segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Monstrinhos danosos




Ontem, dia 31/10, "Halloween",  havia  muitas crianças nas ruas, vestidas de fantasminhas, bruxas, nesta tradição de origem celta, celebrada, atualmente, também no Brasil. É uma das datas mais importantes, bonitas e divertidas no hemisfério norte.  Em meus 35 anos de professora, sempre ensinei e engajei meus alunos nas atividades. Ao aprender um idioma,  é necessário conhecer a cultura e tradição do país, cuja língua se estuda. 
Entretanto, quando esta tradição é importada e passa a fazer parte de nossa cultura, surgem as indagações: por que  uma cultura, tão rica, como a nossa não  celebra eventos importantes nacionais? Por que não saímos com uma lamparina, vestidos de saci pererê, história que é inspiradora, e ao invés disto,  copiamos e seguimos festas que não têm  nada  a ver com a nossa  história/ tradições?

 Copiar, querer ser igual a outro povo? Acreditamos serem,  eles,  melhores? Em um processo de associação  de ideias pensei em como alguns  sentimentos  são como  monstrinhos danosos, que se apossam de nós, em determinados momentos. 

Dois que considero perniciosos e muito semelhantes, de diferentes maneiras, são a INVEJA e o CIÚME.  Andam lado a lado. São monstros de olhos verdes.
Um quer o que o outro tem; o outro  teme perder o que pensa que tem. Ambos não tem consciência do que são e têm.
Invejamos no outro o que pensamos não ter em nós; temos ciúmes do que pensamos ser  nosso. Sentimentos que nos assolam em diferentes momentos  e deixam um sabor de fel.
São sentimentos  tristes, negativos, deploráveis, mas todos nós os sentimos em diferentes situações, e em diferentes graus. Como os combater? Como se livrar destas ervas daninhas?


É lugar-comum o ditado que  "a grama do vizinho sempre parece mais verde". Sempre pensamos que a vida dos outros é  melhor que a nossa. Copiamos costumes, trajes, queremos ser como os outros; dos quais, na maioria das vezes, sabemos pouco.  Só conhecemos a aparência, a fachada. Não vivemos suas lutas,  dores,  dificuldades, e julgamos baseados em uma visão limitada, distorcida da realidade: ‘flashes’,  fofocas, instantâneos.  Provavelmente, os outros também tem visões  distorcidas de nossa vida. Ninguém tem uma vida perfeita, de felicidade plena. Estamos em um mundo de penas e expiações e somos todos seres imperfeitos em busca de crescimento.



O ciúme  também altera nossa visão. Sentimos que fomos lesados; que perdemos algo que consideramos de nossa propriedade.  Tanto a inveja como o ciúme  são instintos que precisam ser reconhecidos em nós, trabalhados, domados  para não transferirmos o que sentimos para o outro. Somente a busca incessante de autoconhecimento e auto gerenciamento nos leva a melhor lidar com estes sentimentos  negativos, instintos  básicos de sobrevivência,  da natureza humana.

No ciúme e na inveja o amor-próprio é altamente atingido. Enquanto na inveja há um sentimento de falta e um desejo de ter o que o outro tem; no ciúme há uma ameaça de perda e um desejo de reter.  Pensa no outro(a) como propriedade. Em ambos os casos, a agressividade e o ódio jogam um papel predominante na relação.

Atualmente, devido a grande exposição das pessoas nas mídias, há muita inveja e ciúme desgastando relacionamentos familiares, amigáveis, e profissionais. Muita dificuldade de valorizar, elogiar, vibrar com o sucesso do outro. São raros os que se posicionam em relação a assuntos controversos, com receio da opinião dos demais sobre si. Falta autenticidade, transparência, humildade e afetividade. 

Iremos, algum dia, extinguir estes monstrinhos danosos de nós, de nossa convivência, da sociedade? Acredito que não. Se estivermos atentos, vigilantes,  com eterno questionamento de nossas atitudes e posicionamentos, talvez, consigamos ir progredindo, dominando estes sentimentos, e auxiliando os demais neste processo de autoconhecimento e gerenciamento de emoções para que elas estejam a nosso serviço e não no controle de nossas vidas e ações. 

CidaGuimarães
31/10/2021

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