É muito bom ser querido, amado, ouvir palavras doces, sendo elas verdadeiras, ou não. O ego agradece. Na realidade, queremos ser aceitos, entendidos, amados, e quando estas manifestações ocorrem, o sentimento é tão avassalador que leva a ignorar a validade, a realidade, a possibilidade ou não deste sentimento ser verdadeiro, ou possível. O que importa é o saber-se amado, querido, sem uma causa qualquer, mesmo sendo este amor impossível, inviável, por um número incalculável de razões. Aí reside o perigo. Precisamos aterrar, manter nossa sanidade, colocar a situação em perspectiva, analisando e usando a razão.
Será que a outra pessoa tem consciência do que, realmente, sente?
Ou está tão carente, tão deprimida, que projeta sentimentos em um ser distante, que se torna ainda mais apaixonante porquê é idealizado?
Nossos sonhos são, sempre, tão melhores que nossa realidade.
Como somos intrincados, não? Difícil entender à luz da racionalidade pois somos bastante irracionais, em nosso sentir, sendo impossível traduzir.
O que é o amor, na realidade? Nos estágios iniciais, é desejar o outro, precisar estar sempre perto, projetar fantasias? Querer no outro, o que falta em nós? Como traduzir este sentimento? Depois com o tempo, a convivência, e consequente conhecimento do outro são os detalhes, a delicadeza no trato, a forma de ser da pessoa, e como esta nos faz sentir, que vão fazer este amor florescer ou minguar.
Conseguimos, com o outro, ser nós mesmos, transparentes, rir, brincar, estar em paz? Quando as almas se tocam, se entendem, conversam entre si, esta paixão inicial vai virando um querer o bem do outro, uma necessidade de compartilhar sonhos, vida. Para mim isto é amor. O que é para você?
Como entender, então, por quê, alguém, a milhas de distância, em outro continente, sem nunca ter lhe visto, ouvido, tocado, sentido, diz que lhe ama, e que sempre amará? Não é desejo pois como pode haver química, sem contato? Será um "love scammer"? Quando após algumas breves interações, com total desencorajamento, invalidando a abordagem, e deixando claro que se for nesta direção será necessário bloquear, a pessoa permanece afirmando seu amor incondicional, ficando cego a todos os empecilhos: distância, idades dispares, culturas, idiomas, nível cultural, a situação fica muito intrigante. Incompreensível, não? Será espiritual, transcendental?
O que uma foto, uma ideia toca ou desperta no outro, que este precisa colocar para fora sentimentos que vem represando em si? Difícil e inexplicável!
É muito tocante o saber que alguém nos ama incondicionalmente. Há que respeitar, ser grato, não menosprezar, ou desqualificar se não houver desrespeito, abuso ou tentativa de extração de qualquer benefício próprio ou impróprio. Penso que há que dialogar, redirecionar, fazer entender, sem ser rude.
Última opção restringir/ bloquear.
Acredito que mesmo nesta era digital, em que tudo é possível, e nada muito confiável, não podemos perder nossa dimensão humana de respeito e consideração pelo sentimento dos demais. Precisamos de redes de proteção, sim, mas não podemos nos tornar insensíveis e absolutamente céticos.
Afinal, desta vida só vamos levar o amor que damos ou recebemos, e é o que realmente, importa, seja da forma que for. "Toda a forma de amor vale a pena."
Amor será sempre muito bem-vindo!
Cida Guimarães
11/03/24
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