quarta-feira, 31 de março de 2021

Compreendendo e analisando o ser humano: abordagens, teorias, pressupostos.....

 


 Como entender o ser humano em toda sua complexidade?

A Psicologia Moderna Aplicada, termo utilizado para designar uma  ampla gama de abordagens modernas, com perspectivas distintas, vem buscando, através de várias correntes de pensamento, entender as variáveis, que formam cada ser, em sua  forma única. Os psicólogos/terapeutas, geralmente, se especializam em uma ou mais linhas, em sua formação acadêmica, conforme seu alinhamento com os  pressupostos de cada teoria.  Não existe uma perspectiva que seja a melhor. Cada linha enfatiza diferentes aspectos do comportamento humano, e é importante considerar os diferentes achados e visões, adotando uma abordagem eclética,  abrangente, e coerente com nossa visão do desenvolvimento humano. Uma árvore  do saber; cada galho uma ramificação de teorias, suposições, conceitos.

Desde os anos 60 o campo da psicologia vem florescendo em um ritmo rápido, ganhando amplidão e escopo. Os processos mentais começaram a ser vistos com um olhar mais amplo e pessoas, que eram, nas décadas anteriores, consideradas malucas, precisadas de tratamentos de choque, e internação, passaram a ser vistas como indivíduos, com problemas, como os demais, que precisam  ser compreendidos, em suas intenções, em seus processos. Hoje, poucos psicólogos categorizam seu trabalho de acordo com uma especialidade ou perspectiva. Cada problemática pode ser vista de maneiras distintas. O profissional que enfatiza a perspectiva biológica vai olhar como o cérebro  e o sistema nervoso impactam o comportamento agressivo de seu paciente; o profissional  que enfatiza  a perspectiva comportamental vai olhar para as variáveis ambientais e de condicionamento; e aquele que utiliza uma abordagem  cultural, como as influências de raça, e sociais contribuem para a formação psicológica do ser. 

Algumas abordagens importantes:

1. Perspectiva Psicodinâmica/ Psicanálise, que se originou com o trabalho de  Sigmund Freud. Além  de  identificar que o ser humano luta, internamente, com duas forças vitais opostas. Eros (Vida/Amor) e Thanatos (mal/morte)  já  mencionados em uma postagem anterior.  enfatiza o papel da mente inconsciente. 

Freud concebeu a mente com 3 (elementos) chaves:

ID: parte da psique que inclui os  desejos primários e inconscientes. Irracional, desconectado, reativo;
Ego:  que lida  com as demandas reais. Intelectual, focado, racional e emocional;
Superego: Gerencia os códigos morais internalizados, padrões e ideais.
 Reflexivo, filosófico, consciente. Apesar  desta perspectiva psicodinâmica não ser dominante, atualmente, ainda é uma ferramenta útil.

2. Perspectiva Comportamental. Foi fundamentada no trabalho de estudiosos e psicologistas como  Skinner, Thorndilke sendo baseada  na teoria de condicionamento.  Estímulo, resposta, reforço. Esta abordagem foi dominante no início do século XX, mas começou a ser contestada nos anos 50. Ela é baseada em comportamentos observáveis ao invés de estados internos. Somos condicionados a partir de vivências repetidas. Somos o resultado de nossas experiências.


3. Perspectiva Cognitiva - Surgiu nos anos 60 e veio  contestar que nossos comportamentos e aprendizados sejam somente  condicionados, colocando o foco nos  processos mentais e como a informação é adquirida, processada, e utilizada. Influenciado por Jean Piaget e Albert Bandura cresceu muito nas últimas décadas. Piaget privilegiava a maturação biológica e suas fases de desenvolvimento cognitivo. Lev Vygotsky,  o ambiente social como predominante e a importância do outro em nosso desenvolvimento. A construção é mediada pelo interpessoal.

"Através dos outros, nos tornamos nós mesmos."  VYGOTSKY

4. Humanista- Carl Rogers e Abraham Maslow. Uma reação à teoria behaviorista. Auto realização do homem e suas necessidades básicas. Teoria centrada nas pessoas. Quando nos aceitamos como somos, então mudamos. Olha o indivíduo como um ser único.

5- Cognitiva- Comportamental TCCAlbert Ellis  e Aaron Beck. Nossos pensamentos são a origem de nossos problemas, e  ao identificarmos nossos pensamentos e ideias limitantes podemos mudar. Abordagem objetiva e pragmática. Há um curso  (página e postagens sobre esta abordagem)neste “blog”.


6- Psicologia Analítica de  Carl Jung e seus arquétipos. A importância de identificar  nosso padrão de comportamento, imaginação ativa. Papel dos sonhos e do imaginário.

Carl Gustav Jung classificou arquétipos universais, míticos, que residem no inconsciente de todo ser humano e guiam suas ações. Ele afirmava que a evidência empírica não era a única forma de estabelecer a verdade psicológica. Descrevia o Inconsciente Coletivo, sugerindo que parte da mente inconsciente é herdada, e não formada pela experiência.

 São 12 arquétipos:

1- O Rebelde: Busca contrapor o "status quo", quebrar as regras, busca mudanças

2- O Palhaço: Busca o divertimento, agradar os outros, brincar

3- O Amante:  Quer estabelecer conexões, construir relações significativas

4- O Cuidador: Cuidar e proteger, generoso, doador

5- O Normal: Médio, regular, quer enquadrar-se, e pertencer ao meio

6- O Inocente: Quer ser amado, cuidado e aceito

7- O Regulador: Cria ordem, estrutura, disciplina e estabelece limites

8- O Sábio: Entender a vida e as pessoas sem omitir opiniões

9- O Mágico: sonhador, não prático, espiritual e idealizador

10-O Herói: Audaz, confiante, arrogante, quer consertar tudo

11- Criativo: Tem uma visão criativa, geralmente não prática

12- O Explorador: Quer encontrar realização através das experiências.

Todos nós temos pessoas que nos inspiraram, inspiram, nossos modelos, padrões de ideal a serem seguidos. Quais  são/foram os seus? Quais te motivam, te movem?  Os arquétipos não são nossa identidade e sim padrões que nos influenciam. Temos que identificar os mesmos, e ver quais continuamos a seguir e quais temos que abandonar ou lutar contra.

7- Gestalt Terapia- Visão holística do homem e do mundo: sentir, pensar e agir.

As frases de Fritz Perls continuam sendo inspiradoras até hoje. Fritz Perls, sua esposa Laura Perls e o sociólogo Paul Goodman foram os criadores da Gelstat Terapia e sempre encorajaram o ser humano, através de uma abordagem criativa, a valorizar as sensações, as emoções e uma atenção plena, para alcançarmos o bem-estar nas diferentes áreas da nossa vida.

Há ainda as perspectivas Biológicas e  multi culturais. É importante conhecer as diferentes correntes de pensamento, seus pressupostos e o que há de relevante a ser considerado.

Hans Eysenck, psicólogo nascido na Alemanha, mas que viveu na Grã-Bretanha foi  importante por seus trabalhos sobre inteligência e personalidade, e publicou o Questionário de Personalidade. Falava das 3 dimensões da personalidade, e a importância de identificarmos as características dominantes para podermos trabalhar e desenvolver o que nos falta.

1- Extroversão- Introversão

2- Estabilidade- Neuroticismo

3- Psicoticismo                        


 O comportamento neurótico tem origem em emoções não controladas. Não é uma doença mental, e é passível de mudança desde que descobertos os gatilhos e forma de lidar com os mesmos.  

 Você consegue distinguir em que escala você geralmente se enquadra?  Triângulo direito, esquerdo, alto, baixo? O que é preponderante? Podemos ser introvertidos em algumas situações/ extrovertidos em outras, estáveis, neuróticos, etc.? Mas qual é nossa  tendência usual? No passado, qual era sua categoria de personalidade? O que mudou? O que você acredita que poderia/ deveria melhorar? Como sua categoria de personalidade lhe serve hoje? Como você poderia alterá-la? Qual seriam os passos?

Há algumas  pressuposições que precisam ser analisadas. Com quais você concorda, por que motivo, e quais  você discorda? Quais são os fundamentos para suas escolhas?

Escolha SIM, (concorda totalmente); NÃO (discorda); talvez, a cada suposição, abaixo, e justifique suas escolhas. Com quais você tende a concordar integralmente, quais em parte, e quais você discorda. Por que razão?

1. As pessoas são processadores de experiências e não vítimas de circunstâncias. Todos podem fazer escolhas quando estiverem prontos para tal.

2. As pessoas não são entidades quebradas que precisam ser consertadas. Precisam ser entendidas. Todos podem aprender a serem melhores comunicadores.

3. Se as pessoas aprendem formas não saudáveis de pensar, podem, também, rapidamente desaprender. Todos podem desenvolver uma mente movida a desenvolvimento.

4. Cada pessoa é unicamente responsável por seus pensamentos, sentimentos, ações e comportamento. A responsabilidade gera empoderamento.

5. Não podemos controlar os pensamentos que entram em nossa mente, mas podemos escolher como vamos agir. Estamos a poucos passos de uma nova forma de ver as coisas.

6. Todos têm a habilidade de escolher um novo conjunto de hábitos, pensamentos e comportamento. Qualquer um pode aprender se houver um real desejo e empenho.

7. O sentido de nossas comunicações são determinados por nós. Precisamos observar e medir o calibre de nossas interações.

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