psicólogos categorizam seu trabalho de acordo com uma especialidade ou perspectiva. Cada problemática pode ser vista de maneiras distintas. O profissional que enfatiza a perspectiva biológica vai olhar como o cérebro  e o sistema nervoso impactam o comportamento agressivo de seu paciente; o profissional  que enfatiza  a perspectiva comportamental vai olhar para as variáveis ambientais e de condicionamento; e aquele que utiliza uma abordagem  cultural, como as influências de raça, e sociais contribuem para a formação psicológica do ser. 

Algumas abordagens importantes:

1. Perspectiva Psicodinâmica/ Psicanálise, que se originou com o trabalho de  Sigmund Freud. Além  de  identificar que o ser humano luta, internamente, com duas forças vitais opostas. Eros (Vida/Amor) e Thanatos (mal/morte)  já  mencionados em uma postagem anterior.  enfatiza o papel da mente inconsciente. 

Freud concebeu a mente com 3 (elementos) chaves:

ID: parte da psique que inclui os  desejos primários e inconscientes. Irracional, desconectado, reativo;
Ego:  que lida  com as demandas reais. Intelectual, focado, racional e emocional;
Superego: Gerencia os códigos morais internalizados, padrões e ideais.
 Reflexivo, filosófico, consciente. Apesar  desta perspectiva psicodinâmica não ser dominante, atualmente, ainda é uma ferramenta útil.

2. Perspectiva Comportamental. Foi fundamentada no trabalho de estudiosos e psicologistas como  Skinner, Thorndilke sendo baseada  na teoria de condicionamento.  Estímulo, resposta, reforço. Esta abordagem foi dominante no início do século XX, mas começou a ser contestada nos anos 50. Ela é baseada em comportamentos observáveis ao invés de estados internos. Somos condicionados a partir de vivências repetidas. Somos o resultado de nossas experiências.


3. Perspectiva Cognitiva - Surgiu nos anos 60 e veio  contestar que nossos comportamentos e aprendizados sejam somente  condicionados, colocando o foco nos  processos mentais e como a informação é adquirida, processada, e utilizada. Influenciado por Jean Piaget e Albert Bandura cresceu muito nas últimas décadas. Piaget privilegiava a maturação biológica e suas fases de desenvolvimento cognitivo. Lev Vygotsky,  o ambiente social como predominante e a importância do outro em nosso desenvolvimento. A construção é mediada pelo interpessoal.

"Através dos outros, nos tornamos nós mesmos."  VYGOTSKY

4. Humanista- Carl Rogers e Abraham Maslow. Uma reação à teoria behaviorista. Auto realização do homem e suas necessidades básicas. Teoria centrada nas pessoas. Quando nos aceitamos como somos, então mudamos. Olha o indivíduo como um ser único.

5- Cognitiva- Comportamental TCCAlbert Ellis  e Aaron Beck. Nossos pensamentos são a origem de nossos problemas, e  ao identificarmos nossos pensamentos e ideias limitantes podemos mudar. Abordagem objetiva e pragmática. Há um curso  (página e postagens sobre esta abordagem)neste “blog”.


6- Psicologia Analítica de  Carl Jung e seus arquétipos. A importância de identificar  nosso padrão de comportamento, imaginação ativa. Papel dos sonhos e do imaginário.

Carl Gustav Jung classificou arquétipos universais, míticos, que residem no inconsciente de todo ser humano e guiam suas ações. Ele afirmava que a evidência empírica não era a única forma de estabelecer a verdade psicológica. Descrevia o Inconsciente Coletivo, sugerindo que parte da mente inconsciente é herdada, e não formada pela experiência.

 São 12 arquétipos:

1- O Rebelde: Busca contrapor o "status quo", quebrar as regras, busca mudanças

2- O Palhaço: Busca o divertimento, agradar os outros, brincar

3- O Amante:  Quer estabelecer conexões, construir relações significativas

4- O Cuidador: Cuidar e proteger, generoso, doador

5- O Normal: Médio, regular, quer enquadrar-se, e pertencer ao meio

6- O Inocente: Quer ser amado, cuidado e aceito

7- O Regulador: Cria ordem, estrutura, disciplina e estabelece limites

8- O Sábio: Entender a vida e as pessoas sem omitir opiniões

9- O Mágico: sonhador, não prático, espiritual e idealizador

10-O Herói: Audaz, confiante, arrogante, quer consertar tudo

11- Criativo: Tem uma visão criativa, geralmente não prática

12- O Explorador: Quer encontrar realização através das experiências.

Todos nós temos pessoas que nos inspiraram, inspiram, nossos modelos, padrões de ideal a serem seguidos. Quais  são/foram os seus? Quais te motivam, te movem?  Os arquétipos não são nossa identidade e sim padrões que nos influenciam. Temos que identificar os mesmos, e ver quais continuamos a seguir e quais temos que abandonar ou lutar contra.

7- Gestalt Terapia- Visão holística do homem e do mundo: sentir, pensar e agir.

As frases de Fritz Perls continuam sendo inspiradoras até hoje. Fritz Perls, sua esposa Laura Perls e o sociólogo Paul Goodman foram os criadores da Gelstat Terapia e sempre encorajaram o ser humano, através de uma abordagem criativa, a valorizar as sensações, as emoções e uma atenção plena, para alcançarmos o bem-estar nas diferentes áreas da nossa vida.

Há ainda as perspectivas Biológicas e  multi culturais. É importante conhecer as diferentes correntes de pensamento, seus pressupostos e o que há de relevante a ser considerado.

Hans Eysenck, psicólogo nascido na Alemanha, mas que viveu na Grã-Bretanha foi  importante por seus trabalhos sobre inteligência e personalidade, e publicou o Questionário de Personalidade. Falava das 3 dimensões da personalidade, e a importância de identificarmos as características dominantes para podermos trabalhar e desenvolver o que nos falta.

1- Extroversão- Introversão

2- Estabilidade- Neuroticismo

3- Psicoticismo                        


 O comportamento neurótico tem origem em emoções não controladas. Não é uma doença mental, e é passível de mudança desde que descobertos os gatilhos e forma de lidar com os mesmos.  

 Você consegue distinguir em que escala você geralmente se enquadra?  Triângulo direito, esquerdo, alto, baixo? O que é preponderante? Podemos ser introvertidos em algumas situações/ extrovertidos em outras, estáveis, neuróticos, etc.? Mas qual é nossa  tendência usual? No passado, qual era sua categoria de personalidade? O que mudou? O que você acredita que poderia/ deveria melhorar? Como sua categoria de personalidade lhe serve hoje? Como você poderia alterá-la? Qual seriam os passos?

Há algumas  pressuposições que precisam ser analisadas. Com quais você concorda, por que motivo, e quais  você discorda? Quais são os fundamentos para suas escolhas?

Escolha SIM, (concorda totalmente); NÃO (discorda); talvez, a cada suposição, abaixo, e justifique suas escolhas. Com quais você tende a concordar integralmente, quais em parte, e quais você discorda. Por que razão?

1. As pessoas são processadores de experiências e não vítimas de circunstâncias. Todos podem fazer escolhas quando estiverem prontos para tal.

2. As pessoas não são entidades quebradas que precisam ser consertadas. Precisam ser entendidas. Todos podem aprender a serem melhores comunicadores.

3. Se as pessoas aprendem formas não saudáveis de pensar, podem, também, rapidamente desaprender. Todos podem desenvolver uma mente movida a desenvolvimento.

4. Cada pessoa é unicamente responsável por seus pensamentos, sentimentos, ações e comportamento. A responsabilidade gera empoderamento.

5. Não podemos controlar os pensamentos que entram em nossa mente, mas podemos escolher como vamos agir. Estamos a poucos passos de uma nova forma de ver as coisas.

6. Todos têm a habilidade de escolher um novo conjunto de hábitos, pensamentos e comportamento. Qualquer um pode aprender se houver um real desejo e empenho.

7. O sentido de nossas comunicações são determinados por nós. Precisamos observar e medir o calibre de nossas interações.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Vida ou Morte ?

 



Somos solares, luminosos, otimistas,  buscando o bem e direcionados a buscar nosso progresso, a nos tornarmos melhores, superando nossas falhas, e auxiliando os outros em suas caminhadas?  ou somos mais densos, pessimistas, vendo sempre o lado negro de tudo, nos boicotando, escolhendo o que nos traz prejuízo? Ou será que alternamos comportamentos? O que é preponderante  em nós?  

A perspectiva psicoanalítica enfatiza as forças ocultas dos níveis inconscientes de nossa psiquê que se originam nos anos iniciais de nosso desenvolvimento.  Teoria desenvolvida por Sigmund Freud, médico neurologista, psiquiatra, de origem judaica, nascido em  06 de maio de 1856 em Priibor,Tchequia,  que na época pertencia a Áustria. 



Foi o criador da Psicoanálise. Iniciou seus estudos pela histeria e elaborou a tese que a mesma era psicológica e não orgânica. Esta tese serviu de base para  outros conceitos, como o do inconsciente. Ele acreditava que o desejo sexual era a energia motivacional primária. Sua obra  fez surgir uma nova compreensão do ser humano, como um animal dotado de razão imperfeita e influenciado por desejos e sentimentos.  Partia do pressuposto de que quando entendemos nossa mente inconsciente, incluindo nossas crenças, hábitos, necessidades e motivações podemos ajudar outros a fazer mudanças em suas percepções da realidade.

 Partindo deste pressuposto os seres humanos são pecadores por natureza. De acordo com a Teoria da Pulsões de Freud, operamos ou a partir de nosso instinto de Vida "Eros"  ou de Morte "Thanatos", e estamos conscientes ou inconscientes, deste fato.

 

Quando operamos a partir de  nosso Eros (instinto vital) ,  estamos plenos de vida, lidamos com a sobrevivência básica, prazer e nossos  instintos de preservação e reprodução, algumas vezes chamados de sexuais, que também incluem a sede, a fome, assim como evitar a dor. A energia criada pelo instinto da vida é conhecida como libido. Os comportamentos associados ao instinto da vida incluem amor, cooperação e outras ações pró- sociais.  

Quando somos guiados pelo  instinto de morte/pecado, "Thanatos" somos auto centrados, e nosso comportamento é destruidor. Vivemos  presos a eventos passados. Este instinto foi inicialmente descrito por Freud em seu livro "Beyond The Pleasure Principle". Fala que as pessoas experimentam Thanatos após um evento traumático, e que temos um desejo inconsciente de morrer. Comportamentos autodestrutivos são criados pela expressão do instinto da morte. Quando esta energia é direcionada aos outros é expressa como agressão e violência.

Além de estudar  os sonhos, o papel de identificação na família  através dos complexos de  Édipo e Electra,  distinguiu 3 tipos de consciência, com seu modelo Iceberg



Mente consciente> pensamentos, percepções, suposições

Mente subconsciente> onde arquivamos informações/conhecimento, medos, moralidades

Mente inconsciente> fundação invisível, nos direciona, mas não temos consciência: necessidades egoístas, crenças irracionais, motivos violentos e experiências vergonhosas

Vivemos, sempre uma batalha entre VIDA E MORTE, e fazendo escolhas que trazem mais vida ou mais morte. 

Podemos entender esta ideia em um nível consciente, mas leva tempo até sermos capazes de utilizar nosso conhecimento empírico de maneira a mudar nosso comportamento; envolve tempo, análise e determinação. Julgamos outras pessoas pelo que dizem ou fazem, mas queremos ser entendidos por nossas intenções. Temos que  buscar entender as intenções que geram as ações e reações, nossas, e dos demais.   Fazemos escolhas, por vezes, de forma inconsciente, que revisitam nosso lado sombrio. Esta é nossa jornada de vida. Identificar o que jaz em nosso subconsciente, que  nos direciona, e nos faz ter reações, e atitudes equivocadas, aprender a domar nossos impulsos, identificar sua origem, e melhor direcionar nossas atitudes.

 Quando somos capazes de identificar nosso lado sombrio, destruidor, trazendo a tona os pensamentos e ideias negativos, tornamos consciente tudo que nos puxa para baixo, nos retém e impede  nosso desenvolvimento,  temos, então, as armas para trabalhar nosso progresso pessoal, e espiritual, e somos, finalmente, capazes de desenvolver nosso lado Vida, florescendo como pessoas.

Viva a VIda !

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Qual o sentido da vida?


Perguntas que o homem vem se fazendo, desde os primórdios da humanidade:
 Quem sou eu?  Qual o sentido de viver? Qual meu papel nesta vida? O que devo buscar?

 No século V,  Sócrates(470-399)filósofo grego, e primeiro pensador do trio Sócrates, Platão, Aristóteles), e também o primeiro a estabelecer os fundamentos filosóficos da cultura ocidental diz: 
" Conhece-se te a ti mesmo"; "A chave da felicidade é a descoberta de nosso Eu verdadeiro". 


Platão (427 a 347 AC) 2º do trio, estava Interessado na filosofia moral. O idealismo Platônico é o que há de mais marcante em sua obra. Ele acreditava que nascemos com conhecimento total em nossa alma imortal, e  que a aprendizagem verdadeira é um processo de pensamento abstrato, de reflexão íntima. Dizia  que nosso conhecimento sobre a matéria,  obtido pelos sentidos, é enganoso. "Os olhos do espítrito só começam a ser prenetrantes quando os do corpo principiam a enfraquecer. "



Aristóteles, 3º do trio, aluno de Platão, identificou a conexão entre a mente, o corpo, e a alma. Para ele corpo e alma eram inseparáveis. Para compreender a base da ética Aristotélica, precisamos conhecer e entender seus conceitos principais:

 Todo o ser humano busca  "Eudaimonia", termo grego que significa o estado de ser, habitado por um bom "daemon", um bom gênio, ou seja, felicidade e bem-estar, e, consequentemente, nosso florescimento; a sabedoria prática, nos capacita para uma vida virtuosa;  só nos tornamos seres humanos melhores, através da prática.

 Então temos que nos perguntar: o que é virtude?  Na concepção Aristotélica é o traço de caráter que capacita  uma pessoa a florescer. O florescer é um conceito holístico, que engloba o ser humano em todas as suas capacidades. Precisamos  prosperar,  nas seguintes áreas da vida para realmente florescer:

a) Como pessoa, em nosso físico e emocional;
b) em nossos relacionamentos, pois somos seres sociais;
c) em nossa capacidade criativa, buscando conhecimento, e usando nosso raciocínio.

Aristóteles:" A vida virtuosa traz felicidade. Precisamos florescer."

 Há inúmeras  correntes de pensamento,  que contemplam a vida de diferentes formas:

Platonismo:  Aprenda e cresça em conhecimento

Aristotelismo: Seja bom e viva bem. Seja virtuoso. Refletir, ter mais responsabilidade

Cinismo: Seja auto suficiente, desprezo por comodidades, convenções

Hedonismo:  Seja tão feliz quanto possível, prazer o bem supremo

Epicurismo: Viva a vida sem dor ou sofrimento, indiferença quanto à morte

Liberalismo Clássico: Defenda a liberdade individual e social

Kantianismo:  Seja para os outros o que queres que sejam para você

Niilismo: A vida não tem sentido, redução ao nada, não existência

Pragmatismo: Salve seus compatriotas; a verdade depende do êxito prático

Teísmo: Siga o desejo de Deus

Existencialismo: Decida e faça o seu melhor. inclusão da realidade concreta do indivíduo

Humanismo: Aja em seu próprio interesse e objetivos comuns

Positivismo social: A Vida não tem sentido até você dar um.

De acordo com estas diferentes filosofias de vida, surgiram diferentes teorias, e escolas. As duas primeiras escolas de Psicologia, como ciência independente, foram: 

A Estruturalista e a Funcionalista.

 Wilhelm Wundt (1832-1920) foi o fundador da psicologia, como ciência independente, e experimental. Usou  a auto-análise como uma abordagem para a pesquisa psicológica.  Para ele os processos da vida mental, como o pensamento, só podiam ser entendidos através da análise dos fenômenos culturais. "Eu falho e me desprezo por falhar; eu tenho sucesso e abandono meu eu verdadeiro.".  Foi o início da Psicologia Estruturalista. Sua análise incluía métodos comparativos da antropologia e da filosofia. Sua tese, que levou ao desenvolvimento do método estruturalista, estava baseada na ideia de que há uma estrutura da mente humana, que indiferente às mudanças subjetivas, de  cada indivíduo, é subjacente em qualquer ser humano. 

 Aluno de Wundt, Edward Bradford Titchener é considerado o principal responsável pela divulgação do Estruturalismo, nos Estados Unidos, redefinindo a psicologia no campo das ciências experimentais. Para ele "ir além da experiência do sujeito significa a busca de justificativas  fisiológicas para os fenômenos da vida mental". Estudou vários elementos da consciência. O estruturalismo tem como base a introspecção, e os argumentos contra  sua teoria  são  a falta de confiabilidade. 

Em 1913 John B. Watson  afirma que a introspecção não tem um papel importante. Diz: Para escapar ao desespero, eu preciso aceitar quem eu sou." Ser o que sou é oposto de desespero."

O funcionalismo, que estuda como a consciência muda,  dependendo do ambiente,  surgiu em resposta, e em oposição ao estruturalismo, tentando explicar os processos mentais de maneira mais sistemática e precisa.  Foi influenciado  por William James e Charles Darwin. Conforme  o Estruturalismo a vida mental  tem início com a vida, é inata.  Fundaram com o funcionalismo o primeiro laboratório psicológico. Começou a discussão entre Natureza (os problemas são da natureza humana) ou  Criação(foram adquiridos durante a vida e podem ser revertidos).  Psicologia Funcionalista  foi representada por Dewey(1859-1952) Angel (1869-1848) e Carr (1873-1954.  Esta corrente redefiniu a psicologia como uma ciência biológica, interessada em estudar os processos, operações, e atos psíquicos, como formas de interação adaptativa. Para os psicólogos funcionalistas, a mente podia ser estudada através da observação de comportamentos.  A base é evolutiva (natureza); os seres vivos têm características orgânicas e comportamentais coerentes, com sua adaptação ao ambiente.Daí em diante surgiram várias teorias e escolas.

A Psicologia Moderna Aplicada faz uso conforme a linha preferida do terapeuta, e necessidade do paciente de muitas das abordagens, abaixo descritas:

Psicanálise- desenvolvida por Sigmund Freud: esta teoria busca descrever as causas dos transtornos mentais. De acordo com Freud o ser humano funciona por meio de duas  pulsões inatas: a sexual e a da morte. Freud desenvolve toda a sua teoria pelos níveis de consciência, modelo estrutural de personalidade, mecanismos de defesa, e fases do desenvolvimento psicossexual. A análise acontece a partir das associações do paciente.

 Psicologia Analítica de Yung: Yung discorda de algumas teorias de Freud. Objeto do estudo são os sonhos, a conversa gira em torno dos problemas  do paciente, Para estimular a imagunação, são usadas técnicas ligadas às artes, como pintuas,  e esculturas;

 Behaviorista, comportamental, com  Bunhus F. Skinner ( 1920) . Skinner baseou sua teoria nos estudos de Pavlov (30 anos antes). De acordo com sua teoria o comportamento humano é aprendido através de condicionamentos. Há 2 tipos de condicionamentos. O condicionamento clássico, que ocorre ao nível inconsciente, e o condicionamento operante, quando somos treinados para operar de determinada maneira. Conforme a corrente behaviorista, nosso comportamento é aprendido e reforçado através de estímulo-reposta e reforço, que pode ser positivo e/ou negativo. O behaviorismo foi muito usado no ensino, sendo mais tarde  colocado em cheque pela escola cognitiva.Trabalha com o comportamento das pessoas. O ser humano muda seu comportamento de acordo com o ambiente em que está inserido. É eficiente para pessoas com quadros de ansiedade, pânico, dependência química, e problemas de aprendizagem.

Humanismo de Carl Rogers: Baseada na aceitação, no conceito de que só conseguimos mudar quando assumimos a nós mesmos. " O paradoxo curioso é que quando eu me acieto como eu sou, então, eu mudo. " O humanismo acredita que toda a pessoa tem capacidade de crescimento e desenvolvimento. O terapeuta não direciona, mas cria um ambiente acolhedor e empático, onde o paciente possa se desenvolver na direção que escolher e ser quem realmente é, gerando confiança e auto-confiança. Em 1951, Carl Rogers publica a terapia centrada no cliente,  e em 1961 o livro " On becoming a Person".

 Mais tarde Viktor Emil Frank(1905-1987)l, um neuropsiquiatra austríaco, funda a escola vienense de psicoterapia, a Logoterapia e Análise Existencial. Este método terapêutico é baseado na busca pelo sentido da vida. Escreveu o livro Em Busca de Sentido ( 1946). Frankl dizia: " Entre o estímulo e nossa resposta, há um espaço. Neste espaço está nosso poder de escolher nossa resposta, Em nossa resposta está nosso crescimento e nossa liberdade. "

Psicoterapia corporal ou Reich: Toda a mobilização emocional libera uma reação corporal e vice versa. Com isso Reich descobriu que todo distúrbio psicoemocional está associado a disturbios corporais. O terapeuta trabalha não só com conversas, mas por meio de modificações corporais, respiração e relaxamento;

 Cognitivo - Comportamental ou TCC: Desenvolvida por   Aaron Beck, a partir do fato que cada pessoa tem sua forma de ver o mundo, e quando esta forma muda para uma forma autodestrutiva, o terapeuta precisa ajudar o pacente a voltar a ter uma visão de mundo mais adequada para enfrentar os estímulos externos;  o foco é mudar pensamentos disfuncionais, aqueles que nos fazem perder a fé em nós mesmos ( leia mais na página de TCC);

Gestalt Terapia: Surgiu entre os anos 50 e 50. Sua teoria tem uma visão mais integrada, colocando em foco mente e corpo como uma unidade, sem cisão. Visão holísitca do homem e do mundo, onde um afeta o outro. Acredita que o pensar, sentir e agir precisam estar em sintonia, e serem respeitados para que haja saúde. É focada no presente. O profissional procura ouvir com atenção em gestos , postura, e expressóes faciais do paciente.

A conclusão  é que não existe uma psicologia, e sim "as psicologias". Não há uma que  seja  a certa,  a perfeita, e sim, precisamos utilizar nosso conhecimento de todas as correntes de pensamento, e todas as teorias para utilizar o que for melhor, e mais apropriado ao paciente,  ao seu momento, e suas necessidades. 

 Este é o papel da Psicologia Moderna Aplicada .  Vai além das estruturas teóricas, e acadêmicas buscando:

 1. Conhecimento holístico do ser: seu caráter, hábitos, características, sentimentos, psiquê;

 2- Auto-regulação: leva o indivíduo a desenvolver seu auto-conhecimento, e desenvolver estratégias para se auto-gerenciar;

; 3- Consciência Social:  desenvolve a habilidade de identificar as atitudes, processos cognitivos, comportamentais, emocionais, e disfuncionais nos outros;

 4. Mudanças sociais e culturais: ao melhor se conhecer e se relacionar com os demais, ser capaz de facilitar mudanças sociais e culturais em seu ambiente

Temos que encontrar nosso sentido/ propósito de vida, nossa razão de ser, que os japoneses denominam de IKIGAI 
IKI= Vida; Gai = valor/sentido/propósito.

 



quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Quais são as grandes questões?

Quão grande queremos pensar?   Quais são as grandes questões?


Há uma grande diferença entre o que pensamos que é verdade, e o quê, realmente, é verdade. É necessário questionar sempre nossos paradigmas, nossas certezas.  A certeza é, sempre, burra.


A Psicologia Moderna Aplicada faz 8 perguntas básicas.


Quando nos perguntamos estas grandes questões, elas nos provocam a automaticamente pensar de uma maneira mais flexível e reflexiva, além de nossos parâmetros de referência. Tente você responder a estas perguntas, que serão exploradas, em próximas postagens.

1. O que é a mente e como ela trabalha?

2. Como as pessoas melhor se motivam?

3. Qual é a chave principal para resolver os problemas da vida?

4. Como podemos nos comunicar, com os outros, de maneira mais efetiva?

5. Como a mente influencia nossas experiências emocionais?

6. O que é inteligência, e por quê  isto pode nos interessar?

7. O que significa para o ser humano se  manter atualizado?

8.  O que é mais importante, a natureza humana ou a criação?

 Você é flexível em seu pensar?  Tem uma mente flexível?

Mentes flexíveis (elástico frouxo):

 Eu luto para manter uma mente aberta

Estou aberto a novas ideias e perspectivas

Há verdades além das que experimentei, que foram provadas por métodos científicos

Eu nunca formo suposições infundadas. Eu escuto com atenção para entender.

Dou tempo para que novas ideias se formem

Deixo as pessoas terminarem de falar, antes de julgar ou chegar a uma conclusão

Mentes Inflexíveis (elástico apertado)

Minha perspectiva é a mais importante.

Eu posso estar certo o tempo todo.

Não estou interessado em ouvir qualquer coisa que contradiga minhas opiniões, crenças ou visões de mundo

Rejeito ideias com as quais, discordo

Escuto para ter minhas opiniões validadas. Tenho medo de novos paradigmas

Prefiro provar que as outras pessoas estão erradas do que ter minhas próprias visões de mundo desafiadas e expandidas.