domingo, 5 de fevereiro de 2023

Poemas 2022


                                                 GUERRA & PAZ
Bombas estourando
sonhos se esfacelando.
Multidões buscando abrigo,
destruição e caos se instalando
em mais uma guerra.
A paz será sempre uma utopia
se a cobiça prevalecer
e o desrespeito permanecer.
Paz entre irmãos, cidadãos,
paises, continentes
se desfaz, vira quimera
A guerra, como uma peste que se
propaga, apaga o bom e belo
espalhando a. praga do
desentendimento, trazendo o
horror do inferno, enterrando
sonhos, matando e deformando.
Que os homens possam buscar
entendimento, e conciliação.
Que o mundo veja a transformação
da ambição em pacificação.
CIDA GUIMARÃES 
25/02/22

                        EU TE AMO
       

                          DIA DA MULHER

                                             OUTONO

    DESTINO


  BUSCA DE RESPOSTAS

     SOMBRAS
                                        INSTABILIDADE
     


Vida e Morte
                                                           
  MÃE
                  
                 
                      DE  REPENTE!
    
      TUDO NEGRO
                            
                             PRECE
                                                          RENASCER
                                                  VIVENDO
     
        VIDA LOUCA
             
     LIÇÃO  DE VIDA

      GIRA, GIRA
                                           DESOLAÇÃO  X ILUMINAÇÃO 

     SURREAL
       
          ATÉ MAIS! 
E os dias vão passando,
e eu vou mergulhando,
Afundando, e emergindo
da dor de tua ausência.
Há que seguir, há que resistir,
e persistir, sem esmorecer.
Estás presente, em tudo, na tua forma de ser, tuas brincadeiras.  Converso contigo. É mórbido?
Não, és parte de mim, como sou de ti.
Troco ideias, pensamentos
Te escuto, sem formalidades.
Um dia, nos reencontraremos
no além, ou em outra vida.
Foi lindo o que vivemos.
Até mais, meu amor.

Cida Guimarães 
18/09/22

                 O  INDIZÍVEL 
                                          INCERTEZAS
                               
         LAOS
Laos, não o país,
que é lindo, montanhoso,
mas o cão que é fofo,
super carinhoso, e assim
como esta terra asiática,
é uma figurinha carismática.

Ficou como companhia
e fez sintonia com minha
necessidade de harmonia e fantasia de dias de
calmaria com lembranças de parceria
que nunca esqueceria.

Dócil, amoroso, obediente
com seu porte elegante
encanta e seduz,
pois transborda afeto e
reluz, com sua luz.

Cida Cuimarães
26/09/22

                      DESAFIOS
      MOMENTOS 
      CORAGEM
      UFA!

     O INUSITADO

      FLUXO
                                   METAMORFOSES

    QUIMERAS
          
   A VOZ DO SILÊNCIO 

    A FORÇA DA NATUREZA
    PARAR OU SEGUIR?                   
  
Adeus 2022
                              

                               










 








sábado, 4 de fevereiro de 2023

PRESENTE

PRESENTE:

"TODAY IS A GIFT CALLED  PRESENT"


Nem sempre lembramos que estar vivo é um presente, uma nova  oportunidade para crescer, aprender e fazer diferente.
Dia de jogar fora o velho,  as amarguras, os arrependimentos,  as dores e tristezas, e  olhar à vida com deslumbramento pelo inusitado, pelo surpreendente, com que sempre nos brinda.

O presente é  sempre uma dádiva. Muitas vezes, desperdiçamos  o hoje, vivendo em nosso piloto automático,  alienados e insensíveis à maravilha de cada momento, como único e precioso; ficamos vivendo o ontem,  ou tentando antecipar o amanhã,  e  acabamos não  vivendo  nada.  

Não  podemos reviver, refazer, ter de volta nenhum segundo, e tudo será,  sempre, diferente,  só  ficarão  lembranças, que precisamos, hoje, fazer o possível,  para que sejam lindas, e inesquecíveis.




Cida Guimarães
04/02/2023

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Vítimas ou Senhores de Si?


Quando achamos que somos vítimas de um mundo cruel, que tudo está desabando, precisamos olhar para o lado, e ver que há pessoas, com dramas muito maiores que os nossos, e muitas continuam a tocar suas vidas, sorrindo e brincando, apesar de suas  mazelas. Há outros que são os coitadinhos e insatisfeitos eternos; sempre infelizes, reclamando de tudo, sem olhar para o que têm, só para o que falta.

Não podemos ser vítimas das situações ou das pessoas. Tudo que nos acontece tem uma razão, passada ou futura, e há que ter consciência que toda ação desencadeia uma reação, e que é necessário olhar e analisar, com atenção, o que estamos ganhando ou perdendo, e o que podemos tirar de aprendizado, sem dramas.

Quando meu filho foi hospitalizado, e descobriram, que além do apêndice, razão primeira de sua internação, havia um tumor no intestino grosso, pensei meu Deus, mais isto? Que tristeza! É  demais, vou viver de novo a dor de ver um ser amado sofrendo? Novamente emergências, hospital?
Não vou aguentar!  Pensamentos egocêntricos porque foi meu filho o atingido, é dele o sofrimento maior, a dificuldade, e eu só preciso apoiar, ajudar. Não sou vítima de nada. Por que a autocomiseração? 
Mais tarde, conversando com os outros três pacientes do quarto de categoria SUS, pessoas sensíveis, e batalhadoras, descubro   histórias de dificuldades, lutas, e perdas.

Ir para uma cirurgia, em princípio, simples de apêndice, e ter um tumor extirpado, no intestino, sobre o qual ainda paira a incógnita, se é benigno ou maligno, caso de meu filho, é bem complicado, mas foi importante, essencial para um bom término.  Algo ruim, devastador foi extinto antes de se tornar uma preocupação. Já não existe mais, em seu organismo.  Uma etapa necessária foi vencida.  Agora é seguir em frente, com fé e dependendo do resultado, seguir as próximas etapas, com coragem.

Ouvir as histórias de vida difíceis, de muita luta dos demais três  pacientes do quarto 329 do excelente hospital Nossa Sra. da Conceição, em Tubarão, fez evoluir em mim o sentimento que ao nos vitimarmos não enxergamos a dor dos demais, esquecemos que, nesta vida, ninguém tem só alegrias; cada um de nós tem seu quinhão de sofrimento, e há que ver o lado positivo, o que ganhamos em aprendizado, dar graças a Deus, a cada dia, e seguir com coragem e fé, que vamos conseguir vencer nossas batalhas.

 Um dos companheiros de quarto levou 4 facadas do cunhado, sendo que uma perfurou o pulmão, quase atingindo o coração, algo horrível e difícil de entender; o outro, foi desviar de um cachorro, o carro capotou e ele fraturou três costelas, na cervical, sendo que o veículo foi perda total, e ele precisa do mesmo para seu trabalho; e o terceiro, ao perder o controle do carro, que tombou morro abaixo, deslocou o pescoço e várias   vértebras. A sorte foi que somente o paciente, motorista do carro, se machucou seriamente.  Sua filha e as netas saíram ilesas. Ele já não podia estar dirigindo, pois tinha problemas de saúde, que afetavam sua destreza ao volante, mas devido à  sua teimosia, colocou a vida dos seus em risco. Aprendeu uma lição dura.

Estas histórias, e outras, fazem reverberar o sentimento que não podemos  considerar-nos vencidos. Há que batalhar, e seguir, com coragem, ou seja, acreditando em nossa força interior, em nossos anjos protetores.
Não podemos ser vítimas de uma situação, sempre é possível ter controle sobre nossas escolhas/ ações, e sermos senhores de nós mesmos. Olhar os ganhos de cada situação, e quais foram as bênçãos. 
É necessário autocontrole, fé em nossa capacidade de resiliência, e ser consciente que tudo, sempre, passa. As alegrias, as dores; tudo é efêmero.  Precisamos viver cada momento, como único, sem nos considerar vítimas, mas agentes de mudança, interna/externa, em uma eterna busca por nosso crescimento pessoal.

 Sermos senhores de nós!

Cida Guimarães
04/01/2023

domingo, 11 de dezembro de 2022

Derradeira Homenagem!


No dia 07/12, exatos três  meses após  a passagem do meu amor, fomos  fazer  nossa última homenagem, lançando suas cinzas ao mar, no lugar que amava,  e que escolheu para viver comigo os melhores anos de nossas vidas, a praia de Garopaba.

Cinzas, isto  que resta de nossa matéria, após nossa partida, se optamos pela cremação, mas  garantidamente, no final, viramos  pó. 
Não imaginava que seria algo tão doloroso! Sempre me pareceu que engavetar uma pessoa era horrível. Ficar emparedado! Entretanto, não sei se sofremos ao ser cremados. Será que nossa alma sofre? 

 Dentro da urna,  em um saco plástico, quase 1 quilo de cinzas, quase pó. Se não acreditarmos que nossa alma é imortal, e que nossa jornada,  nesta terra de provas e expiações, tem o propósito de nos desenvolvermos, melhorarmos, como pessoas, então tudo é muito sem sentido. Tanta luta, tantas dores, sei  que intercaladas por  muitas alegrias e conquistas, mas sempre a impermanência de tudo, tanto das dores quanto das alegrias para no final não levarmos nada, virarmos pó.  Tudo é muito efêmero!

Tenho a consciência que meu amor não é aquele monte de cinzas, mas o pensamento de que foi isto que restou de sua parte material me dá um nó na garganta, uma emoção gigante, e é difícil esta nova despedida.

 Pegamos, eu o Seba ( neto) a Sol e a Nina (bisneta) um barquinho pequeno, com o Lúcio e o Gabriel (pescadores) e fomos até um barco maior. Todo um esquema de passar de um barco  para o outro, e rumamos em direção à Vigia. O mar meio encrespado, tornando nossa  jornada um tanto quanto arriscada, resolvemos não ir até o outro lado da Vigia, e  decidimos ancorar, e  lançar suas cinzas ao mar  quase chegando a virada para devolver seus restos à natureza, à liberdade. Eu e Sol após ter  lançado, punhado a punhado suas cinzas ao mar, jogamos flores, e fomos todos arrebatados pela tristeza, pela emoção de estar nos desfazendo de um restinho de um ser muito amado. Será que ele também presenciou esta despedida?

Na volta, muito emocionados, nem sequer nos abalamos quando após passarmos para o barco menor,  Lúcio aconselhava Gabriel, que remava, a parar, e esperar determinada onda passar, e depois seguir. Como na vida, não podemos ir contra a maré, há que observar, e seguir o fluxo, com cautela e escolhendo as rotas.

 Devíamos observar mais os animais e a natureza, que  nos dão lições preciosas. Tudo tem seu tempo e hora e há  que prestar muita atenção  no quê focamos, o quê realmente importa nesta vida para não nos  perdermos  de nós, e de nossa missão.

Até um dia amor.... no céu, no mar, no além, mas, com certeza, nossas almas irão voltar a se reencontrar. 



Cida Guimarães
 08/12/2022











sábado, 15 de outubro de 2022

Lições de Vida

2022, vem sendo um ano difícil, e acredito, não só para minha família, mas para nosso país, e para o mundo: guerras, conflitos, doenças, catástrofes; um ano de dolorosas perdas, e a cada uma, parece que revivemos a anterior, que se expande e nos engolfa.

Quando parece que estamos enxergando uma luz, que vai sair o sol, vem novo turbilhão, e arrasa tudo. Torrente incessante de lágrimas. Conforme o ditado, "A Terra é  um mar de lágrimas". Natural, considerando que vivemos em um mundo de penas e expiações, mas estes são lugares-comuns, distantes,  aos quais não nos prendemos até  que  a realidade nos atinja, e nos force a  encarar o que, então, vira verdadeiro  para nós.

Choramos, pelos que se vão,  mas também, por nós, pelo  que perdemos; choramos o fluxo incessante da vida, que vai mudando tudo, tirando tudo de lugar, arrasando nossas certezas, tirando nossos esteios, e nos jogando de cara para um futuro que se avizinha, a nossa finitude.  Sim, é  tão  difícil entender o paradoxo  de nossa existência!

Tanta luta, tanto esforço,  tantos desentendimentos, para quê? Não  vamos levar nada daqui, e logo seremos pó, e tudo  aquilo que, para nós,  era fundamental, vai ter deixado  de existir. E nós? Talvez, em alguns poucos corações,  permaneçamos como uma lembrança amada, em outros, esmaecida, senão esquecida.

O que vale a pena, então? Acredito  que os amores, os afetos reais, que permanecerão  aquecendo nossos corações; as experiências  vividas, e as lições  aprendidas.  Somos, hoje, pessoas distintas? Podemos olhar no retrovisor e estranhar atitudes, decisões, que  hoje, nos parecem pertencer a outra pessoa, a um ser que não  existe mais?

Se isto for real, terá  valido a pena o caminho percorrido porque teremos evoluído, e seremos versões melhores  de nós  mesmos. Não  acabadas, perfeitas,  mas melhores, e teremos que agradecer à  Vida, às  nossas perdas, e lições de Vida. Sim, hoje, no dia do Professor, e sendo um,  sei não haver  melhor mestre que a experiência  vivida. A teoria pode somente iluminar a prática,  e nunca o oposto. Precisamos sentir, nos apropriar da questão para então poder  entender  e, quem sabe, aprender, e depois ensinar para também aprender.

Cida Guimarães
15/10/22

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Celebrar? Não. Homenagear? Sim, com certeza.



Hoje, 04/10,  dia de nosso aniversário  de casamento.  Não há como não  lembrar e prestar  minha homenagem ao que vivemos e compartilhamos em nossos 28 anos de parceria.
Selamos, neste dia, no ano de  2007, uma  união  de, então, 13 anos.
 Nos conhecemos, e iniciamos nosso relacionamento em 13/08/94. Foram 28 anos de uma história  linda, de lutas, sonhos, dificuldades e conquistas.  Realizamos muitas coisas,  assim como superamos outras tantas.
É  lindo recordar! 
Algumas destas fotos mostram  flashes de momentos inesquecíveis. Tudo passa, se extingue , mas a fotografia  fica.

 
Emery Village foi um sonho realizado, em conjunto, impossível  sem meu amor, que idealizou, plantou, regou,  criou, consertou, pintou, cuidou, e amou cada um de seus cantinhos. 
Até mesmo o nome de minha mãe, Emery, foi sugestão  dele. Seu toque está  presente em tudo.
 Obrigada, meu amor, pelos anos que compartilhamos, pelo carinho, cuidado e amor.

 Saudades eternas!

Cida Guimarães
04/10/2022

"Nunca sabrás que tu alma viaja dulcemente refugiada en el fondo de mi corazón y que nada, ni el tiempo, ni la edad, ni otros amores, impedirá que hayas existido.
Los caminos que seguiste, hoy me señalan el mío, aunque jamás sabrás que te llevo conmigo, como una lámpara de oro para alumbrarme el camino, ni que tu voz aún traspasa mi alma. 
Suave antorcha tus rayos, dulce hoguera tu espíritu. Aún vives un poco porque yo te sobrevivo".

- Marguerite Yourcenar✒📚


domingo, 25 de setembro de 2022

Primavera Gelada !



E  a primavera iniciou com frio, e está  combinando com  minha alma, que está gelada,  A dor, e a tristeza  da perda de meu amor, meu companheiro, parceiro de vida, vestiram-me de uma camada fina de gelo, como se eu tivesse, de repente,  parado no tempo. Fico a reviver cenas, momentos passados juntos. 
Como lidar com esta perda tão definitiva?  

Escutamos  frases lindas sobre nossa finitude, sobre ser forte, cuidar de si, e que a vida segue. O desejo é de nos reconfortar, e, talvez, eu até dissesse para alguém o mesmo,  na mesma situação, mas  no momento da perda, não ajudam. Só o abraço e a presença bastam.  O único que queremos é parar o tempo, retroceder,  fazer a roda voltar, e ter novamente nosso amado conosco. Sentir o abraço gostoso, a palavra carinhosa, compartilhar momentos e ter novas experiências conjuntas. Precisamos do silêncio, de estar conosco e com nossas memórias, viver nosso luto até a dor  amainar, e conseguirmos revisitar lugares e pessoas que foram parte de nosso cotidiano.

É difícil o recomeço. Há que criar  uma rotina distinta,  novos hábitos, e ir, pouco a pouco,  se desvencilhando de coisas  que te remetem ao passado. Há que seguir. Estamos vivos, e ainda temos algo por construir, ou melhor, não terminamos nossa tarefa por aqui.

Ainda não sei o que quero ou espero dos dias que virão,  mas  vou  viver cada dia da melhor forma possível, resolvendo os pequenos e grandes problemas, na medida que forem surgindo, e buscando forças para seguir. Há que  prosseguir.

 Acredito que temos um tempo pré-determinado,  em nossa estada  aqui, e há que cumprir  nossa tarefa, que, se ainda estamos vivos, não foi ainda cumprida. Amo a vida por ela ser tão surpreendente. Nos joga literalmente no chão, mas depois nos brinda com o inesperado. É só estar desperto, observar a natureza, os pássaros, a vida acontecendo, e ver tudo de bom e  belo que nos circunda para vermos como  somos abençoados.



CidaGuimarães 

25/09/22


segunda-feira, 22 de agosto de 2022

A eternidade na finitude!


Tudo é  finito, e está em constante mudança, incluindo nossa opinião, que é  distinta quando somos nós, que estamos no centro de um  problema!
É  tão  fácil emitir pareceres, julgamentos,  quando se trata dos outros. Ficamos distantes, protegidos. Há  como que uma blindagem,  que evita o sentir, entrar no âmago da questão, e aí  julgamos, damos conselhos, somos os donos do saber.

Venho me questionando muito sobre algumas de minhas opiniões, já emitidas, sobre assuntos diversos, e controversos: doenças terminais, eutanásia, cuidadores, outros...
Venho mudando meu entendimento. É  bom mudar!
Sou favorável a sermos donos de nossas vidas, ter o direito de escolha, livre arbítrio, e absolutamente contra manter, artificialmente, uma pessoa desenganada,  através de tubos/ equipamentos. Sempre pedi ser agraciada com uma morte rápida, sem sofrimento. Temos que ser  muito abençoados para  ganhar este prêmio. Entretanto, quando vemos um ser amado sofrendo,  nestes momentos dolorosos, só queremos minimizar a dor, e fazer o possível, e até mesmo, o impossível para reter nosso ente querido por mais um tempo, por curto  que seja, entre nós. Queremos evitar a perda , que é muito dolorosa.

Lidamos muito mal com perdas;  estas, entretanto,  são nossas únicas certezas. Nada nem ninguém é permanente, sendo a impermanência, a única constante;  não  conseguimos lidar  com este fato, com a naturalidade que deveríamos;  o desespero de sermos impotentes face a finitude, nos joga no chão.
Que importa nesta hora nossos títulos, conhecimento, propriedades, dinheiro?
 Somos somente grãozinhos, prestes a se desintegrarem,  e só  o que fica são  os afetos que criamos, os corações  que tocamos.

Então,  se perdemos alguém muito jovem ou muito velho, se estava são ou doente, não  faz a menor diferença pois a dor é  gerada pelo amor e carinho compartilhado, a importância da pessoa em nossa vida,  a falta que nos fará, e tudo que já  não  mais será compartilhado.

A presença física, o cheiro, o toque, o carinho, a possibilidade de realizar sonhos já  imaginados, criar novas lembranças, compartilhar planos, brincadeiras, experiências  já não  serão  possíveis. Permanecerão somente as lembranças dos momentos  passados, tenham sido eles felizes,  tristes, bons ou ruins; não importa, pois serão  eternos em nossa  finitude.

Cida Guimarães
22/08/22


terça-feira, 31 de maio de 2022

Superstições

 
Não sou uma pessoa supersticiosa, mas acredito na força do pensamento,  e em minhas intuições. Estas  não têm,  geralmente,  a ver com crenças infundadas, como  a que diz que ver um  gato preto significa morte;  que dá  azar passar debaixo de uma escada  e uma série  de outras, que conforme a cultura, têm um significado distinto.

Meu pai não nos deixava varrer a casa a noite pois dizia que o dinheiro saia pela porta, e minha mãe  tinha a superstição que quando deixávamos cair talheres, vinham visitas em casa. Uma faca e/ou uma colher  era uma mulher, um garfo um homem.  Se caíssem os dois, viriam ambos. Isto, realmente aconteceu várias vezes. Coincidências? Talvez. Tudo sempre depende de onde colocamos nosso pensar, da importância que damos a determinados fatos. 

Para entrarmos em um templo chinês, você tem que dar três badaladas em um sino: para chamar Deus, avisando que você está chegando,  e pedir permissão para entrar. São  lindos os rituais. São  superstições? Acredito que podemos denominar crenças, que são seguidas,  há milênios.

No México,   a cerimônia  de casamento tem também uma série de rituais lindos, e no dia dos mortos levam comida e festejam a nova vida.

Me espantei  na China, com as noivas casando de vermelho porque é  a cor da paixão,  da sorte; com gatos acenando na porta para trazer  dinheiro, e os três chineses simbolizando as prioridades na vida: o primeiro, vermelho, é você ter  sorte; o segundo, o verde,  simbolizando  sabedoria,    e  o último a ser atingido é  o velho de cabelos brancos, a idade avançada.  Se só  tivermos sorte,  sem sabedoria,  não chegaremos à velhice. 

O que mais me espantou, e posso dizer ter sido, para mim, uma superstição  concretizada foi  um tailandês  me perguntando se eu era uma sexta feira. Fiquei bem  confusa: “Como assim?  por qué? O que tem a ver? “Nunca havia pensado, e nem sabia em que dia da semana  eu havia nascido  e se eu era/ sou uma sexta feira.   Só  depois fui pesquisar (Google,data de nascimento/calendário) 
e constatei que ele estava certo. Eu sou. Como descobriu? Minhas características são assim  tão  evidentes? 
Acreditam que o dia da semana em que nascemos infuencia nosso agir. A sexta é  regida  por Vênus, planeta do amor,  do social, da elegância. Muitos me veem assim.  Será? Nem sempre.

Os povos orientais são muito supersticiosos, e têm  mais rituais do que nós  ocidentais.
Eu acredito que damos força, e tendemos a tornar realidade tudo aquilo em que acreditamos, e nos  empenhamos em realizar, fazendo  com que nosso pensamento acabe afetando nossa realidade, e certas coisas, realmente, acabem  acontecendo.
 Rituais seguidos e tradições mantidas viram superstições.  Claro, vai depender de nosso agir. Se nada fizermos, nada vai ocorrer.


Cida Guimarães 
31/05/2022


domingo, 29 de maio de 2022

Minha Maior Lição

 


 


A vida  vem me dando várias lições. Nem sempre as aprendo, então,  às  vezes, ela se encarrega de me fazer viver situações similares, desafiantes, sucessivamente.  Acredito  que sou uma aluna  um tanto relapsa. Digo isto porque, invariavelmente, fico envolvida em problemas, que, no fundo, têm algo em comum, e já foram vividos, experienciados, de alguma forma.  Há  alguém  necessitando de ajuda,  e um dilema moral  e econômico a ser resolvido: o que devo ou não  fazer? O que é  positivo/ negativo? Posso/ devo me  omitir/ interferir? Como isto vai me afetar? Como lidar com a culpa se eu não agir ou se minha ação for equivocada?

Como todas as grandes crises envolvem sentimentos e situações complicadas, nosso senso ético, os conceitos  e preconceitos, com que fomos criados,  foi somente após muita reflexão, que  constatei que  todas as situações por mim vividas, envolviam decisões em que eu me debatia com meu ego. Minha razão e minha emoção gritavam  querendo coisas distintas. Sempre evitei o julgamento e procuro me colocar no lugar do outro para ver como eu agiria, mas meu ego, sempre interfere. Pensamos ser melhores, superiores. Cheguei , então, a conclusão   que o desafio era lidar comigo mesma, vencer minhas limitações. Ser humilde.  Este é o pré-requisito, a lição primordial, que irá dar  sustentação ao  resto.

 Humildade para reconhecer  minha impotência  frente à vida  e aos  demais. Ter consciência que só posso responder por mim, decidir, e enfrentar as consequências, de minhas ações, sejam elas quais forem, mas não tenho como impedir, ou definir os rumos da vida dos outros, por mais amor envolvido.  Preciso exercer a humildade de me saber finito, restrito e incapaz de alterar os percalços que a vida irá  nos fazer enfrentar. O único que posso dominar é o meu eu, reconhecer minhas limitações, e  usar meu livre arbítrio  para fazer as escolhas adequadas com coragem e determinação.

Ser humilde, entretanto,  envolve  muitos pequenos e grandes passos: ter consciência de meus pontos fortes e fracos, reconhecer minhas vulnerabilidades, erros, ser capaz de me despir de camadas de auto proteção,  egoísmo  e máscaras, e mostrar-me como realmente sou. Esta é a grande dificuldade e a lição maior que tenho que aprender- identificar meu eu real.

Quem sou eu ? Lá, no fundo, não identificado por muitos? O que quero da vida, qual meu objetivo,  o que desejo  deixar como  legado de vida?

Aprender a ser autêntico, expressando e evidenciando, aos demais, meu eu interior;  não ser  uma marionete manipulada; saber, com suavidade, colocar  uma linha divisória  entre o que é  bom para os outros, e o que é bom para min;  agir para  contemplar necessidades diversas, sem trair meus sentimentos, sem me violentar, e/ou  magoar os outros.

Tenho consciência que somos eternos aprendizes e que ainda vou ter que  retomar conceitos, refazer lições e revisitar minhas posições e atitudes para ver se estou realmente aprovada nesta lição. A lição de reconhecer meus limites, minhas possibilidades e que não sou melhor ou pior do que ninguém; só distinta, única, como são todos os demais.

 

Cida Guimarães

21/05/2022