domingo, 3 de outubro de 2021

Verdade, Coerência e Autenticidade

O que é a  VERDADE? Há verdades únicas, eternas, ou cada  indivíduo tem  sua verdade, e ela é cambiável?

Somos sempre coerentes,  autênticos em nossas ações, falas, relacionamentos?



Perguntas difíceis de serem respondidas e, possivelmente, as respostas serão  as mais variadas possíveis, dependendo da pessoa, seu momento de vida e  adequação à sua  verdade interior, origem,  valores,  princípios, meio cultural e educação.

Minha verdade será, sempre, pessoal, única e, talvez, para o outro  não faça o menor sentido. É individual e representa o universo de cada um.

 Para que um indivíduo  se torne um ser humano autêntico, a realidade tem que ser  seu norte. De acordo  com Santo Agostinho: “verdadeiro é aquilo que é".  Não usa máscaras,  não tenta ser outro para agradar ou se integrar.
É real, genuíno. 

Difícil, entretanto, se despir de proteções e se mostrar inteiro.  Leva-se uma vida para ir descartando, pouco a pouco, camadas e camadas de crenças limitantes.  Quando há consciência  delas,  do que me move na vida, e que está, lá, no fundo, em minhas entranhas,  guiando minhas escolhas, consigo atingir certa coerência e ser eu mesma, real, verdadeira. Preciso de muita meditação, autoconhecimento e auto-gerenciamento.  Para ser coerente, minhas ações e minha fala  precisam estar em harmonia, e validarem meus pensamentos e valores.

Frequentemente, quando  agimos por impulso, sem avaliar o peso  ou o  significado de nossas  palavras e ações, sem nos questionar  de sua correção, acabamos sendo inadequados, contrariando nosso eu real, sendo artificiais,  não  autênticos. Preciso ser fiel a quem sou, minha verdade, mas com consciência que esta é particular, única e possivelmente não válida para o outro.

Há,  usualmente,  muita disparidade entre  discurso e ação,  principalmente por parte de pessoas públicas, políticos, ou  quando  resolvemos dar conselhos, e ditar regras, que não seguimos fielmente. É difícil confiar quando observamos as divergências e iniquidades.


Vivemos em uma sociedade de aparências, de realidade virtual, e muita exposição. As verdades desaparecem, ocultas por camadas de falsidade.   Vendemos o que somos ou o que queremos que os outros pensem que somos? Difícil dizer porque nosso ego está sempre se interpondo e nos levando a acreditar na opção melhor, a que mais nos enaltece.

Fico por vezes triste e decepcionada com a falta de  verdade,  transparência, e honestidade nas relações.  São omissões, mentiras brancas, meias verdades, que acabam por minar nosso nível de confiança no outro.
Toda relação  depende de confiança, de entrega,  verdade e tolerância. Para nos aceitarem,  temos que saber ouvir com empatia, mesmo que a fala seja conflitante.

 Acredito que a hipocrisia,  as omissões/ mentiras ocorrem porque  o nível de tolerância do outro é desconhecido. Não  nos identificamos com seus valores e tememos o julgamento, a não  aceitação.

Somente as crianças e os loucos conseguem ousar e  se expor, sem receio, sem pudor. Hoje, não me preocupo tanto com a avaliação, validação externa.  Resultado, talvez, de minha idade, que me permite ousar mais sem  medo da crítica, que já  não  me paralisa. 
Sempre seremos criticados e isto irá propiciar uma buscar por melhora contínua. Eu preciso ficar em paz comigo mesma. Meu questionamento e auto-avaliação têm  que ser rigorosos.

 Somente com muito trabalho será possível diminuir as possíveis falhas entre nossa verdade, coerência e autenticidade. 

Trabalho de uma vida!


Cida Guimarães 
03/10/2021

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