quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Vítimas ou Senhores de Si?


Quando achamos que somos vítimas de um mundo cruel, que tudo está desabando, precisamos olhar para o lado, e ver que há pessoas, com dramas muito maiores que os nossos, e muitas continuam a tocar suas vidas, sorrindo e brincando, apesar de suas  mazelas. Há outros que são os coitadinhos e insatisfeitos eternos; sempre infelizes, reclamando de tudo, sem olhar para o que têm, só para o que falta.

Não podemos ser vítimas das situações ou das pessoas. Tudo que nos acontece tem uma razão, passada ou futura, e há que ter consciência que toda ação desencadeia uma reação, e que é necessário olhar e analisar, com atenção, o que estamos ganhando ou perdendo, e o que podemos tirar de aprendizado, sem dramas.

Quando meu filho foi hospitalizado, e descobriram, que além do apêndice, razão primeira de sua internação, havia um tumor no intestino grosso, pensei meu Deus, mais isto? Que tristeza! É  demais, vou viver de novo a dor de ver um ser amado sofrendo? Novamente emergências, hospital?
Não vou aguentar!  Pensamentos egocêntricos porque foi meu filho o atingido, é dele o sofrimento maior, a dificuldade, e eu só preciso apoiar, ajudar. Não sou vítima de nada. Por que a autocomiseração? 
Mais tarde, conversando com os outros três pacientes do quarto de categoria SUS, pessoas sensíveis, e batalhadoras, descubro   histórias de dificuldades, lutas, e perdas.

Ir para uma cirurgia, em princípio, simples de apêndice, e ter um tumor extirpado, no intestino, sobre o qual ainda paira a incógnita, se é benigno ou maligno, caso de meu filho, é bem complicado, mas foi importante, essencial para um bom término.  Algo ruim, devastador foi extinto antes de se tornar uma preocupação. Já não existe mais, em seu organismo.  Uma etapa necessária foi vencida.  Agora é seguir em frente, com fé e dependendo do resultado, seguir as próximas etapas, com coragem.

Ouvir as histórias de vida difíceis, de muita luta dos demais três  pacientes do quarto 329 do excelente hospital Nossa Sra. da Conceição, em Tubarão, fez evoluir em mim o sentimento que ao nos vitimarmos não enxergamos a dor dos demais, esquecemos que, nesta vida, ninguém tem só alegrias; cada um de nós tem seu quinhão de sofrimento, e há que ver o lado positivo, o que ganhamos em aprendizado, dar graças a Deus, a cada dia, e seguir com coragem e fé, que vamos conseguir vencer nossas batalhas.

 Um dos companheiros de quarto levou 4 facadas do cunhado, sendo que uma perfurou o pulmão, quase atingindo o coração, algo horrível e difícil de entender; o outro, foi desviar de um cachorro, o carro capotou e ele fraturou três costelas, na cervical, sendo que o veículo foi perda total, e ele precisa do mesmo para seu trabalho; e o terceiro, ao perder o controle do carro, que tombou morro abaixo, deslocou o pescoço e várias   vértebras. A sorte foi que somente o paciente, motorista do carro, se machucou seriamente.  Sua filha e as netas saíram ilesas. Ele já não podia estar dirigindo, pois tinha problemas de saúde, que afetavam sua destreza ao volante, mas devido à  sua teimosia, colocou a vida dos seus em risco. Aprendeu uma lição dura.

Estas histórias, e outras, fazem reverberar o sentimento que não podemos  considerar-nos vencidos. Há que batalhar, e seguir, com coragem, ou seja, acreditando em nossa força interior, em nossos anjos protetores.
Não podemos ser vítimas de uma situação, sempre é possível ter controle sobre nossas escolhas/ ações, e sermos senhores de nós mesmos. Olhar os ganhos de cada situação, e quais foram as bênçãos. 
É necessário autocontrole, fé em nossa capacidade de resiliência, e ser consciente que tudo, sempre, passa. As alegrias, as dores; tudo é efêmero.  Precisamos viver cada momento, como único, sem nos considerar vítimas, mas agentes de mudança, interna/externa, em uma eterna busca por nosso crescimento pessoal.

 Sermos senhores de nós!

Cida Guimarães
04/01/2023

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