Mostrando postagens com marcador Reflexões Pessoais. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Reflexões Pessoais. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Fofocas !


Li, hoje,  no Instagram uma postagem da Xuxa, que me impressionou muito.  Ela fala  sobre as diferentes fases de sua vida, e como, sempre, foi vítima de fofocas, e juízos de valor, equivocados, a seu respeito. A cada fase, uma nova estória era criada. Foi rotulada de várias formas. É impressionante com que leviandade se brinca com a vida do outro, formando conceitos, e emitindo julgamentos; na, maioria das vezes, sem uma base confiável. Mesmo quando a fonte é segura, e a informação correta, como é possível emitir juízos de valor sobre as ações dos demais?  
Há pessoas que  falam como se fossem perfeitas, deuses para julgar o próximo. Você não precisa ser famoso para ser vítima de julgamentos. Estamos, todos, sempre, sendo observados, rotulados, e fazendo o mesmo com os demais. Lembro quando me separei e uma amiga me questionou:  "Nossa, eu acreditava que vocês eram um casal perfeito, super harmonioso." Tão longe da realidade!
Conseguimos os dois extremos. Olhar nas redes sociais, e mídia em geral, e julgar que a vida de determinada pessoa é perfeita, glamorosa,  invejar os feitos;  ou ir ao extremo oposto criticando, e invalidando qualquer ponto que possa ser positivo, e taxando a pessoa de uma determinada maneira. Só uma mente estreita não olha para as pessoas ou acontecimentos de diferentes pontos de vista.

É fácil comentar / observar, falar sobre os problemas alheios, e a vida dos outros. Fofocar é usual em diferentes rodas, e há sempre a do dia. Que danoso isto é! 
Em muitos casos, toma proporções absurdas, impactando a vida das pessoas de forma inimaginável. 
O que vemos nos outros, geralmente depende do que queremos ver. Raramente vemos as pessoas como elas são, mas mais como fomos condicionados  a ver. Quando dizemos o que vemos no outro, somente expomos nossa própria percepção e visão do mundo.
 Por que é tão fácil julgar o outro, condenar, sem saber sua história? Será que lá, bem, no fundo, não nos sentimos melhores do que somos ao diminuir o tamanho e estatura de alguém? Somos assim tão rápidos na identificação de nossos problemas, nossas deficiências?

Atualmente, com a radicalização de posições políticas, grupos antagônicos postam, diariamente ofensas verbais, onde personagens de nossa política são ridicularizados, ofendidos, desmoralizadosEsquecemos que somos seres humanos, falíveis, imperfeitos, passíveis de erros, e equívocos. Entretanto, o que preocupa mais, é a total falta de empatia, de compaixão. Para se dar bem, aparecer, conquistar seu eleitorado é necessário destruir, rebaixar  o outro.  
Seria maravilhoso assistir um debate 100% correto, onde os candidatos defendessem suas ideias, seus planos de ação, com respeito,  sem tentar  desmoralizar ou trazer os podres do outro à tona. Utopia? Espero que um dia consigamos atingir um nível mais elevado de discussão, e deixar os juízos de valor a quem de direito.
Deveríamos usar mais as 3 peneiras, de Sócrates.

Creio que se utilizarmos as peneiras criteriosamente, poderemos construir relações mais saudáveis, éticas e responsáveis e garantir com isto  uma sociedade melhor, e mais humana.




quinta-feira, 23 de julho de 2020

A roda do tempo te incomoda?

 

" Dizem que o tempo muda as coisas, mas é você quem tem de  mudá-las. "
   Andy Warhol

TEMPO,  estamos sempre pensando de alguma forma nele. É parte da nossa roda da vida! Se somos jovens, não temos tempo, mais velhos, tempo demais.
Tanto o cronológico quanto o físico, e o meteorológico estão sempre presentes, em nossos pensamentos e  ações cotidianas.
Atualmente, estamos querendo virar, logo, esta página surreal de nossa história. Há tanta preocupação, ansiedade, restrições, e até mesmo medo, deste vírus desconhecido, e suas consequências, que para muitos, tem sido de dificuldades  extremas, doença,  escassez, e perdas sofridas. 
Todos,  por diferentes razões, queremos que o tempo passe, e a vacina esteja disponível para que  possamos, finalmente, voltar ao normal . 
Qual será o normal? O futuro dirá. Agora, penso eu, é tempo de refletir, de repensar nossa vida, ideias, atitudes, objetivos, e colocar tudo sob nova perspectiva.
O que mais ouvimos, hoje, é: "Vai passar". Sim, tudo passa, mas deve nos deixar lições. Será que teremos aproveitado esta parada forçada, ou terá sido tempo perdido?

Gosto de comparar as mudanças,  que ocorrem em nossas vidas com as climáticas: dias de mansidão, clima ameno, dias lindos;  seguidos de borrascas, vendavais, ciclones. Mar calmo, com praia larga, de azul translúcido;  dias de ressaca, com as ondas varrendo tudo, e com faixa inexistente de areia. 
Agora estamos vivendo dias de verão, calmos, ensolarados, quentes, e de paz. Uma paz, meio artificial. Estamos em ebulição! Em um  piscar de olhos, tudo muda, tudo fica distinto, e às vezes, de forma drástica, com muita destruição; outras mansamente, mas, nada, nunca fica igual. 





O mesmo acontece com nosso  físico e nosso psicológico. Permanente mudança. E temos que dar graças a Deus por este TEMPO, ser duplamente amigo e  inimigo.
É INIMIGO com nossa aparência física, que vai se deteriorando, gradativamente; rugas, manchas, perdas de saúde, vigor, e em alguns casos, de sanidade; entretanto, é  AMIGO  pois vamos também, tendo ganhos de entendimento, e nos tornando uma versão melhor de nós mesmos. Nossas tempestades interiores começam a ser mais tranquilas, menos devastadoras. O tempo nos faz esquecer as mágoas, frustrações, a ficar em paz.
 Nos mostra, por outro lado, que nossa jornada está por terminar, que o tempo está curto. Como, então, lidar com esta dualidade? Como com quase tudo o mais. Nada é somente bom ou somente mau. Há, sempre, que observar o que vem após o fato, suas consequências, para podermos ver o que ganhamos, e o que perdemos.

Quais nossas alternativas? Fazer o melhor que pudermos hoje, deixando que nosso presente construa nosso futuro, e se ele não chegar,  que possamos deixar um bom legado; um que seja de força,de amor, e de esperança.

Há músicas que nos marcam, e como  a do Lulú Santos "Como uma Onda", que já citei em outro post, a dos Paralamas do Sucesso, Tempo Perdido, também me encanta:                                                                                                            
 " Todo  dia quando acordo, não tenho mais o tempo que passou, mas temos todo o tempo do mundo.... "

Como você lida com o seu tempo? Te assusta a passagem do tempo? Ou anseias pelo futuro ? Compartilha tua visão. Quando temos diferentes perspectivas, conseguimos  enriquecer nosso  pensar, e, aos poucos, ganhamos agilidade emocional.
                                                                                                                       Cida
                                                                                                                    23/07/2020

sábado, 18 de julho de 2020

O que é compaixão ?

Qual a  importância de termos ou desenvolvermos compaixão? 

Qual seu papel em nossas vidas, em um mundo em que o egoísmo, a intolerância, a ganância, e as crises são múltiplas? Temos pandemia, corrupção, crise sanitária, política, econômica, social, e principalmente de valores. Precisamos desenvolver entendimento e compaixão.

Afinal, o que é compaixão?

    Conforme definição do Google é um substantivo feminino, e traduz o sentimento piedoso de simpatia para com a tragédia pessoal de outrem, sendo acompanhado do desejo de minorá-la. É a participação espiritual na infelicidade alheia, que suscita um impulso altruísta de ternura para com o sofredor,
 Se analisarmos a palavra, vem do latim COMPASSIO, que significa entender a dor de outra pessoa, e sentir dó de seu sofrimento. Esta compreensão leva ao desejo de ajudar, de partilhar o peso da dor. Tem muito a ver com a regra de ouro: "Faz a outrem o que gostaria que fizessem a ti."
  Todos nós gostaríamos de ser entendidos, amparados, amados. O anseio de todo ser humano é o de dar e receber amor, mas, frequentemente, adota comportamentos, que criam rejeição e abandono. Intencionalmente ? Creio que não.
 Hoje, em meio a esta pandemia de coronavírus, quando vemos tantas pessoas perdendo seus entes queridos, profissionais de saúde, correndo sérios riscos, milhares de pessoas, ao redor do mundo, com sérias dificuldades financeiras, emocionais, psíquicas, e físicas, o sentimento de compaixão deveria estar aflorado, e a solidariedade a tônica. Lamentavelmente,  não é a regra. Geralmente só é exercido quando a fatalidade  atinge alguém de nosso grupo, de nosso círculo familiar.  A morte está sendo banalizada, são números, estatísticas, que já não chocam , como deveriam.

Por coincidência, em meio a este cenário, que me tem levado a meditar e repensar uma série de coisas, assisto a um vídeo de uma professora, pesquisadora, PHD, americana Brené Brown, bastante tocante sobre a compaixão. Ela começa, sua fala,  com estas perguntas:

"Como posso reconhecer a dor do outro se não tiver primeiro empatia? Se não conseguir me colocar no lugar do outro? Usar a regra de ouro."

  
  Brown estabelece a diferença entre empatia e compaixão e diz que a empatia é uma técnica que pode ser ensinada e aprendida, sendo uma ferramenta para desenvolver a compaixão. Já a compaixão pressupõe uma humanidade compartilhada. 
  Refleti sobre esta visão, mas não consigo concordar integralmente. A meu  ver técnicas, são automatizadas, formais, frias, não tocam o  coração do outro, pois se usarmos só técnica nosso contato com o outro vai ser, sempre, superficial, não vamos estabelecer verdade, confiança, integração. É necessário ver com os olhos do outro, ter real interesse, falar de coração para coração, com sentimento.
 Precisamos  primeiro enxergar nossa escuridão, e que somente quando conseguimos ver a escuridão em nós (nossas falhas e buracos negros) aprendemos a entender e aceitar a escuridão dos demais, e ter compaixão. Aprendemos a ser gentis conosco, nos perdoar e, então, conseguimos perdoar e aceitar os demais. Esta diferenciação, sim. ressonou em mim pois creio que só entendemos, e podemos compartilhar algo, que já  experimentamos, que nos é familiar.


. A compaixão é gentil, é curiosa, sem suposições, desculpa incondicionalmente, está presente, é generosa, está ali, quer ver beleza no outro, não feiura, e também tem mistério pois podemos buscar Deus na face do outro.

Amo em Yoga, o Namastê  que é uma reverência ao outro. "Eu me curvo a você ". ou mais profundamente:  " A luz divina em  mim se curva à luz divina que existe dentro de você."

 Brown também menciona  a compaixão, como uma dádiva da meia idade. e diz: "Ter compaixão é você conhecer tão bem sua escuridão, que você  pode se sentar na escuridão, com  outros."

Lindo isto! É uma parte com a qual concordo 100%.Quando muito jovens, creio, não nos conhecemos bem, e somos alheios aos demais. Somos, meio, o centro do universo, e tudo gira ao redor de nossos interesses, e anseios. Estou meio generalizando, claro, a partir de mim.
 Eu olho para a  jovem que fui, e vejo uma pessoa muito distanciada, distinta do que sou hoje. Ao longo da vida, vamos tendo experiências fundamentais para nosso desenvolvimento. Gradativamente, conforme vamos envelhecendo, enfrentando e reconhecendo nossos buracos negros, começamos a aprender a identificar, e saber lidar com eles, e consequentemente, vamos nos tornando mais abertos, mais compassivos. Começamos a ver os outros, também , com olhos distintos. Olho, hoje, para as diferentes versões de mim, as diferentes etapas de meu desenvolvimento, e já consigo me reconciliar com minhas outras identidades, me tornando mais tolerante. Quando temos que olhar para  as nossas diferentes versões, as diferentes etapas de  nosso  desenvolvimento,  e integrar todas estas versões no que somos hoje,  nos  reconciliamos com nossas falhas, exercemos compaixão. Então, estamos mais prontos  a estender  este entendimento, aos outros.

A  compaixão é comprometimento, com busca de crescimento pessoal, sendo, também, uma prática espiritual, que demanda contato com nosso eu interior, compreensão das nossas limitações, e do ser humano, em geral. 
Na evolução da humanidade, compaixão sempre existiu  dentro do parentesco.  Natural,  faz parte de nosso genes, tentar ajudar nossos familiares, pessoas ligadas a nós, emocionalmente. Fazendo para o outro, estamos fazendo para nós mesmos. Mais tarde, foi estendido a pessoas próximas, e amigos. Entretanto, se o fato e/ou a situação acontece com alguém com quem não temos contato, o sentimento  tende a se diluir.

Em nossa sociedade moderna há muito pouca compaixão. Vivemos tão enredados em nossas histórias e dramas, que temos pouco ou quase nenhum espaço para o coletivo.
Para exercemos a verdadeira compaixão, temos que ser letrados emocionalmente, ou seja, ter conhecimento de nossos processos, aceitar,e compreender  que todos temos o direito de ser quem somos.
Quando exercemos compaixão, assumimos responsabilidade pelos nossos atos, pensamentos, e nos sentimos aptos a  dar espaço e respeitar o outro para ele ser quem é.
 A compaixão iguala, solidariza. Não é pena. Sinto que o que aconteceu com o outro pode acontecer comigo. É um sentimento de pertencimento, cria conexão. Já a piedade destrói a conexão porque inferioriza, e diminui o outro.
Uma sociedade compassiva busca a valorização dos indivíduos, respeitando suas  peculiaridades,  e  tenta agregar, construir pontes de conexão, minimizando pontos de atrito. É uma sociedade solidária, humana, guiada por amor, e convergências dentro das diferenças.



Sonho a ser buscado,. Não acredito que vá vivenciar, mas gostaria de imaginar meus filhos e netas  sendo movidos  e exercitando compaixão, em um mundo onde esta seja uma prática ensinada e praticada, por todos. Um mundo com mais amor e menos ódio.


 Eu saúdo o Deus que existe em você, Namastê!

terça-feira, 14 de julho de 2020

Gratidão !


Atualmente, esta palavra vem sendo usada de forma usual, banal até. Ao invés de dizermos  que somos gratos, muito obrigada, usa-se: GRATIDÃO! O que realmente significa gratidão? Sermos agradecidos pelo que temos, enquanto outros não o têm? Somos, de alguma forma, privilegiados?  Ou somos gratos, também pelo que não temos, pelas desgraças, das quais fomos poupados?

Qual sua visão ? Comente no final da página. Dê sua visão.

 Acredito que somos, a maioria de nós,  gratos por inúmeras coisas; há muitos, entretanto, que são ingratos.  Estes, nunca valorizam nada, não sabem corresponder ao carinho, ou as benesses recebidas; são eternamente infelizes, pelo que não têm, nem enxergam o que têm. Sempre consideram o copo vazio, e não olham por, um segundo, para aqueles que têm menos, ou nada, comparado a sua situação. Quero ser otimista, e crer que, estes, sejam a minoria, e que, a maior parte de nós, somos gratos por  estarmos vivos, com saúde, por termos uma família que nos acolhe, por termos  um emprego, dinheiro para  nos sustentar, e poder  pagar nossas contas; enfim, por todas estas coisas, que são parte de nossas vidas. 



 Parece sermão, coisa de igreja, mas se não tivermos este reconhecimento, e valorização de  tudo que temos de bom, seremos eternamente infelizes, julgando que tudo é direito nosso, "Taking things for granted". Adoro esta expressão, que é tão difícil de traduzir, fielmente. São aquelas bençãos, que temos, mas não nos damos conta, que  parecem ser de nosso direito, que  nos pertencem, e não valorizamos. O fato de estarmos vivos, de conseguir ver, ouvir, não ter uma paralisia, uma doença incapacitante, de termos uma cama para dormir, e tantas outras.  

Enfim, penso que gratidão é reconhecer que você  tem, bem mais do que pensa que tem; é ser grato, também, pelo que você não tem, ou seja, as  mazelas, e dificuldades, que outros  tantos têm que enfrentar.

 Se  nós pararmos a olhar,  e observar, com atenção, vamos nos dar conta que há centenas de coisas  para ser grato. Muitas vezes, nosso pensamento foca somente no que nos falta, e ficamos idealizando ganhar na loteria, comprar um carro novo, fazer aquela viagem sonhada,  comprar a casa dos sonhos, e várias outras necessidades, que consideramos como objetos de nossos sonhos, e da nossa felicidade. Lamentavelmente, esta felicidade se esfuma, quando conseguimos ter o objeto de nosso desejo; este, deixa de ter a importância, e dimensão que tinha, sendo logo substituído por outro, e continuamos na busca desenfreada para  ter mais, e mais. 
Devemos, então, parar de correr atrás de nossos  sonhos, ou de buscar realizar nossos anseios? Não, aí estaríamos mortos-vivos, mas estes desejos não podem ser motivo para não apreciarmos o que já temos, nos cegarem para  o quanto temos a mais, do que os outros, e nos impedirem  de apreciar e sermos felizes com nossas conquistas

 No momento em que, hoje, julho de 2020, já não podemos ter a liberdade que tínhamos, antes, de sair, de abraçar nossos queridos, de peregrinar pelo mundo, ainda assim, temos que olhar para a nossa situação individual, e ver o quê de positivo este novo modo de ser e agir, também nos trouxe, e, como de muitas maneiras, somos privilegiados. Nada, nunca, é só positivo ou negativo. Temos, sempre as duas faces da moeda. 

 Hoje, coincidentemente, ouvi uma meditação do Deepak Chopra, e complemento, este post, que escrevi ontem com o pensamento dele. De acordo com Chopra: " Expressar gratidão é a melhor forma de entrarmos em contato com nossa alma. Quando somos gratos, nosso ego sai do caminho, e nos capacita a experimentar um amor maior, mais compreensão, entendimento e valorização do que já temos. Quando somos genuinamente gratos pelo que temos em nossas vidas, atraímos mais abundância, como se disséssemos ao universo para nos dar mais do que já temos, A gratidão independe de pessoa, sexo, circunstância, ou experiência. Quando nos conectamos com este sentimento, esta alegria verdadeira, apreciamos o milagre de estarmos vivos, e de tudo mais que temos."

  A vida é linda. Muita gratidão sempre ! 

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Sabemos Viver?

 Sigo a Monja Coen, e esta semana, em sua palestra "Aprenda a Viver o Agora" ela fez uma interrogação curiosa: 
"Você já percebeu que não conseguimos nos livrar de nós mesmos?
 Fiquei pensando muito sobre esta pergunta, sobre como é difícil nos aturarmos; nossos problemas, nossas inseguranças, nossas atitudes. É difícil conviver com nosso eu,  de quem não conseguimos nos livrar.  Como humanos, que somos, temos inúmeras falhas, como o nome diz,  somos humanos, e, portanto mortais, falíveis. Para vivermos bem, temos que aprender a nos conhecer melhor,  aceitar, reconhecer nossas falhas, e buscar o aprimoramento contínuo, mas precisamos  nos amar, pois, temos que viver conosco mesmo. E só nos amando, vamos buscar melhorar o nosso ser.
 Por que, então, se nos sabemos falhos, é tão difícil, por vezes, aceitar as falhas e problemas dos que nos cercam? Por que julgamos, e apontamos o dedo, como se fossemos perfeitos? Talvez porquê saibamos, que,  muitas vezes, vemos nos outros, o que não queremos aceitar em nós, ou, talvez, porque carecemos de empatia, de compaixão e, sem entender  a razão, a história de vida,  e a visão do outro, nos achamos no direito de emitir julgamentos e /ou opinar sobre a vida do outro.

VIDA
A monja também falou de nossa atenção plena ao que estamos vivendo, e disse algo intrigante, que "o futuro está no presente". Fiquei pensando nesta frase e  sim, eu estou, hoje, no presente, criando meu futuro, portanto, ele depende do meu hoje. 
 Acredito que esquecemos desta verdade, e não plantamos legal, e depois queremos colher.  Temos que sair do automático, e ter atenção plena. Como? Separando alguns minutos por dia para meditar, focando no que queremos atingir, priorizando nossos objetivos, e tendo planejamento. Planejamos nossas tarefas de trabalho, como não planejar nossa vida?
 Veja posts, anteriores, relacionados a " Escolhas de Vida" e " Objetivos".



MORTE!
Mais lindo de sua palestra, entretanto, foi sua menção à  morte, que é parte da vida, e que aqueles que amamos, permanecem vivos em nós, e os lembramos em pequenas e grandes coisas. Sempre pensei assim, e o exemplo que ela deu, de sua mãe, que  sempre a acompanha, em diversas  situações; lembrando o que  sua mãe diria, também ocorre comigo. Lembro  muito o que meu pai, ou minha mãe, diriam em determinadas situações. Estão vivos em mim.
 Entretanto, para muitos,  a morte é encarada de forma trágica; é sinônimo de muita tristeza, desolação e desespero.  Até mesmo quando o ser que vem a falecer estava enfrentando muita dor,  uma doença degenerativa e penosa, os familiares  têm dificuldade em aceitar que a morte foi uma benção, uma libertação, e se lamentam ao invés de brindar à vida que a pessoa teve, o que ela construiu, o que ela deixou de legado e ensinamentos, as lembranças; se desesperam pela perda. Egoístas até na morte?

Vida e morte inseparáveis. Há que aproveitar e viver nosso hoje, com atenção plena e quem sabe deixar um legado de amor, fé e fortaleza.







 

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Você se arrisca?


Que mundo é este?




Pergunta que fica martelando minha cabeça, quando assisto os noticiários, com tanta morte, tantas aberrações, tanta tristeza!
 Tenho a sensação que é um mundo doente, carente de valores básicos, onde a busca por satisfação instantânea, o egocentrismo, e a indiferença estão adquirindo proporções preocupantes.
 Aliado a  tudo isto, ainda temos o aquecimento solar, as devastações da Amazônia, as queimadas, a corrupção, e a violência. Realmente, o mundo estava precisando de uma parada. Socorro! 
Será que vai  mudar quando conseguirmos sair do caos, que estamos vivendo? O que irá permear as relações no mundo, pós pandemia?  


Está tudo muito louco, não?

Que mundo é este? Quais são os valores hoje? Quais irão nortear a vida, no futuro?
Há valores, princípios que  são imutáveis, universais?  Alguns, creio, que independente da época, do país, cultura, raça e credo, sim, são universais, e deveriam ser permanentes, dando suporte a  todos os demais, mas, está tudo, sempre mudando tanto, que certezas, são poucas. 
Na minha visão:  honestidade, integridade, bondade, compaixão, solidariedade, respeito a mim mesma, e aos outros, deveriam ser valores fundamentais, e imutáveis.
Há, porém, inúmeros, que  variam conforme a cultura de determinado país, e outros, que vão mudando, conforme os tempos, e a mentalidade de uma determinada época,  cultura.

  Tanta coisa mudou, e está mudando. Lembro em criança de ouvir: "criança não tem opinião"; "o que    os outros vão pensar?" Hoje, creio, temos que ouvir os pequenos, que, em sua inocência, têm muita sabedoria, e a opinião dos outros não deveria influenciar nosso agir, e sim,  acionar nossa bússola interior, sinalizando se estamos agindo certo ou errado,
  Lembro-me de criança que certas roupas, cabelos, etc., só podiam ser usados após uma determinada idade, e também não eram adequados, depois de uma certa idade.  Por exemplo, queria muito ter usado meias-calças de ‘nylon’, no casamento de meu irmão, mas na época eu tinha 11 anos, e isto só  seria permitido para quando eu tivesse 15 anos, então tive que usar soquete mesmo.  Na época, aceitávamos, sem muita discussão, porque não era não. Tínhamos que esperar! 
O positivo, talvez, é que criávamos expectativas para chegar em determinada idade, quando  tal coisa seria adequada, permitida; o negativo, é que perdíamos de viver o momento, pensando quando poderíamos fazer o que estava em nossa imaginação.  Hoje em dia meninas pequenas já são vestidas como moças, se maquiam e pintam as unhas. Tudo começa mais cedo. Errado? Não sei, os tempos mudaram, e o experimentar que já existia quando eu brincava usando os saltos da mãe, já pode ser realizado, sem tantos obstáculos.
Quantas mais coisas mudaram nestas últimas décadas. Muitos tabus e preconceitos foram derrubados.
Virgindade? Hoje, as garotas já começam a transar ainda na adolescência, e os pais, e até mesmo a escola já fornecem as informações para evitar doenças e/ou uma gravidez indesejada.  Casávamos, a grande maioria, exceto, algumas, que na época eram consideradas "garotas fáceis", sem ter tido contatos íntimos, sem saber se haveria compatibilidade sexual. Quantos casamentos fracassados, e quantas desilusões já que o pensamento era muito distanciado da realidade. O amor romântico, o príncipe encantado, sem a experiência do convívio, das diferenças, e as demandas do convívio, que nunca é fácil.
Relacionamentos, que só eram vistos como certos e adequados,  se fossem heterossexuais, e quando o homem era o mais velho. Mulheres, após os 30, eram consideradas balzaquianas(ainda existe esta palavra?), e "solteirona", se ainda não tivesse se casado; casamentos deveriam ser indissolúveis, e a tarefa principal da mulher era ser uma boa dona de casa; a homossexualidade, racismo, enfim muitos preconceitos e ideias, que hoje, nos parecem muito absurdos, e que foram  instilados em nós, ao longo de nosso crescimento, e que, depois, tivemos que lentamente, e com muito esforço reavaliar e descartar.

 Se mudarmos de país, nos espanta, choca, algumas vezes vários costumes e tradições, que não conseguimos entender. Na Tailândia, as "Karen Long Neck",  são mulheres girafas, que  desde os seus 5 anos tiveram argolas sendo colocadas, em seus  pescoços (1 a cada ano). Este costume surgiu, primeiro de uma superstição(afugentava os tigres), depois  começaram a achar ficarem lindas, com longos pescoços; não podem mais retirar, senão o pescoço desaba. Os muçulmanos, que têm várias mulheres, que precisam viver escondidas, dentro de suas burcas,  silenciosas e obedientes, e há inúmeros mais...

                                                     Mulher girafa" Karen long neck"

Amadurecer na vida é conseguir se desvencilhar de ideologias, e crenças  limitantes, que nos subjugaram, quando mais jovens. Quando avaliamos, nossa vida, com olhos mais maduros, conseguimos identificar algumas crenças irracionais e prejudiciais, que guiaram muitas de nossas ações.
 Cada geração põe por terra algumas crenças enraizadas, e com o passar do tempo, novas vão surgindo.
 
É preciso agilidade emocional para fazer a transição, não ficar preso a conceitos e paradigmas que já não têm lugar hoje, e isto, em todas as áreas de nossa vida. Entretanto, temos que ter muito claro, quais são aqueles valores, e princípios dos quais não vamos abdicar, que independente das mudanças irão sempre dar suporte às nossas ações.

 Quanto mais tudo  vai mudar? Qual será o mundo depois da pandemia?  Que mundo será o de nossos  netos/ bisnetos? Que crenças, que temos hoje, já terão sido descartadas?

Bem difícil não? Sim, quais serão as mudanças que virão com as próximas gerações? Como estará o mundo?  O que você acha? Adoraria ouvir sua visão.
Se não quiser postar no blog, me envie por
 email:
 m.aparecidaguimaraes@hotmail.com


terça-feira, 7 de julho de 2020

A fragilidade da Vida

 Assisti a uma palestra incrível da Susan David (*nota no pé da página) sobre a  beleza e a fragilidade da vida, e a necessidade de desenvolvermos agilidade emocional.
Como muitas das informações que recebemos, logo pensamos: "Já sei isto", mas este saber inconsciente nos é de pouca valia pois tentamos esquecer este fato, nos iludindo, e agindo como se fossemos imortais. Precisamos trazer este saber ao nível consciente, vivendo cada momento, conscientes, que tudo em nossa vida é  efêmero. Fomos, a maioria, criados com uma ideia equivocada sobre a morte, encarando como o fim de tudo, e nossa reação às perdas é, geralmente, desesperada, às vezes, trágica.
Quando estive no México, no ano passado, fiquei encantada com a cultura do país, e como encaram, de  forma tão distinta, a morte. 


As bonecas Catrinas são esqueletos de mulheres, usando chapéus, como distintivo da alta sociedade, do início do século XX, e representam a morte.  
São lindas, há algumas de porcelana, caríssimas, e outras de gesso, papel  machê, mais acessíveis. Conforme a cultura popular mexicana são a representação de  damas da sociedade, e nos fazem lembrar que as diferenças sociais não significam nada, diante da morte. Somos todos iguais. As Catrinas são figuras populares da Festa do Dia dos Mortos. Festa? Sim, no México este dia é festejado, e levam as comidas favoritas de seus falecidos entes queridos.
Me parece lindo que festejem a jornada de trabalho, dedicação, superação e conquistas dos seus  amados, que concluíram sua missão na terra, ao invés de lamentarem, já que todos nós iremos morrer um dia, nossa única certeza, e gostaríamos de ser lembrados pelo que conseguimos construir de bom. 

 A vida é inseparável da morte, é parte dela. Podemos estar mortos, ainda em vida, mortos-vivos, ou vivos após a morte. São verdades, que no âmago de nosso ser, temos ciência, mas que passam despercebidas no nosso viver. Tudo em nossa vida é efêmero:
 
vida x morte; saúde x doença; ganhar x perder; amor x ódio; trabalho x desemprego; riqueza x pobreza; ganhos e perdas.

Há muitas mortes em vida. De sonhos, perspectivas, esperanças. Tudo muda em um instante,  e podemos ir de um  extremo ao outro, em um piscar de olhos.

A ênfase no mundo atual, na mídia, nas redes sociais é a busca da satisfação dos sentidos, a felicidade, o pensar positivo. Seja feliz, Pense Positivo, como se a felicidade fosse algo permanente, e que pudesse ser apropriado. Esta busca incessante pelo que irá nos trazer felicidade, geralmente, vem acompanhada de muita  tristeza, e até mesmo depressão, pois sentimos que temos que esconder as frustrações, as perdas, a infelicidade. As conquistas são efêmeras, e logo se vai nosso sentido de felicidade. Criamos expectativas e objetivos irreais, que só nos levam a mais frustração e infelicidade, que tentamos disfarçar/encobrir. 
Como agora, nesta pandemia, quando a morte nos ronda de perto, somos obrigados a encarar nossa fragilidade, e vemos que somos mortais. É normal ter medo, mas precisamos olhar para dentro de nós, e encarar nossos buracos negros, com compaixão, aceitação, e buscando coragem e alternativas. Ou  tentamos ignorar, esconder a dor, ou nos afundamos nela, ou ficamos atolados,  e sem perspectivas.
Este período, também, tem testado nosso distanciamento social, que, é mais-que-tudo, um distanciamento físico. Podemos, ainda, estar em contato através de vídeo chamadas, áudios, virtualmente, mas sem o toque, o abraço, que tanto precisamos.
 Entretanto, há, muitas ocasiões, em que estamos rodeados  de familiares, conhecidos, e nos sentimos sós, isolados, não há o olhar amoroso, que nos enxerga.

 Na África, há um cumprimento, lindo "Sawubona" que quer dizer: "Eu te vejo, você é importante para mim, e eu te valorizo". Que bom se todas nossas interações pudessem ser assim!  Enxergando o outro, com  troca,  preocupação autêntica, com o  outro.

De acordo com a Dra. Susan, temos AGILIDADE EMOCIONAL, quando conseguimos abrir um espaço, definido por Viktor  Frankl (*nota abaixo), como espaço de escolha. Entre o estímulo(situação-gatilho)e nossa resposta (ação), podemos apertar o botão de pausa "PARE" (ver blog anterior) e refletir, olhar por diferentes perspectivas. Somente quando conseguimos abrir este  espaço de sentir,  reconhecer, e aceitar nossas emoções, lidando com elas,  com nossas dores,  perdas, com carinho, e aceitação, aprendendo  com o que pode ter havido de positivo/negativo na situação, desenvolvemos nossa agilidade emocional, conseguindo seguir. 
Para que isto ocorra, é necessário silêncio, meditação focada, Mindfulness( blog anterior) , ou como é denominada em português, Atenção Plena, para que possamos acessar nosso eu interior, nosso espaço de escolha, criando a pausa necessária para  lidar com a situação-crise, e fazer as escolhas necessárias, e poder, então, ir adiante.

                                                                                                                        
 Cida Guimarães


* Susan David, psicóloga e mestra da Universidade de Harvard, autora do livro       "Agilidade Emocional" 
* Viktor Frankl foi um neuropsiquiatra austríaco, fundador da Logoterapia e Análise existencial. Famoso por seu best-seller "Em Busca de Sentido", onde descreve sua experiência nos campos de concentração nazistas.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Mudanças !

Tudo muda o tempo todo....
                              


Hoje, aos 74 anos,  na 4a, ou  quem sabe, última fase de minha vida, e isto sem nenhuma morbidez, só uma constatação realista, posso dizer que já atravessei  inúmeras mudanças: de  aparência, de casa, de cidade, de trabalho, de estado civil,  de objetivos, de prioridades; enfim fui várias outras, e é como se já tivesse vivido, diferentes  vidas.
 Hoje,  posso dizer que lido bem com as mudanças. Acho que elas me fortalecem, me dão vigor, me  inspiram, e impulsionam a buscar alternativas, a ver tudo com olhos novos.
 Amo a música do Lulú  Santos , Como uma Onda. Foi brilhante ao escrever " Nada do que foi será do jeito que já foi um dia.... " e relacionar as mudanças, com as ondas que vêm e vão, às vezes calmas, às vezes rebentando tudo, com fúria.
 Sim, tudo está sempre mudando, e cada instante é único, precioso, pois não volta. Pena que nem sempre estamos presentes, com nossa atenção plena, para aproveitar e tirar tudo que pode nos dar e ensinar.
 Hoje, 06/07/ 2020, estamos ainda  vivendo esta Pandemia,  que já se estende por  4 meses. É tudo muito louco, surreal. Nunca imaginei vivenciar algo que parece saído de um filme de ficção científica. Mudou tudo, mudaram os costumes, mudaram as relações, os contatos. O outro, hoje, nos assusta, é uma ameça. 
 A vida voltará ao normal? Sim, mas diferente, não o normal de antes, pois nós já não seremos os mesmos. 
Espero que algumas lições sejam aprendidas, que possamos sair disto melhores, mais fortes, e capazes de fazer novas, e mais conscientes escolhas.

" Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências." Pablo Neruda

E vc, como lida com as mudanças? Como está sendo este período?